NA MIRA DA TAÍS - EPISÓDIO 1 - (23/12/25)

       


NA MIRA DA TAÍS

EPISÓDIO 1

UM PROGRAMA DE TAÍS GRIMALDI


INT. ESTÚDIO – NOITE

CORTA PARA IMAGENS RÁPIDAS: close nos olhos de Taís, salto atravessando o corredor, as unhas vermelhas batendo numa taça de champagne, flashes de paparazzi.

NARRADOR - (voz elegante, sofisticada, com ironia)Ela já começou braba nas novelas, ferina nas entrevistas e agora está ainda pior."

CORTA para Taís virando-se para a câmera, com um sorriso felino.

NARRADOR - No país da falsidade, ela mira certeiro. No mundo das máscaras, ela arranca a cola. E no reino do glamour, ela reina com salto agulha."

RITMO ACELERA. CORTES: Taís caminhando pelo estúdio como se fosse uma passarela; ela dá um tapa no papel da pauta, vira de costas com elegância; ri debochada para alguém fora de quadro.

NARRADOR - Prepare-se para perguntas afiadas, convidados corajosos e verdades que nem sempre combinam com o figurino.

(Taís entra no palco. A câmera acompanha de trás. Luzes acendem. A plateia vibra.)

NARRADOR - Com vocês, A mulher que não erra mira, porque não precisa.

A câmera faz um giro e revela Taís em close, lindíssima, provocante.

TAÍS - (direto para a lente, mordaz, sedutora): Boa noite e boa sorte pra quem sentar aqui."

ABERTURA

NA MIRA DA TAÍS

— Onde ninguém sai ileso.

A luz do palco foca em Taís, que desliza até a poltrona com um sorriso de quem sabe exatamente onde está cutucando. A plateia silencia na expectativa.

TAÍS - (com voz aveludada, irônica): E hoje, meu amor, a mira tá apontada pra uma mulher que escreve como quem comete crimes — mas sempre com estilo. Ela é a mente por trás de A Terceira Vértice, Teia da Sedução, e mais umas dez histórias que fizeram o Brasil inteiro dizer: ‘Meu Deus, mas quem é que aguenta tudo isso de trama orgânica?’

(Plateia ri. Taís dá uma risadinha venenosa.)

TAÍS - Ela é fina, é culta, tem mais viado nas histórias do que eu tenho na minha equipe de maquiagem — e olha que ali, meu bem, já é Carnaval fora de época.”

Plateia explode em risos.

TAÍS - (ajusta o microfone, cruza as pernas com classe) Com vocês, a diva da literatura contemporânea. A mulher que faz até triângulo amoroso parecer coisa de família tradicional brasileira. A única escritora que consegue transformar putaria, filosofia e xadrez emocional numa obra-prima (faz uma pausa dramática, levanta a sobrancelha) SUSU SAINT CLAIR!

A plateia aplaude. Susu entra glamourosa, rindo e abanando a mão. Taís dá dois beijinhos, mas com aquele olhar de quem já está se preparando pra atacar.

TAÍS - (cruza as pernas, ajeita o óculos enorme, segura a pauta como se fosse uma arma carregada de ironia) Susu Saint Clair, autora responsável por deixar meio Brasil viciado em tramas orgânicas, luxuriosas e, claro, povoadas por mais viados do que camarim de show pop. Bem-vinda, meu amor. Aqui no Na Mira da Taís, ninguém sai ilesa — mas você, pelo menos, já vem com experiência em matar personagem e ressuscitar desejo. Então me diz, você escreve caos por vocação, ou porque a vida real já te entediou há muito tempo?

SUSU SAINT CLAIR - Pelos dois motivos. Eu escrevo desde novinha, mas antes de começar a escrever, eu já inventava histórias na cabeça me inspirando em situações que vivia com meus amigos. Quando a gente brigava, ficava sem se falar, por exemplo, eu imaginava aquilo numa novela. Depois de parar de falar com minha melhor amiga, o que aconteceria? Como seria o desenrolar daquilo? Minhas histórias nascem de situações que eu vivi ou então situações que já presenciei com pessoas conhecidas. Eu me inspiro nisso, pelo menos. Tento imaginar como seria a minha situação ou daquele conhecido meu num contexto folhetinesco. Aí nasce a novela. Claro que vou criando em cima né... Vou inserindo ali a minha identidade própria. E no decorrer dos capítulos, a própria novela vai se construindo de maneira natural, é como se os próprios personagens me ajudassem a contar aquela história deles. Aí saem as reviravoltas, que na maioria das vezes nem estavam previstas.

TAÍS (inclina o corpo pra frente, tira devagar o óculos, olha como quem vai cometer um crime elegante) , agora eu preciso saber, Susu. Matar a vilã de Teia da Sedução com um dildo: aquilo ali tava no planejamento ou foi uma dessas reviravoltas espirituais que os personagens te sopraram no ouvido? Porque, sinceramente, minha filhaaquilo foi tão criativo que eu fiquei entre a gargalhada e o respeito.

SUSU SAINT CLAIR - A morte dela no final estava prevista, sim — e seria até um ‘quem matou?’, que era um plot que eu acabei descartando depois. Mas como ela morreria… eu só descobri quando estava escrevendo os capítulos da primeira semana.
A maioria dos ‘quem matou?’ acontece com faca, tiro… essas coisas básicas. E eu queria um assassinato diferente pra ela. Aí lembrei de uma fanfic que li no Wattpad, em que uma menina asmática morre fazendo um boquete — ‘morre com o pau na boca’. Aquilo me marcou.
Então veio a ideia do dildo. Inclusive, coloquei um diálogo bem sutil ali na primeira semana citando o tal dildo, pra no final tudo fazer sentido.

 

INÍCIO DO PRIMEIRO BLOCO – NA LATA DA TAÍS

Luz cai sobre Taís. Ela cruza as pernas devagar, ajeita a barra da saia, coloca o óculos como quem sela um pacto  e sorri com uma elegância que já anuncia perigo.

TAÍS -  (voz baixa, insinuante, afiada como uma navalha de cristal):Susu Saint Clair, respira fundo, meu amor. Porque agora começa o verdadeiro Na Mira da Taís. Você tá mesmo preparada — de verdade — pro que eu ainda vou te perguntar… e pro que eu ainda vou te fazer admitir?"

A plateia reage: “UH!” — misto de riso e tensão. Taís mantém o sorriso. Um sorriso que nunca significa coisa boa.

SUSU SAINT CLAIR – Pode mandar!

A câmera se aproxima. Taís ajusta os óculos com aquele gesto clássico à la Marília Gabriela, cruza as pernas devagar e apoia a pauta no joelho como quem vai iniciar um interrogatório gourmet.

TAÍS - Susu Saint Clair, você construiu uma muralha de sucessos na LacreTV.
Era prêmio, era novela viral, era fã-clube brigando no X como se fosse final de Copa — tudo seu, tudo funcionando. Aí, de repente: puf! Você abre as asas e voa pra Freedom.

Me conta, meu amor: isso foi sede de liberdade criativa, vontade de salário com mais zeros ou simplesmente cansaço de lidar com executivo que acha que entende de novela só porque já viu Vale Tudo no Globoplay? (Taís sorri, venenosa e elegante.) Vamos lá, Susu. Na Mira da Taís não tem zona de conforto, tem só zona de verdade.

SUSU SAINT CLAIR – Olha, eu amo minhas amigas da Lacre, me divirto horrores conversando no grupo e no blog, mas convenhamos que aquela emissora é um hospício. Povo tá tão acostumado com caos e bagunça, que quando tem qualquer problema, parece que é difícil ter algum senso prático pra resolver. Aí chega uma hora que você cansa né? Eu tenho a Freedom desde 2021, que eu criei na época com minha amiga Tedinha justamente pra ter mais liberdade e não quebrar minha cabeça, você acha mesmo que eu vou ficar me estressando? Eu saí da Lacre ano passado no auge daquela confusão envolvendo método de audiência e o capítulo apagado de Louco Acaso, e voltei porque você me convenceu, quando você assumiu cargo lá dentro, porque vi que tava tendo alguma mudança, organização. Mas aí tudo desandou de novo e no final das contas apagaram o capítulo da novela do Fred. Foi aí que eu percebi que nada tinha mudado e resolvi sair pela segunda vez e ir pra Freedom.

 

A câmera se aproxima. Taís ajusta os óculos com aquele gesto clássico à la Marília Gabriela, cruza as pernas devagar e apoia a pauta no joelho como quem vai iniciar um interrogatório gourmet.

Taís escuta a resposta toda de Susu com aquele sorriso de quem já imaginava metade e duvida da outra. Quando Susu termina, Taís tira os óculos devagar, como quem revela uma arma de sedução e ironia.)

TAÍS – Susu, você falando parece até um spin-off da própria Lacre:
entra, sai, volta, promete que vai mudar, mas no fim vira sempre a mesma novela — e com capítulos deletados, literalmente. (Ela inclina o corpo um pouco pra frente, venenosa.)Agora já que você escapou do hospício, abriu a porta da Freedom e correu sem olhar pra trás… me conta: o que vem aí? Qual é esse novo projeto que você está cozinhando — e que só poderia existir com essa liberdade toda que você tanto desejou? (Pausa dramática. Taís sorri com um canto da boca.) E mais, sendo muito sincera, nessa nova fase profissional, com casa própria, regra própria e zero capítulo apagado, você finalmente encontrou o que procurava? Ou ainda tá atrás daquele gostinho de caos bem administrado que só uma boa novela — ou uma boa briga de emissora — consegue dar?

SUSU SAINT CLAIR Então, atualmente eu estou planejando pra Freedom, a trama de Salto 69, que será minha próxima novela. Eu ainda não determinei quantos capítulos terá e nem vou me preocupar com isso também. A Freedom não tem limite de capítulos, nem audiência, não tô querendo me estressar, só ser uma folha de papel levada pelo vento. Também não digo que estou a procura do caos, porque eu sou o próprio caos, acho que sem isso não me divirto né, e eu escrevo justamente pra isso, me divertir, liberar meus demônios e fugir um pouco dos problemas. Terapia.

Taís escuta Susu, arregalando um pouco os olhos quando ela diz “sou o próprio caos”, e depois solta uma risada baixa, aquele riso de quem reconhece uma alma parecida.

TAÍS – Susu, você é uma delícia. Enquanto tem autora que escreve pra agradar o público, você escreve pra agradar seus demônios. Isso é tão Freedom, né?* Salto 69, caos literário, vento levando capítulos — isso é praticamente a autobiografia emocional de Susu Saint Clair.(Ela cruza as pernas devagar, pega a prancheta como se fosse um cetro, coloca os óculos com cerimônia e olha direto pra câmera.) Aliás já que estamos falando de caos, liberdade e demônios internos, acho que chegou a hora. (Vira-se para a plateia com aquele sorriso cínico característico.) Senhoras e senhores, começa agora o quadro que separa quem é sincero de quem é estrategista, quem fala a verdade de quem protege o próprio rabo.

QUADRO: VERDADE OU INTERESSE

(Vinheta imaginária, aplausos, Taís volta-se para Susu com olhos de predadora elegante.)

TAÍS - Funciona assim, Susu: eu faço a pergunta… e você decide se responde com a verdade… ou com o interesse. Mas lembra: eu te conheço. Se mentir, seu olho denuncia. E se tentar escapar pela tangente… eu puxo de volta. (Taís se inclina, maliciosa.) Susu Saint Clair, qual foi a maior treta de bastidor que você já viveu como autora…
e que até hoje você não contou inteira pra ninguém? (Ela sorri, venenosa.) Verdade ou interesse?

SUSU SAINT CLAIR Que eu me lembre, foi na época que eu estava escrevendo a reta final de Traída. A novela tinha uma proposta muito boa, elementos chamativos — qual outra novela tem personagens com nomes de países? Nenhuma né? — só que eu achava ela mal executada. A novela era toda errada e o autor não sabia ouvir o público. Aí ele desistiu no capítulo 30 e eu resolvi assumir, porque né, um absurdo... você acompanha a história de uma mulher que quer se vingar do marido, a pessoa espera dezenas de capítulos pra isso acontecer, aí a vilã faz ela ser presa, e o autor resolve parar de escrever?! A novela já tinha repercussão, mas na reta final ela explodiu. Aí ele veio com a conversa que o mérito disso era dele, pela primeira parte que ele escreveu. Sendo que a novela era um flop na primeira parte, tinha muita coisa errada, e eu entrei não só pra dar um final digno pra história, mas também pra consertar o estrago que tava aquilo. Aí, minha filha, foi uma sucessão de barracos no grupo da Lacre na época. Aí, minha filha, foi uma sucessão de barracos no grupo da Lacre na época, meu com o Lucas, que é o autor né, criador da novela, junto com o Paulinho que tava exibindo Louco Acaso na época, outras pessoas também se envolveram, deram pitaco, enfim. Foi um caos enorme.

Taís ouve a resposta inteira com aquela expressão de quem está degustando um vinho caro e um barraco melhor ainda. Ela apoia o queixo na mão, arqueia a sobrancelha e solta um “hm” quase lascivo.

TAÍS – Susu que novela Traída, minha filha. E não tô falando da trama não — tô falando desse autor que largou a história no meio igual homem que promete o mundo no primeiro encontro e some no segundo. (A plateia reage. Taís cruza as pernas devagar, sorri como onça antes do bote.)Agora, você descreveu o caos, o barraco, o mérito disputado, gente puxando tapete, egos batendo cabeça e eu não sou boba. Eu sei que no meio dessa bagunça toda sempre tem um nome que trava a mandíbula da gente só de ouvir. (Ela inclina a cabeça, quase carinhosa e totalmente venenosa.)Susu Saint Clair, tem alguém específico nesse mercado que você simplesmente não suporta? (Pausa dramática.) E, por favor, escolha com carinho se isso é verdade ou interesse. Porque agora eu quero nomes.

SUSU SAINT CLAIR Pior que não. Por incrível que pareça. Tenho uma boa relação com todo mundo, apesar de tudo.

 

Taís escuta a resposta da Susu com aquela cara de quem não acredita em paz mundial, mas aprecia a elegância da mentira bem contada. Ela ajeita o óculos no nariz — o gesto clássico — e fecha a pauta com um estalo suave.)

TAÍS - Então quer dizer que Susu Saint Clair é praticamente a Madre Teresa de Calcutá do folhetim? Porque olha, dizer que não tem bronca com ninguém nesse meio é quase declarar que nunca perdeu a paciência numa fila do banco. Mas eu respeito. Uma autora que vive no caos e ainda assim mantém a diplomacia… isso é uma raridade. (Ela dá um sorriso de canto venenoso, quase orgulhoso.)Mas já que você diz que se dá bem com todo mundo… vamos ver se você se dá bem comigo agora. (Taís bate levemente a ponta da caneta na mesa, com ritmo de sentença final.) Porque, minha filha, chegou a hora do nosso quadro: LUXO OU LIXO!"

A plateia vibra. Taís vira a página da pauta com um gesto teatral — seco, preciso, delicioso.

TAÍS - Eu trago a situação, você dá o veredito. Simples. Elegante. Impiedoso. Ou seja: a cara do Na Mira da Taís.

(Ela cruza as pernas com o mesmo charme de quem troca de capítulo.)

TAÍS - Susu Saint Clair, começando leve, tá?" (Mentira descarada no tom. Ela adora um golpe baixo.) A última obra das 18h da Lacre TV, Pobre Clara. Pra você, isso é luxo ou lixo?"

SUSU SAINT CLAIR - Lixo total. Essa novela foi um surto. A começar pelo título. E não entendi até hoje como esticaram tanto uma obra que tinha um fiapo de história. Ouvi dizer que a Larice foi quem mandou o autor esticar pra 53 capítulos. Eu tinha a teoria de que ela fumava diamba vencida, mas depois disso, pra mim não é mais uma teoria, é um fato.

TAÍS - (saboreando cada sílaba da resposta da Susu) Ah, eu amo quando você fala assim, com convicção, Susu… dá até vontade de abrir uma champanhe. ‘Diamba vencida’ foi forte. A Lacre que lute.

Ela dá aquela risadinha debochada, vira a pauta e encara Susu com olhos de predadora elegante.

TAÍS - Mas já que estamos no setor de bens de consumo duvidosos, vamos pra próxima, porque essa aqui… essa aqui mexeu com a fé do público.

Ela leva a mão ao peito, teatralmente.

TAÍS - Susu Saint Clair, “Internacionais” da Lacre. A grande promessa, o suposto épico global da emissora(Pausa dramática. Ela inclina levemente o corpo para frente.) ser a Brida da Lacre TV e não ter final. Luxo ou lixo?

A plateia prende a respiração. Taís sorri como quem joga sal em ferida aberta.

SUSU SAINT CLAIRE - Nem tenho como dizer, porque eu não li essa novela, querida, hahaha. Não acompanhei, infelizmente. Mas tô em choque que ela não teve final. 

TAÍS - (abre um sorriso venenoso, daqueles que já vêm com veneno embutido)Quer dizer então, Susu… que a Brida da Lacre não teve final, mas você teve: o final feliz de não perder seu tempo(A plateia ri. Taís apenas ergue os ombros com elegância cruel.) Amor, isso é o que eu chamo de privilégio narrativo."

Ela fecha a pauta, pousa o óculos na ponta do nariz — aquele gesto clássico de quem vai encerrar bloco com estilo.

TAÍS - Mas já que estamos falando de obras que valem — ou não valem — o nosso precioso tempo… me diga uma coisa, Susu Saint Clair: Nos últimos tempos qual foi o MAIOR LUXO que você leu? E qual foi o MAIOR LIXO? (Silêncio dramático. Taís sorri, felina.) Capricha, porque esse bloco merece fechar com fogo no parquinho.

SUSU SAINT CLAIRE - O maior luxo que li com certeza foi A Intrusa. Uma das melhores novelas da Lacre, inclusive, achei que teve poucos capítulos pra quantidade de plot que tinha. Tivemos também Linha Tênue e Let's Dance, ambas com uma trama simples, mas muito bem armadas. Louco Acaso não é original Lacre, mas foi exibida lá também né, e é uma delícia. Paixões e Legados e Os Fantoches são biscoito finos. Sobre o maior lixo, é pra citar só um mesmo? (Risos) Então, tem vários. Pra começar, a grande obra do nosso querido Emanu Dias, A Flor da Pele. Aquela minissérie Rebelde, podre. A série bíblica, que nem lembro o nome. A novela Linda Rosa, que era um surto. Um surto. Com direito a carro de hospício no final. E a nossa amada Pobre Clara, não poderia ficar de fora, né... a nossa grávida de Taubaté.

 

(Luzes um pouco mais baixas. Taís recoloca os óculos com solenidade, cruza as pernas e encara a câmera como quem anuncia uma execução simbólica — elegante, claro.)

TAÍS – Susu, todo mundo que senta nesse sofá passa por catarse, verdade, interesse, luxo, lixo, mas agora chegou a parte mais perigosa do programa.

(Ela vira lentamente para a convidada, sorriso afiado.)

TAÍS – Porque se aqui é Na Mira da Taís
eu preciso saber (Pausa. Olhar direto.) Quem está na MIRA de Susu Saint Clair?

(A plateia reage, curiosa.)

TAÍS (continua) - Pode ser uma pessoa. Pode ser uma emissora. Pode ser um comportamento, uma moda, um tipo de autor, um jeito de fazer novela (Ela se inclina levemente para frente.) Mas eu quero saber: quem — ou o quê — você está mirando agora e por quê?" (Taís fecha com um sorriso perigoso.) Sem diplomacia. Sem capítulo apagado. Sem final em aberto.

SUSU SAINT CLAIRE - Quem está na minha mira é a Larice, que é uma vagabunda ordinária, o Novelex, que é uma quenga preguiçosa e só por isso ganha um refri ao invés de caldo de cana com pastel como todo mundo, minha amiga Tonya, que é uma invejosa recalcada e não admite o grande amor que sente por mim (sou irresistível, eu sei), o resto do povo da Lacre que é um bando de prostitutas sem valor, a própria Lacre que é um bordel disfarçado de emissora de web, e aquela Glenda Paiva que nunca será Erika G. É isso.

(Silêncio absoluto por um segundo. Taís tira os óculos com a calma de quem acabou de assistir a um furacão passar pela sala. Ela respira, sorri — aquele sorriso perigoso — e bate a pauta de leve na mesa.)

TAÍS - Susu Saint Clair, isso não foi uma mira, foi um tiroteio narrativo em plano-sequência."

(A plateia explode em reação. Taís ergue a mão, pedindo controle — quem manda aqui é ela.)

TAÍS - Eu avisei, gente. Aqui ninguém sai ileso.
Quando uma autora diz que escreve pra liberar os demônios, é exatamente isso que acontece: eles ganham microfone, sofá confortável e luz bonita. (Ela se vira para Susu, agora com afeto ácido.)Susu, você pode até não procurar o caos, mas o caos claramente te procura, te segue e pede autógrafo. (Taís encara a câmera, firme.) E é por isso que Na Mira da Taís existe. Pra ouvir o que ninguém tem coragem de dizer, pra transformar bastidor em cena, e pra provar que, no fim das contas, a verdade sempre rende mais audiência que a diplomacia." (Ela coloca os óculos novamente.) Obrigada, Susu Saint Clair, por essa noite absolutamente terapêutica(Vira-se para a câmera, sorriso final.) Semana que vem tem mais veneno servido em taça de cristal. Isso foi Na Mira da Taís. Boa noite e cuidado — porque amanhã pode ser você.

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