Quatro por Um - Capítulo 10
uma novela de:
Jacques LeClair
Direção:
Allan Fiterman
Leonardo Nogueira
Elenco:
Letícia Colin como Anabel Royal
Marcello Melo Jr. como Rafael Royal
Renato Góes como Miguel Royal
Sheron Menezzes como Isabel Royal
Elenco em ordem alfabética
Ângela Vieira como Eleonora Bonfim Alcântara
Christiane Torloni como Selma Royal
Dan Stulbach como Celso Alcântara
Emílio Dantas como Jorge Passos
Felipe Bragança como Marcos Muniz de Albuquerque
Giovanna Cordeiro como Solange Alcântara
Herson Capri como César Barbosa
Lilia Cabral como Suely Muniz de Alcântara
Lucinha Lins como Eliete Royal
Marcos Palmeira como Higor Calmon
Maria Eduarda de Carvalho como Maria Carolina “ Carol " Muniz de Albuquerque
Mariana Sena como Luisa Silva
Mel Maia como Bianca Pinheiro Royal
Paulo Betti como Antônio Marcos Albuquerque
Paulo Lessa como Joel Bastos
Renan Monteiro como Rui Dantas
Ricardo Pereira como Dr. Bernardo França
Selton Mello como Sérgio Santos
Sophie Charlotte como Josie Pinheiro
Stella de Freitas como Norma Junqueira
Suely Franco como Vilma Celestino
Valentina Herszage como Helena Royal
Participações especiais
Cosme dos Santos como Amadeu Neves
Cristiane Pereira como Rita Anjos
Irene Ravache como Noelita Palmeira
Kadu Moliterno como Cassiano Dias
Jonathan Haagensen como Salles
Atriz convidada:
Cássia Kis como Carmen Royal
Ator convidado:
Luis Melo como Pedro Rabelo
No capítulo anterior…
Casa de Luísa/Tarde/Interna. Luisa está arrumando a casa, e ouve batidas na porta. Ela vai atender e recebe surpresa.
Luisa - Boa tarde, como posso ajudar?
Suely - Olá! O que eu tenho para dizer a você é algo importantíssimo.
Luisa - Quem é a senhora? Eu nunca te vi em lugar nenhum.
Suely - Você logo saberá. Posso entrar?
Luísa - Não costumo deixar estranhos entrarem em minha casa.
Suely - Pode ter certeza que não te farei nenhum mal, muito pelo contrário.
Luisa - Podemos falar aqui na porta mesmo. Eu não vejo problema quanto a isso.
Suely - Jovem, ninguém conversa com Suely Albuquerque do lado de fora de casa, e ainda por cima com porta fechada.
Luisa - Espera, espera. A senhora é a Suely Albuquerque? Dona da marca Albuquerque 's?
Suely - Exatamente.
Luisa - Então pode entrar, a senhora não é nada estranha para mim. (Elas entram na casa) Eu te acompanho direto nas minhas redes sociais. Inclusive, vai lançar agora a coleção de verão, não é mesmo? Eu estou ansiosíssima para poder comprar. Bom, só que agora eu estou desempregada… mas a propósito, como foi que você soube onde eu morava?
Suely - Eu tirarei todas as suas dúvidas… primeiramente eu vim aqui para pedir desculpas em nome de minha filha. Eu fiquei sabendo que ontem a minha filha fez algo ruim em relação a você…
Luisa - Então a senhora é mais daquela mocreia?
Suely - Mocreia?
Luisa - Eu não acho outra palavra para descrever aquela infeliz. A senhora sabe o que ela fez? Ela arrumou o maior barraco lá na barbearia onde eu trabalhava, e graças a ela eu perdi o meu emprego. Olha como eu estou aqui agora, sem um real no bolso. Amanhã a dona dessa casa vai me cobrar o aluguel, e com que dinheiro eu vou pegar?
Suely - Era sobre isso que eu queria falar. Bem, a minha filha fez aquilo com você, mas ela está completamente arrependida. Eu fui no emprego onde você trabalhou, e consegui o seu endereço. Eu vim em nome de minha filha para pedir desculpas a você pela grosseria com a qual ela agiu em relação a você.
Luisa - E porque não foi ela que veio aqui pedir desculpas? Esse negócio de pedir desculpas em nome dos outros não dá certo comigo não. Cadê que ela não veio aqui pedir ela mesma as desculpas?
Suely - Porque eu não vim apenas pedir desculpas a você. De fato, o que minha filha fez foi terrível, e eu reprovo totalmente, e ficar desempregada não é uma coisa boa. Você é uma jovem bonita, falante, carismática. É exatamente o que eu estou procurando.
Luisa - Procurando? Procurando para que?
Suely - Como para que? Não me diga que você ainda não entendeu.
Luisa - A senhora parece que fala por códigos. Fica difícil entender.
Suely - Eu serei mais clara. Eu gostaria de te convidar para ser a modelo da campanha da coleção de verão da minha marca.
Começa a tocar É Preciso Saber Viver - Titãs
Luisa - A senhora está falando sério?
Suely - Claro! Porque eu mentiria?
Luisa - Mas isso é sensacional! Sensacional mesmo! Caramba, que honra, isso é muita honra! Eu não sei como agradecer, dona Suely, eu realmente não sei.
Suely - Pode agradecer comparecendo amanhã em meu Studio. Eu quero muito que você seja a modelo de minha campanha, mas precisa de preparação. E eu providenciarei tudo, não se preocupe.
Luisa - Caramba, hoje é o dia mais feliz de minha vida.
Suely - Eu acredito. Bom, agora eu preciso ir. Eu vou deixar meu número e o endereço do Studio, e as informações necessárias. Compareça amanhã nesse endereço aqui às 9h da manhã, está bem? Estarei te aguardando.
Luisa - Claro, dona Suely, claro. Pode ter certeza que estarei lá nesse horário. Se quiser, eu até madrugo, viu?
Suely - Não precisa, não precisa. Comparecendo lá às 9h já é o suficiente. Olha, agora eu preciso ir, porque preciso resolver outras coisas, mas não esqueça de nosso compromisso.
Luisa - Não vou esquecer, pode deixar. Eu posso esquecer o meu nome, mas esse compromisso eu não esqueço.
Suely (risos) - Está bem, Luísa, está bem. Bom, eu preciso ir. Até amanhã.
Luisa - Até dona, Suely.
Suely sai, e Luísa começa a pular de alegria. Toca em cena o instrumental É preciso saber viver - Titãs. Ela comemora fervorosamente.
Continuação da cena entre Isabel e Helena:
Isabel - Me responda, Helena. O que você está fazendo aqui na Royal.
Helena - Calma mãe, eu vou explicar.
Isabel - Eu já sei de tudo, não precisa nem falar mais nada. (Helena fica apreensiva) Você veio me ver! (Helena se tranquiliza) Eu sei, filha, eu também estava com saudades de você, você não imagina quanto. E para comemorar, vamos tomar um sorvete.
Helena - Espera, mãe, eu não posso agora, eu tenho outro compromisso.
Isabel - Eu entendo seu constrangimento, mas veja, tudo já passou. Eu nem lembro mais do que aconteceu! Vamos, tem uma sorveteria aqui perto que é maravilhosa!
Isabel começa a levar Helena para fora.
Cena 02: Sala de Miguel/Fim de Tarde/interna. Miguel está organizando as coisas para ir embora, e Rafael aparece.
Rafael - Eae, mano, tudo certo contigo?
Miguel - Tudo … tudo bem aqui.
Rafael - Graças a Deus. Eu te vi hoje mais cabisbaixo, todo xoxo. Foi o quê que aconteceu?
Miguel - Nada, Rafael, não aconteceu nada demais.
Rafael - Homem quando fica assim, é por causa de mulher. Anda, conte de uma vez, quem foi que partiu o seu coração assim.
Miguel - Olha, Rafael, eu não acho que agora seja o melhor horário pra conversar, tá? Eu preciso ir.
Rafael - Calma, não precisa pressa. Eu sei que você está de carro, e nem vai sair agora a noite. Olha, como seu primo mais velho, não fica nervoso com essas coisas não. Tu é bonito, tenho certeza que tem um monte de gatinha atrás de você, e oportunidades não faltam.
Miguel - Se você soubesse o que realmente aconteceu, não estaria falando isso.
Rafael - Então fala, pô, eu estou aqui pra te ouvir. Você sabe que a gente está em competição, mas família é família, é isso eu não vou abrir mão.
Miguel - Você promete que não conta para ninguém?
Rafael - Pode confiar, pô.
Miguel - A Carol traiu minha confiança. Ela montou o maior barraco no trabalho de uma amiga minha, e ela foi demitida.
Rafael - De uma amiga sua? Tô sacando…
Miguel - Sacando o que? Não pense em besteira não, a Luísa era só minha amiga, viu.
Rafael - Pra mulher, homem e mulher não são amigos, cara, deixa de ser ingênuo. E tua noiva tá certa, homem não tem amizade com mulher não. Quando o cara se aproxima da mulher, é porque tem interesse.
Miguel - Sua mente toda poluída aí, isso sim. E sabe de uma? Eu já falei demais. Até amanhã.
Rafael - Até…
Cena 03: Sorveteria/Fim de Tarde/Interna - Isabel e Helena tomam sorvete
Isabel - Sabe, filha, eu estava pensando no que você me disse anteontem. Sobre morar lá na vila, sabe? Por um lado, você tem razão. Nas condições em que nós estamos vivendo, não podemos sim sair de lá e viver em um lugar melhor. Mas ao mesmo tempo, eu sinto falta das nossas amizades… você nasceu lá, foi criada lá, são muitos vínculos que eu não gostaria que fossem perdidos… você está prestando atenção, Helena?
Helena - Claro, mãe.
Isabel - Porque desde que você pediu esse sorvete, você está no celular. O sorvete está derretendo.
Helena - Eu já vou tomar, tenha paciência. (O telefone dela liga. É Cezar, que está querendo falar com ela. Ela se levanta, e vai ao banheiro)
Helena- Vou precisar ir ao banheiro.
Isabel - Mas é o sorvete?
Helena - Eu não demoro!
Ela entra no banheiro e atende.
Helena - O que é que você quer, Cezar?
Cezar - Você não acha que já não está muito atrasada não? Já era pra você estar aqui.
Helena - Mudança de planos, houve um imprevisto.
Cezar - E é só agora que você vai me dizer?
Helena - Marcamos outra para amanhã. Mas dessa vez, não nesse prédio.
Cezar - Podemos realizar em minha casa, eu não vejo problemas.
Helena - Agora deixa eu desligar, porque minha mãe está enchendo a minha paciência.
Cena 04: Casarão dos Albuquerque's/Noite/Interna - Suely chega em casa e Carol a aguarda.
Carol - Onde é que a senhora estava? Te procurei por toda a parte…
Suely - Eu estava resolvendo algumas coisas, inclusive, as suas besteiras.
Carol - Do que a senhora está falando?
Suely - Eu procurei aquela moça, a Luísa. Fui pedir desculpas a ela em seu nome.
Carol - Em meu nome? Mas eu não te dei o direito de fazer isso.
Suely - E eu não me arrependo de ter feito isso, sabe porque, Carol? Já passou da hora de você começar a agir com maturidade, de você começar a agir como uma mulher adulta. Minha filha, você já tem 30 anos, e se comporta como uma adolescente. Quando eu tinha 30 anos eu já era muito bem casada, já tinha você e seu irmão e já tinha uma profissão. Já você, Carol, com 30 anos, conquistou o que? Até o noivo que você tinha 53 largou. Quando é que você vai cair em si e perceber que já passou da hora de fazer alguma coisa? Eu fui até aquela moça, pra tentar resolver a barbaridade que você fez contra ela, e ainda tentar afastá-la do Miguel, porque apesar de tudo, eu vejo no Miguel um homem ideal para você. Mas sabe o que você provoca, Carol? Intrigas, discórdias, o que você fez não foi certo e até agora você não reconheceu isso.
Carol - Acabou o sermão?
Suely - Acabou. E o que eu espero que acabe também, seja essa sua maneira de fazer as coisas. Você tem mais oportunidades que muitas mulheres, Carol, oportunidades inclusive que eu nunca tive. E como você age? Dessa maneira? Carol, eu e seu pai não estaremos vivos para sempre, a maturidade precisa chegar na sua vida, urgentemente. Por mais que eu entenda o ciúmes, ciúmes não segura relacionamento, o que segura é confiança. E se você não confia no seu noivo, não há nada o que fazer.
Carol - Mas ele deu motivos!
Suely - Motivos de que, Carol? Você colocou um detetive atrás do Miguel, você foi até o local pra ver o que estava acontecendo e ainda brigou com a moça no local de trabalho, fazendo com que ela perdesse o emprego, quem está mais errada nessa história toda?
Carol - Eu não entendi o porquê você está defendendo ela? Viraram amiguinhas agora, foi?
Suely - Bem longe disso. Se tudo sair como eu planejei, o Miguel será todo seu. Mas ainda assim, eu não precisaria estar fazendo isso se você tivesse mais domínio próprio, confiança. Sabe de uma coisa, eu preciso dormir. Essa semana já começou cheia de problemas, isso sim.
Close em Carol ao som de um instrumental tenso
Carol - Aquela infeliz me paga. Isso não vai ficar assim.
Ao som de Pedacinhos - Guilherme Arantes, a imagem se quebra em quatro partes, congelando em Carol. Encerramento.

Nenhum comentário:
Postar um comentário