GATO & SAPATO - CAPÍTULO 14
criada e escrita por SINCERIDADE
CENA 01: MANSÃO TRAJANO/INT./DIA
INSTRUMENTAL: O FUROR DE LUCRÉCIA - ALEXANDRE DE FARIA
Ainda gritando e com os olhos arregalados, Noêmia sai do sótão às pressas, deixando Violinda imóvel. A empregada desce a escadinha e, assustada, vai até o quarto de Rúbia. Ela bate na porta impacientemente até a filha de Violeta atender. Ao abrir, Rúbia se depara com Noêmia ofegante e assustada.
RÚBIA: O que foi, empregadinha? Isso são modos de bater no meu quarto? (pausa) O que foi? Parece que correu uma maratona.
NOÊMIA (ofegante): Eu vi uma coisa assustadora, dona Rúbia. Eu vi com esses olhos que a terra há de comer! EU VI UM CLONE DA SUA MÃE!
RÚBIA (arqueando a sobrancelha, rindo): Oi? Ficou maluca, Noêmia? Aliás, maluca você já é, mas ultimamente o seu caso já é clínico. Vem cá, você já pensou em ir se tratar?
NOÊMIA: Não…
RÚBIA: Então comece a pensar!
NOÊMIA: Por favor, dona Rúbia, eu peço que a senhora me acompanhe até o sótão! Eu sei muito bem o que tô dizendo. Por favor, por favor.
Ela se ajoelha diante de Rúbia, implorando.
CENA 02: JANETE’S LANCHES/EXT./DIA
Na entrada da lanchonete, Alyra ergue a tesoura, enquanto todos batem palmas e gritam juntos.
CLIENTES: DISCURSO! DISCURSO! DISCURSO!
ALYRA: Ah, vocês querem discurso? Pode falar, tia.
JANETE (se aproxima, emocionada): Olha, eu nem sei por onde começar… primeiramente quero agradecer a presença de todos vocês. Sem meus velhos clientes essa lanchonete jamais seria o que é hoje. Também quero agradecer as minhas filhas, Tina, que sempre me ajudou aqui, desde a primeira inauguração, e a minha outra filha, Amélia, que nunca ajudou em nada, mas é minha filha, né… E claro, agradeço a minha sobrinha Alyra, pelo amor e carinho comigo. Sem ela, a reforma da Janete 's Lanches jamais teria acontecido.
CORTA PARA: OUTRO LADO DA RUA
Enquanto Janete corta a fita vermelha e os clientes começam a entrar, Violeta abre a porta do carro com decisão. Verinha e o primo a seguem, carregando a caixa que balança com força. Os três atravessam a rua, disfarçados do pé à cabeça.
VIOLETA (chegando na lanchonete, passando entre a multidão): Licença. Com licença, por favor, queridinha, preciso passar. (resmungando) Gorda ridícula.
O público abre caminho para os três. Janete interrompe seu discurso e, junto com Alyra, se atentam.
VIOLETA (se aproximando, engrossando a voz): Bom dia! Fiscalização surpresa de vigilância sanitária.
Todos se entreolham.
ALYRA: Fiscalização surpresa? Justo hoje que é a reinauguração da lanchonete? Pelo amor, né.
VIOLETA (olhando de cima a baixo, sarcástica): Saúde e higiene não tiram férias, querida.
VERINHA (segurando a caixa, animada, também mudando o tom de voz): Vamos verificar tudinho!
Janete, nervosa, tenta disfarçar.
JANETE: Mas a lanchonete acabou de ser reformada. Nem teve nem tempo de sujar nada.
VIOLETA: Pois é… e é justamente por isso que estamos aqui. Pra garantir que não há risco nenhum à população.
TINA (rindo, reparando nos trajes): Vocês são da vigilância sanitária ou vieram investigar um surto de peste negra?
A caixa treme ainda mais forte, soltando barulhos que chamam atenção dos clientes. Um deles cochicha.
CLIENTE (sussurrando): Que barulho estranho é esse?
Violeta percebe e disfarça com tosse.
VIOLETA (seca): São os equipamentos. Muito sensível.
Alyra estreita os olhos, desconfiada. A multidão começa a acompanhar, curiosa, enquanto os três “fiscais” entram na lanchonete com a caixa prestes a explodir. Violeta entra com a cabeça erguida. Verinha carrega a caixa que se agita, quase derrubando no chão. O primo ajuda, mas tropeça em uma cadeira, consequentemente encostando em Verinha, que quase derruba a caixa. Todos olham.
VIOLETA (forçando a voz): Nada de alardes, está tudo sob controle! (retira uma prancheta amassada de sua bolsa e começa a anotar): Hmm… piso muito limpo. Suspeito. Janela sem poeira… altamente suspeito.
ALYRA: Isso é ridículo!
Enquanto Violeta fala, a tampa da caixa se levanta discretamente. Dois ratinhos escapam e correm pelo balcão. Uma criança vê primeiro.
CRIANÇA (apontando): Olha mamãe! Um ratinho!
INSTRUMENTAL: CHARLESTON 1 BG - MU CARVALHO
Em segundos, o caos se instaura no local. Clientes gritam, pulam em mesas e cadeiras. Jonas derruba um copo de refrigerante em cima de Silas. Uma senhora joga a bolsa pro alto e acerta Verinha, que solta a caixa no meio do salão. A caixa se abre e uma avalanche de ratos se espalha pelo ambiente. Todos gritam. O garçom derruba uma bandeja de salgados em cima de uma cliente, que desmaia.
VERINHA (em pânico, tentando salvar o disfarce): Mantenham a calma, senhores! Mantenham a calma!
VIOLETA (furiosa, gritando): IDIOTAS! PEGUEM ELES, PEGUEM!
Verinha tenta agarrar um rato, mas ele sobe pela manga de sua roupa e aparece na gola. Ela grita desesperadamente, rodopiando e derrubando mesas.
VERINHA (desesperada): Tira, tira, tira! TIRA QUE EU VOU-
Aproveitando que Violeta está de costas, Tina a surpreende e agarra em seus cabelos com força, retirando seu disfarce.
TINA (gritando): Vigilância sanitária coisa nenhuma! É A VIOLETA! ISSO TUDO FAZ PARTE DE UM PLANO!
ALYRA (observando, se aproxima): Violeta?
VIOLETA (fingindo naturalidade): Eu?
Enquanto Violeta é desmascarada, Verinha e seu primo saem sem que ninguém os perceba, e logo em seguida, partem no carro de Violeta, que tenta a todo custo se soltar de Tina, mas falha miseravelmente, enquanto olha desesperada para Alyra.
ABERTURA AO SOM DE “BIXINHO (REMIX) - DUDA BEAT, LUX & TRÓIA”.
CENA 03: MANSÃO TRAJANO/INT./DIA
No sótão, a câmera mostra Noêmia acabando de entrar no local pela escada, seguida de Rúbia.
NOÊMIA (andando de um lado pro outro, querendo se fazer de forte): CADÊ VOCÊ, ASSOMBRAÇÃO? APARECE! CADÊ VOCÊ, HEIN? EU VOLTEI PORQUE EU NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ, PESTE! APARECE AGORA!
RÚBIA (suspira de descaso): Pelo amor de Deus, eu não acredito que tô perdendo meu tempo aqui, assistindo esse circo.
NOÊMIA: Calma aí. APARECE AGORA, ASSOMBRAÇÃO! TÔ AQUI TE ESPERANDO! APARECE! Eu juro pra senhora, dona Rúbia, eu vi! A coisa era idêntica a dona Violeta, mas a voz era outra. Parecia mais um robô do que ser humano... A senhora tem que acreditar em mim!
RÚBIA (debochando): Deve ser o espírito do papai querendo te assustar, Noêmia. (pausa) BUÚ!
Noêmia se assusta levemente, enquanto Rúbia volta rindo para o segundo andar.
CENA 04: JANETE'S LANCHES/INT./DIA
INSTRUMENTAL: SUSPENSE ETHEREO #3 - MU CARVALHO
ALYRA: Que bonito, hein, Violeta? Tentando acabar com a minha felicidade mais uma vez. Parabéns! Você conseguiu o que queria, destruir a reinauguração da lanchonete da minha tia.
VIOLETA (debochada): Felicidade? Você ainda tem coragem de chamar essa espelunca de felicidade, Alyra? Olha só o nível que você chegou…
ALYRA: Você é um ser tão desprezível, Violeta, uma mulher tão baixa, tão mesquinha, que a única riqueza que você tem mesmo é no dinheiro, porque de alma, você é podre!
VIOLETA: Lá vem o sermãozinho da protagonista…
ALYRA: Obrigada pelo elogio, porque eu me considero sim, uma protagonista. Depois de tudo o que eu passei, Violeta, no meu lugar, você iria pedir pra morrer.
VIOLETA: Me poupe dessas suas frasezinhas de superação… você não é nada, Alyra. É apenas uma pedra no meu sapato. Se você tivesse me deixado quieta aquele dia, eu poderia até ficar com pena de você… mas comigo é assim: bateu, levou!
ALYRA: Você vai pagar, Violeta. Vai pagar por cada rato que colocou nesse lugar. A sua hora vai chegar, e não vai demorar. Cobra!
VIOLETA (sarcástica): Ai que medo! (Ela começa a olhar ao redor, os olhares dos clientes sobre ela) QUE QUE É, HEIN? NUNCA VIRAM? VOCÊS SÃO UM BANDO DE POBRETÕES MESMO! É ISSO QUE VOCÊS SÃO! IMBECIS! E ESSE LUGARZINHO MEQUETREFE AQUI, EU TENHO CERTEZA QUE NÃO VAI DURAR! ESPELUNCA DOS INFERNOS!
Tina contorce seu rosto de raiva ao ouvir ofensas em relação a lanchonete da mãe, ela não mede esforços
INSTRUMENTAL: OVERTURE PAULA - RICARDO LEÃO
TINA (enfurecida): ESPELUNCA É A TUA MÃE!
Cega de raiva, a filha de Janete parte pra cima de Violeta com tudo, empurra a vilã, e em seguida, agarra em seus cabelos. As duas entram em uma luta corporal, até que Violeta, sem forças, cambaleia e cai sobre os pisos da lanchonete. Por cima, Tina desfere tapas contra seu rosto.
TINA: ISSO É PELA ALYRA! (tapa) ISSO É PELA LANCHONETE! (tapa) E ISSO É PELA MINHA MÃE! (tapa, dessa vez mais forte)
Silas e Jonas se aproximam e imediatamente conseguem tirar Tina de cima de Violeta, que levanta com a ajuda de Jonas e, sem forças, olha para todos com o rosto furioso.
JONAS (prestativo): Vem, perua, vem que eu te levo até a sua casa.
JANETE (observando): Mas esse Jonas não perde uma…
AMÉLIA MARIA (enquanto masca um chiclete): Ih, tá com ciúme, é?
ALYRA (indo atrás de Violeta): Pode esperar, Violeta, que a sua queda tá mais próxima do que nunca!
Violeta vira o pescoço e encara Alyra com desprezo, enquanto é levada por Jonas até o carro dele.
HORAS DEPOIS…
CENA 05: CASA DE JANETE/INT./DIA
A porta principal é aberta por Janete, que entra seguida por Alyra, Tina e Amélia Maria.
TINA (gritando): A sorte daquela víbora foi o Jonas e Silas terem apartado a briga, porque se não fosse isso, eu juro que acabava com a raça dela!
ALYRA: Violeta passou de todos os limites dessa vez. Hoje ela foi subterrânea!
JANETE (se senta no sofá, lamentando): Desse jeito a minha lanchonete não vai lucrar tão cedo. Infelizmente a gente vai ter que fechar de novo pra dedetização, e a vigilância vai ficar no nosso pé. Às vezes até penso em fechar o estabelecimento.
ALYRA: Calma, tia, desistir agora não é opção. Isso tudo é culpa minha… se eu não tivesse começado essa guerra ridícula com a Violeta, nada disso teria acontecido.
TINA: Tá louca, garota? A única culpada nessa história é aquela lá, eu hein. E ela não agiu sozinha, não. Será quem são aqueles dois que tavam com ela?
ALYRA: Tenho certeza que é a Rúbia e o Rafael. São os únicos que tem algum motivo pra fazer o que fizeram.
AMÉLIA: Mas essa mona aí não tá muito por cima não, sabe porquê? Porque todo mundo viu que foi ela quem causou isso tudo, principalmente o meu celular, que gravou segundo por segundo.
ALYRA: Tá falando sério, Amélia? Você gravou a Violeta sendo desmascarada? Isso é ótimo, já que as câmeras da lanchonete ainda não foram instaladas.
TINA: Mas vocês vão fazer o que com esse vídeo? Hoje em dia a tecnologia tá tão avançada que é capaz de duvidarem que é real.
AMÉLIA: Não vai ser só o vídeo que vai servir como prova, Tina. A essa hora todos os clientes que estavam na lanchonete já devem ter espalhado a fofoca por aí.
JANETE (apreensiva): Sei não… Vocês não conhecem a fera como eu conheço. Violeta sempre dá um jeito de virar a vítima da história. Se a gente não agir com sabedoria, quem acaba atrás das grades somos nós.
AMÉLIA (com um clique no celular): Pronto! Vídeo postado! Agora é só esperar a mágica acontecer.
De repente, alguém bate à porta. Tina vai até lá e ao abrir, se depara com Noêmia, com um bolo em sua mão direita e, na esquerda, uma caixa de docinhos.
ALYRA (surpresa): Noêmia?
NOÊMIA: O que aconteceu com a lanchonete? Fui até lá e a porta tá fechadíssima. Será que me atrasei tanto?
JANETE (levanta-se): A lanchonete tá fechada, Noêmia. E vai continuar assim por uns dias.
NOÊMIA (assustada): Como assim?
ALYRA: A víbora da Violeta agiu mais uma vez Noêmia.
NOÊMIA: Oxi… o que foi que a crocodila maldita fez dessa vez?
TINA: Aquela ridícula armou um circo e implantou uns trocentos ratos dentro da lanchonete.
NOÊMIA (arregala os olhos, incrédula): Jesus, Maria, José…
ALYRA (suspira, passando a mão no rosto): Foi um caos, Noêmia… ela entrou disfarçada na lanchonete com mais duas pessoas, se passando por agentes de vigilância sanitária.
JANETE: Daí pra frente foi só pra trás. Os ratos saíram daquela caixa e se espalharam pelo local todo. Os clientes começaram a gritar, correr pra fora…
TINA: É, mas eu não deixei barato! Peguei aquela perua pelos cabelos e dei uma surra bem dada.
NOÊMIA: Tu bateu na crocodila, é? Mulher… (ela ri) Não acredito que perdi essa cena. Mas ó, não desanimem não, viu? Eu tenho fé que vocês vão dar a volta por cima! Mas e agora, Alyra, o que eu faço com essas sobremesas que preparei?
AMÉLIA (se aproxima, tirando o bolo da mão de Noêmia): Manda pra cá, querida. Eu hein.
TINA (indo atrás de Amélia): Eu quero um pedaço, Amélia! Amélia! Volta aqui!
AMÉLIA (com a boca cheia): Se toca, quem chegou primeiro fui eu, então o bolo é meu!
JANETE: Se vocês não se importam, eu vou ali resolver essa situação. Tina e Amélia parecem duas criancinhas.
ALYRA: Claro, tia. Vai lá.
Janete se retira, indo atrás das filhas, enquanto Alyra e Noêmia ficam na sala.
ALYRA (rindo): Eu me divirto muito aqui nessa casa! (pausa) O que foi, Noêmia? Que cara é essa?
NOÊMIA (séria, encarando Alyra): Dona Alyra, eu preciso lhe falar uma coisa muito séria.
CENA 06: MANSÃO TRAJANO/EXT./DIA
INSTRUMENTAL: ODETE ROITMAN - EDUARDO QUEIROZ, GUILHERME RIOS
O carro de Jonas para em frente à mansão. Ele estaciona e, antes mesmo de desligar, Violeta já salta do veículo, ajeitando o cabelo bagunçado. A vilã está extremamente furiosa.
JONAS (irônico): Não vai nem me agradecer pela carona?
VIOLETA (vira-se, cortante): Agradecer?? Eu devia era cobrar indenização por danos morais! Além de dirigir como um jabuti, ainda fica debochando da minha cara.
JONAS: Pelo visto a madame tá cada vez mais encrencada, hein? Mas que burrice a sua… ter sido pega com a boca na botija.
VIOLETA: Olha aqui, seu imbecil, eu não vou ficar aqui batendo papo com gentinha, mas escuta só o que eu vou dizer: você vai avisar à Alyra que eu não esqueço, não perdoo e não sossego enquanto não acabar com ela. E digo mais… a cada subida dela, eu vou fazer a queda daquela sonsa ser bem maior.
JONAS: Porque tem esse ódio todo da menina? A Alyra pelo o que eu sei, é uma mulher de bem, trabalhadora… e ela só tá fazendo o trabalho dela, ajudando a tia na lanchonete.
VIOLETA: Me poupe!
Furiosa, a vilã dá as costas e segue em frente, enquanto Jonas balança a cabeça, inconformado.
CENA 07: MANSÃO TRAJANO/INT./DIA
O instrumental continua a tocar, enquanto a porta principal é escancarada com força. Violeta entra gritando e em seguida, joga um vaso contra a parede. Rúbia desce a escada rapidamente, preocupada.
RÚBIA: Mas o que é isso aqui? Você enlouqueceu?
CORTE.
Violeta se encontra sentada no sofá, enquanto Rúbia lhe serve um copo d'água.
RÚBIA: Que ideia maluca essa sua, hein? Ratos… não tinha outra coisa melhor pra planejar?
VIOLETA (pegando o copo d'água, séria): O pior de tudo isso é que só eu vou levar a culpa nisso tudo. Eu só tive a ideia dos ratos, mas os animais são do primo da Verinha. Idiotas. Levaram o meu carro e me deixaram sozinha naquela espelunca. Pra piorar, ainda levei uma surra da filha da Janete. QUE ÓDIO! EU TÔ COM ÓDIO DE TODOS ELES, RÚBIA! ALYRA, JANETE, VERINHA, ATÉ DOS RATOS!
RÚBIA (colocando a mão no ombro de Violeta): Calma, mãe… Respira fundo. Ainda dá pra consertar tudo isso.
VIOLETA: Consertar?! Rúbia, a minha reputação tá por um fio! A fofoca já deve ter se espalhado por aí e, mais dias ou menos dias, corre o risco da reputação da Bella Glamour ser destruída também! (pausa) Aquela corja quer me destruir, filha… eles não vão sossegar enquanto eu não cair.
RÚBIA: Mas o que é isso? Cadê aquela Violeta que entrou aqui quebrando tudo? Você tem que ser forte agora, mãe! E se vierem pra cima, você tem que devolver em dobro!
VIOLETA (se levanta): Preciso falar agora com aquela judas da Verinha!
A vilã vai até sua bolsa, abrindo-a e tirando seu celular de dentro dela. Ela então começa a discar, impacientemente. A cena corta para Verinha, que se encontra deitada em sua cama com uma expressão debochada, intercalando com Violeta.
VERINHA (tentando soar carinhosa): Alô? Chefinha… eu ia te ligar mais tarde, juro!
VIOLETA (explodindo): Não me chama de chefinha, sua cobra! Como é que você teve a cara de pau de me largar naquela lanchonete, sozinha, cercada por aquela gentalha, pra ser humilhada como uma qualquer? Quem você tá pensando que é?
VERINHA (trêmula, tentando se justificar): Eu… eu não tive culpa, Violeta! Foi tudo muito rápido, os ratos, o tumulto… eu e meu primo achamos que você já estivesse dentro do carro, quando…
VIOLETA (interrompe, espumando de ódio):
CONTA OUTRA! Você me expôs, me fez pagar o maior mico da minha vida! A minha reputação tá por um fio, e a culpa é toda sua!
Verinha respira fundo, simulando um choro.
VERINHA: Chefinha, me perdoa… eu sempre estive do seu lado nessa história… eu não sabia que isso pudesse tomar essa proporção. Eu faço o que a senhora quiser, só me perdoa, please.
VIOLETA: Não quero ouvir mais nada vindo de você. Jajá eu vou mandar o segurança ir até a sua casa para buscar meu carro. Sua incompetente!
VERINHA (fingindo desespero): Me perdoa, chefinha, me perdoa…
VIOLETA (retira o celular do ouvido e grita, quase encostando a boca na tela): TÁ DEMITIDA!
Ela desliga o telefone com força, tremendo de raiva. Verinha tem uma crise de riso. Na mansão, Rúbia se aproxima de Violeta, apreensiva.
RÚBIA (séria, firme): Tá vendo só a consequência de agir sempre por impulso? E eu ainda não entendo como a senhora achou que seria uma boa ideia confiar naquela Verinha.
VIOLETA (bufando, grita): ME DEIXA EM PAZ VOCÊ TAMBÉM!
Violeta sobe a escada apressadamente, enquanto Rúbia permanece imóvel na sala, séria e pensativa.
CENA 08: CASA DE JANETE/INT./DIA
ALYRA: E aí, Noêmia? O que é de tão importante que você precisa me falar?
NOÊMIA (fala baixo, olhando pros lados como se tivesse medo de ser ouvida): Patroinha, eu… eu vi uma coisa bizarra na mansão antes de vir pra cá.
ALYRA (preocupada): O quê?
NOÊMIA: Era a dona Violeta… mas não era ela!
Alyra franze a testa, intrigada.
ALYRA (se inclinando, curiosa): Como assim “não era ela”? Não tô te entendendo.
NOÊMIA: Era igualzinha a crocodila, mas os olhos, dona Alyra… os olhos eram de outro mundo. Não era ser humano, não! (pausa) É um clone! Tem um clone medonho da crocodila circulando por aí!
Alyra leva a mão à boca, surpresa. A câmera fecha em seu rosto, alterna rapidamente para Noêmia aflita, e volta novamente para a protagonista.
CONGELAMENTO EM ALYRA.
Encerramos o capítulo 13 ao som do instrumental “Ambição Infinita - Rafael Langoni, Nani Palmeira.”
%20(1).jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário