QUATRO POR UM | CAP. 25 (29/10/2025)

 Quatro por Um - Capítulo 25



uma novela de: 

Jacques LeClair


escrito por:

Jacques LeClair


Direção:

Allan Fiterman

Leonardo Nogueira


Elenco:

Letícia Colin como Anabel Royal

Marcello Melo Jr. como Rafael Royal

Renato Góes como Miguel Royal

Sheron Menezzes como Isabel Royal 


Elenco em ordem alfabética 

Ângela Vieira como Eleonora Bonfim Alcântara 

Christiane Torloni como Selma Royal

Dan Stulbach como Celso Alcântara 

Emílio Dantas como Jorge Passos 

Felipe Bragança como Marcos Muniz de Albuquerque 

Giovanna Cordeiro como Solange Alcântara 

Herson Capri como César Barbosa

Lilia Cabral como Suely Muniz de Alcântara 

Lucinha Lins como Eliete Royal

Marcos Palmeira como Higor Calmon

Maria Eduarda de Carvalho como Maria Carolina “ Carol " Muniz de Albuquerque 

Mariana Sena como Luisa Silva

Mel Maia como Bianca Pinheiro Royal

Paulo Betti como Antônio Marcos Albuquerque 

Paulo Lessa como Joel Bastos

Rayssa Bratilieri como Suelen Paz

Renan Monteiro como Rui Dantas

Ricardo Pereira como Dr. Bernardo França 

Selton Mello como Sérgio Santos

Sophie Charlotte como Josie Pinheiro 

Stella de Freitas como Norma Junqueira 

Suely Franco como Vilma Celestino

Valentina Herszage como Helena Royal 


Participações especiais

Cosme dos Santos como Amadeu Neves

Cristiane Pereira como Rita Anjos

Irene Ravache como Noelita Palmeira

Kadu Moliterno como Cassiano Dias

Kiko Mascarenhas como Robert Martins

Renata Sorrah como Eunice


LUISA: Robert, eu preciso pedir uma coisa pra você.


ROBERT: O que? Qualquer coisa que você quiser…


LUISA: Eu quero voltar para o Brasil.


ROBERT: O que? Você está maluca.


LUISA: É sério, o meu maior desejo é voltar logo pro Brasil. As pessoas que deixei lá, tudo, me dão muitas saudades.


ROBERT: Você só pode estar maluca, Luisa, sua carreira está voando e você quer voltar? Eu não entendo 


LUISA: Eu preciso ir ao Brasil, nem que seja a passeio. Mas eu preciso voltar.


ROBERT: Eu não sei que atitude tomar. Eu sou responsável por você. Se a dona Suely imaginar que eu afrouxei, eu perco não só a minha amizade como também o emprego.


LUISA: Não precisa se preocupar com isso. Só me deixa voltar!


Close em Robert. 


ROBERT: Está bem. Pegamos o vôo de amanhã.


Trilha: É preciso saber viver - Titãs.


Luisa comemora, abraçando a Robert, que não se mostra animado.


LUISA: Muito obrigada, Robert, muito obrigada! Você não imagina a alegria que você me deu. A oportunidade de voltar pro Brasil é fascinante. Rever minha terra, meus amigos! Se bem que nunca tive muitos amigos, apenas o… Miguel. Eu preciso ver o Miguel, sim! Você não imagina o quanto é bom rever essas pessoas… (ela olha para Robert, que não está contente) O que houve, Robert? Algum problema?


Trilha: Ainda te amo - Eduardo Queiroz.


ROBERT: E você ainda pergunta? Luisa, eu e a Suely te permitimos criar uma carreira na área de modelo em uma facilidade que ninguém teve. Facilitamos as coisas pra você, para ter uma carreira em quatro meses enquanto outros demoram anos para ter. Você está na Europa, na França melhor dizendo, recebendo um cachê altíssimo, com uma visibilidade que poucas já tiveram. E sabe o que você me diz? Que quer voltar. Voltar pra um lugar onde você havia sofrido todo tipo de situação. E pior, pra correr atrás desse tal de Miguel, que todo mundo sabe que vai além de uma amizade. E sabe o que é pior? Você não olha pra mim, pra alguém que te auxiliou para conseguir tudo isso e muito mais. Eu não fiz isso apenas por profissionalismo não, por mais profissional que eu seja. Mas também havia sentimento, carinho, afeto. Eu te amo, Luisa, e você nunca percebeu isso. Sempre agiu como se eu fosse apenas o seu braço direito, como se eu não pudesse ser algo a mais.


LUISA: Robert… mas eu não imaginei que…


ROBERT: Você não imaginou o que? Que tudo isso aqui foi combinado? Essa carreira foi totalmente montada? Tenha dó, Luisa, ou acha que a dona Suely te ofertou essa oportunidade por pena? Ela queria que você sumisse do país, ficasse o mais distante possível da filha dela e do ex dela, que provavelmente já estão juntos de novo …


LUISA: Mas do que você está falando?


ROBERT: Abra os olhos, Luisa, tudo isso não passou de uma armação. A Suely queria você fora da rota, distante do Miguel, porque o Miguel e a Carol se separaram por sua culpa. Você quer voltar pra um lugar onde você não é bem vinda? Ou imagina que a dona Suely te receberá de braços abertos? Pelo amor de Deus, Luisa, tenha santa paciência. Une apenas as pecinhas e monte este quebra cabeça… (pausa) me desculpa, me desculpa, não era pra ter dito isso…


LUISA: Não precisa se desculpar por nada… você só falou a verdade que eu não sabia. E imaginar que tudo isso não passou de uma ação contra mim. Construíram uma carreira, muito bem sucedida por sinal, pra me afastar, pra me distanciar. Eu estava sendo muito ingênua em acreditar que estavam fazendo isso pelo meu bem… minha carreira foi uma completa mentira.


ROBERT: Não foi, isso pode ter certeza que não foi. Sua carreira foi de vento em polpa. Apesar de tudo, você se tornou uma excelente profissional. Aprendeu em meses o que muitas mulheres levam anos para fazer. Você foi um acerto! Mas não significa que não foi também usada…


LUISA: Agora, mais do que nunca, eu quero voltar. 


ROBERT: Eu não acredito. Apesar de ouvir tudo isso você ainda quer voltar?


LUISA: Quero. E mais, já peço o encerramento deste contrato. Os quatro meses já estão se encerrando, e os desfiles acabaram. Eu consegui arrecadar uma poupança, que me dará uma vida confortável até conseguir outra coisa. Um grande benefício de recebe em euro. Mas eu quero voltar, voltar porque preciso mais do que nunca tirar essa situação a limpo.


ROBERT: Vou comprar as passagens. Mas não me envolva em nada disso. Eu só te contei porque você precisava saber.


LUISA: Fique em paz, Robert. Você quis abrir os meus olhos, e até agora eu não acredito no que eu ouvi… mas eu preciso tirar toda essa história a limpo. Não adianta eu estar vivendo toda essa mentira, Robert.


ROBERT: Eu vou providenciar as passagens. Mas saiba que não concordo com nada do que você disse.


Trilha: É Preciso Saber Viver - Titãs 


Close em Luísa (fase) imagens de um avião aterrissando no Rio de Janeiro, e em seguida corta pra Luísa e Robert andando pelo aeroporto com suas malas. Em seguida, pegam um táxi e vão em direção a residência.


Cena 02: Casa de Luísa - Manhã - Interna. Eles entram na casa, e vêem tudo coberto por panos, móveis empoeirados.


LUISA: Meu Deus, quando tempo eu fiquei distante daqui. Mas eu já estava com saudades da minha casinha. Do meu canto…


ROBERT: E sua carreira lá na França, sente saudades também?


LUISA: Você sabe que também, Robert. Mas vim por causas maiores. Deixa eu colocar minhas malas aqui e tomar um banho, porque tenho algo muito importante para fazer.


ROBERT: Mas o que você fará?


LUISA: Vou procurar o Miguel. Foi pra isso que voltei, pra procurar o Miguel!


Close em Robert, indignado. (Trilha: Chase 3 Moo)


Corte | Grupo Royal - Manhã 


Luísa chega no prédio do Grupo Royal e procura por Miguel, que logo aparece.


LUISA: Bom dia! O Miguel está?


RECEPCIONISTA: Bom dia. Um momento, pois ele está em reunião. Creio que já esteja acabando.


Em seguida, Miguel aparece no corredor falando ao telefone com Carol.


MIGUEL: Sim, Carol, eu já sei. Depois nos falamos, está bem?


LUISA: Miguel?


Miguel olha rapidamente. Toca então: Without You - Harry Nilsson. Há um close em Miguel, que fica boquiaberto com a chegada de Luisa.


MIGUEL: Luisa?







Continuação da Cena:


LUISA: Miguel, quanto tempo!


CAROL (off): Miguel? Com quem você está falando? Miguel?? Essa é a voz da (ele desliga)


MIGUEL: Luísa? Mas o que você está fazendo aqui?


LUISA: Vim te ver, oras. Depois de tanto tempo, eu vim te ver.


MIGUEL: Depois de tudo o que me disse, ainda vem me ver?


Trilha: Chase 3 Moo - Mu Carvalho 


LUISA: Do que eu disse? Mas o que eu disse?


MIGUEL: Não se faça de desentendida, Luisa. Você me destrata daquela forma e depois vem me procurar como se nada tivesse acontecido?


LUISA: Mas eu não sei do que você está falando…


MIGUEL: Fora daqui! E não me procure nunca mais!


(Clima tenso)


Cena 03: Casarão Albuquerque - Manhã - Interna. Carol desce as escadas e procura por Suely.


CAROL: Mãe, a senhora não vai acreditar nisso.


SUELY: O que, filha?


CAROL: Eu acho que o Miguel se encontrou com aquela infeliz de novo.


SUELY: Mas que infeliz, filha?


CAROL: Como qual? A Luísa 


Trilha: Rio Negro - Eduardo Queiroz 


SUELY: O que você disse? A Luísa voltou? Mas já se passaram quatro meses? Como você ficou sabendo disso?


CAROL: Eu ouvi a voz dela e o Miguel falando com ela enquanto estávamos em ligação. Eu tenho certeza que ali era a voz dela.


SUELY: Mas não pode ser… esse não foi o nosso acordo.


CAROL: Como se ela ligasse para acordo. Ela voltou pra se encontrar com o Miguel, isso sim.


SUELY: Eu não posso deixar isso acontecer. Preciso agir.


Cena 04: Sala da Presidência - Manhã - Interna. A recepcionista entra


RECEPCIONISTA: Dra. Helena, um rapaz por nome Marcos está lhe procurando. Deixo entrar?


HELENA: Pode deixar.


RECEPCIONISTA: Só uma pergunta. Porque essa porta está trancada?


HELENA: Não é de sua conta.


RECEPCIONISTA: Não está mais aqui quem falou…


Marcos entra.


MARCOS: Helena, finalmente consegui te encontrar. Você não estava no condomínio.


HELENA: Eu não moro mais lá.


MARCOS: E onde você está agora?


HELENA: Agora não podemos nos encontrar mais….Agora eu sou casada.


Marcos fica em silêncio e no final os dois riem.


MARCOS: Você só pode estar brincando.


HELENA: Infelizmente não. Como vocês dizem, eu coloquei as algemas. Mas eu não aguento mais isso, Marcos, eu não aguento. 


MARCOS: Vamos fugir, Helena. Precisamos fugir, nós dois, e desistir de tudo isso aqui. E construir uma nova vida.


HELENA: Você só pode estar brincando.


MARCOS: Pois saiba que não estou. Você topa?


Close em Helena: encerramento ao som de Puro Êxtase - Barão Vermelho.









O PREÇO DA VIDA - CAPÍTULO 05 (27/10/2025)

 


O PREÇO DA VIDA 


Criada e Escrita por: Luccas Sanza


Capítulo 05 


CENA 01. HOSPITAL PARTICULAR. CONSULTÓRIO. INT. DIA.


ODILA — (GÉLIDA, CHORANDO)


Doutor… isso pode ser um engano, né?Vocês podem ter confundido as pessoas, não podem? Por favor… me diz que foi um engano. Por favor!



MÉDICO — (SERENO, FIRME) Eu gostaria que fosse, Odila… Mas revisamos seus exames três vezes. Não há nenhuma dúvida. Cada resultado, cada dado… é cem por cento seu.


Silêncio. O tempo parece prender a respiração junto com ela.


ODILA — (EM COLAPSO CONTIDO) Isso não é possível… Não pode estar acontecendo comigo…


Ela se levanta bruscamente, cambaleando. O som dos saltos ecoa no chão frio, quebrando o silêncio.


ODILA — (PAUSA. UM SOPRO DE DESESPERO) Por quê?…


A voz falha. O rosto desaba, e de repente — ela explode:


ODILA — (GRITA, EM PRANTO) POR QUÊ?! QUE MERDA!


O grito rasga o ar. O eco toma conta da sala, reverberando pelas paredes brancas.


Ela respira ofegante, o peito subindo e descendo com força. A câmera se aproxima devagar, em close — o batom borrado, as lágrimas salgadas caindo sobre a pele pálida.


O médico observa em silêncio, respeitando o colapso. Odila encara o nada, como se tentasse encontrar uma fresta de realidade.


ODILA — (VOZ QUASE APAGADA) Eu dei tudo de mim pra vencer… E agora o que sobra? Um corpo que me trai?


Ela olha para o chão — e uma lágrima cai sobre os exames abertos na mesa.


A câmera foca na gota, se espalhando sobre o papel — o nome Odila Blond borrando levemente, como se o destino se desfizesse ali.


Corte para:


CONTINUÓ — HOSPITAL PARTICULAR. CORREDOR. INT. DIA.


A porta se abre devagar. Odila surge — o rosto banhado em lágrimas, o olhar perdido, sem foco.


A câmera acompanha em slow motion. Os saltos ecoam no piso branco — toc... toc... toc... — até que o som começa a se desfazer, engolido pelo silêncio.


Plano fechado no rosto: o rímel escorrido, a boca entreaberta, o peito subindo e descendo num ritmo descompassado. Ela para. Por um instante, parece não saber onde está. As mãos tremem, buscando algo no ar. Odila encosta-se à parede fria.


A textura lisa contrasta com a pele quente e trêmula. A câmera gira lentamente ao redor dela — o mundo perde o som, o corredor se alonga, como se o tempo tivesse se partido.


Plano detalhe: — As pontas dos dedos deslizando pela parede. — Uma lágrima isolada caindo do queixo e estourando no chão. — O peito arfando. — Um suspiro profundo, quase sufocado.


A luz branca da clínica reflete nas lágrimas como fragmentos de vidro. Odila fecha os olhos, respira fundo, tentando conter o corpo que insiste em desabar. Ela permanece ali — imóvel, vulnerável, sustentando-se na parede como quem se apoia na própria ruína.


Plano fechado. Close extremo no rosto — uma lágrima escorre lenta, atravessando a pele até desaparecer no canto dos lábios.


Corte para:


CENA 02. HOSPITAL PÚBLICO “UPA”. QUARTO. INT. DIA. 


Luz do dia entra pelo quarto, riscando o chão com listras douradas. Edna está deitada, respirando com dificuldade. Fabinho segura a mão dela, tentando passar força.


EDNA — (VOZ FRACA) Você veio mesmo… mesmo sabendo que podia estar em outro lugar… Mas veio. Isso já diz muito, Fabinho… mostra que ainda existe gente que se importa.


FABINHO — Dona Edna… eu não podia deixar de vir… o Júlio sempre fala da senhora… e eu… eu não ia conseguir não estar aqui.


EDNA — (RESPIRA FUNDO) Júlio… meu menino… ele vive se metendo em confusão… e eu… eu não consigo protegê-lo de tudo… Mas você… você pode. Pode ficar perto dele… quando ele vacilar…


Bip do Monitor: acelerando.


EDNA — Fabinho… me promete… cuida do Júlio… mesmo que eu não consiga…


O bip dispara estridente. Fabinho grita.


INSERT — LUGAR BRANCO / DIMENSÃO ENTRE VIDA E MORTE 


Plano aberto. Edna flutua em um espaço branco, silencioso, chão refletindo como água.


EDNA — (CONFUSA) Onde… eu estou?


VOZ MASCULINA — (PROFUNDA, CALMA) Você está no limiar, Edna… entre o que se despede e o que ainda precisa existir.


EDNA — Eu… meu coração… parou… eu morri?


VOZ MASCULINA — Não. Morreu apenas o medo que te prendia. Mas sua missão ainda não terminou. Há alguém que precisa de você… alguém que só você pode proteger.


EDNA — (SUSSURRA) Quem?


VOZ MASCULINA — Seu filho… o Júlio. Ele corre perigo… e nem imagina. Cada passo que ele dá fora de sua vista, cada decisão que ele toma… ele precisa de você.


Plano detalhe. lágrimas descem pelo rosto dela.


VOZ MASCULINA — Você sente que partiu, que tudo acabou… mas a vida não se despede assim. A vida… pede sua coragem, Edna. Ela pede que você volte.


EDNA — Mas… como? Eu… eu não sei se consigo…


VOZ MASCULINA — Você consegue. Porque amor de mãe… amor verdadeiro… é a única força capaz de atravessar o limite entre a morte e a vida. Você vai voltar… e quando voltar, será para proteger o que ainda precisa ser protegido.


PLANO MÉDIO: luz envolvendo Edna, suave, pulsando como batimentos.


VOZ MASCULINA — Salve o seu filho, Edna… faça-o voltar quando ele se perder. Segure-o quando ele vacilar. Diga o que ele precisa ouvir, mesmo antes que ele saiba. Faça ele acreditar que há sempre alguém cuidando dele… e esse alguém é você.


EDNA — (DETERMINADA, VOZ FIRME) Eu volto… eu não posso deixá-lo sozinho…


VOZ MASCULINA — Então vá… e lembre-se: cada batida do seu coração que volta à vida, é mais uma chance que você tem de salvar o que importa. Não falhe, Edna… e nunca duvide do que o amor pode fazer.


Luz envolve Edna completamente. Fade out do espaço branco. O desfibrilador toca seu peito.


MÉDICO — 1… 2… 3… choque!


MONITOR: linha reta, silêncio tenso.


MÉDICO — Outra vez!


FABINHO — (DESESPERADO) Não… não agora!


MÉDICO — 1… 2… 3… choque!


MONITOR: BIP… BIP… BIP…


ENFERMEIRA — Pulso!


MÉDICO — Ritmo estabilizado!


Close em Fabinho, ele segura a mão de Edna, chorando, gritando de emoção.


FABINHO — Obrigado… obrigado por ela estar aqui… por ela ter voltado!


Close em Edna. leve sorriso, batimentos regulares.


EDNA — (SUSSURRANDO PARA SI MESMA) Eu volto… e vou proteger meu filho… custe o que custar… 


Plano Detalhe. desfibrilador pronto, Fabinho segurando a mão de Edna com força, lágrimas escorrendo.


VOZ MASCULINA (OFF) — Não tenha medo, Edna… cada segundo que passa aqui ainda é seu… cada batida perdida pode voltar… basta você querer voltar.


EDNA — (SUSSURRA, FRAQUEJANDO) Eu… eu quero… mas… dói… tudo dói…


VOZ MASCULINA — Dói porque você ainda sente… ainda ama… e é exatamente isso que vai trazer você de volta. Segure essa dor… transforme em força… transforme em vida.


Plano médio. médicos aplicam choque, luzes piscando, alarme disparando.


FABINHO — (GRITANDO) Dona Edna! Eu tô aqui! Luta! Por favor… não me deixa agora!


VOZ MASCULINA — Ouça-o… ele precisa de você… ele acredita em você mesmo sem saber. Você volta por ele… e por si mesma. Cada batida que você recuperar, é mais tempo pra proteger quem ama.


SLOW MOTION: close nas mãos dela apertando a de Fabinho, mesmo que fraca.


EDNA — (ENTRE SUSSURROS) Eu… eu volto… vou proteger… vou cuidar…


VOZ MASCULINA — Exatamente… cada respiração, cada batida, cada célula do seu corpo… concentre-se em voltar. Não se entregue à escuridão. A escuridão aqui não é o fim… é só o teste…


Corte, monitor. linha reta, silêncio absoluto, tensão máxima.


VOZ MASCULINA — Abra os olhos, Edna… abra os olhos para a vida que ainda precisa de você. Não se prenda ao que passou… ao que poderia ter sido… tudo ainda está aqui… esperando por você.


MÉDICO — 1… 2… 3… choque!


Plano detalhe. close no rosto de Edna, olhos piscando, suor escorrendo.


VOZ MASCULINA — Sinta a vida retornando… sinta o pulso do mundo chamando por você… escute o que Fabinho, o Júlio, todos que você ama estão implorando sem palavras… volte…


MONITOR: bip… bip… bip… volta lentamente ao ritmo.


ENFERMEIRA — Temos pulso!


MÉDICO — Ritmo estabilizado!


Plano fechado em Fabinho, ele cai de joelhos, segura a mão dela, soluçando de alívio.


FABINHO — Obrigado… obrigada… por voltar… por lutar…


Close em Edna. respira fundo, olhos abertos, olhando para Fabinho. Um sorriso leve, mas cheio de vida.


EDNA — (SUSSURRANDO) Eu… voltei… e vou proteger meu filho… custe o que custar…


VOZ MASCULINA (OFF, DISTANTE AGORA) — Isso… você voltou… lembre-se… a vida sempre dá outra chance… use-a bem.


Plano aberto. luz da manhã. ilumina o quarto, batimentos estáveis, Fabinho ao lado dela. Silêncio carregado de emoção.


Corte para:


ABERTURA 


CENA 03. PENSÃO DE CLARA. SALA. INT. TARDE.


Júlio está sentado na janela, fumando um cigarro. A câmera, em mão, balança levemente, seguindo Camilla que se aproxima devagar, silenciosa, sem que ele perceba.


Quando ela chega bem perto, Camilla dá um leve grito ou bate no ombro dele de repente. Júlio se assusta, quase derruba o cigarro, os olhos se arregalam. Ele se vira rápido, surpreso, e ela solta um sorriso travesso.


JÚLIO — (ASSUSTADO, RINDO NERVOSO) Caramba, garota! Quase você me mata do coração!


CAMILLA — (IRÔNICA, SORRINDO) Da devendo, é? Mas relaxa… eu vi você aí, fumando seu cigarrinho.


Tem um aí pra me dar, ou vai guardar só pra você?


JÚLIO — E tu é de maior, garota? Pra fumar cigarro?


CAMILLA — Dezenove… e por que essa curiosidade, hein?


JÚLIO — Garota, você não é nova demais pra… tá fumando, não?


CAMILLA — Nova demais pra fumar? Meu querido, com 15 anos eu nem era mais virgem… fumar não é nada demais.


JÚLIO — Quinze anos você já estava transando? Caramba… com quinze eu ainda brincava de carrinho! Essa geração de vocês é bem adiantada, hein?


Camilla se aproxima devagar, fechando a distância entre eles. Ela desliza a mão pelo peito de Júlio, por cima da roupa, explorando cada músculo com um toque provocativo.


CAMILLA — Nossa, Júlio… você é bem fortinho, hein? Que peitoral, e esses braços…


JÚLIO — (SORRINDO, PROVOCATIVO) Tu é bem safadinha, né garota? Gosta mesmo de brincar com fogo, né?


CAMILLA — (ENCOSTANDO MAIS PERTO, VOZ BAIXA e ROUCA) Sabia… desde que te vi pelado naquele banheiro, não consigo tirar você da cabeça. Todo molhado… fico cheia de tesão só de lembrar.


JÚLIO — (ARQUEANDO A SOBRANCELHA, SURPRESO) Sério mesmo? Não sabia que você ficava pensando nessas coisas…


A câmera handheld acompanha cada passo de Camilla enquanto ela se aproxima de Júlio. A luz da janela ilumina o rosto dela, revelando o brilho malicioso nos olhos. Ela para a poucos centímetros dele, inclinando o corpo, respirando fundo.


CAMILLA — Eu penso muito mais do que isso, Júlio… não é só fantasia, sabe?


CAMILLA — CHEGA MAIS PERTO DO OUVIDO DELE, VOZ BAIXA E ROUCA, QUASE UM SUSSURRO) Eu fico imaginando… você me comendo firme, me botando do jeito que eu gosto… me fazendo gozar, como ninguém nunca fez!


Júlio sente o calor dela e percebe a intensidade do olhar que não desvia. Camilla se inclina mais, aproximando o rosto do dele, e morde levemente os lábios dele, provocando um arrepio.


CAMILLA —  (AFASTA O ROSTO LIGEIRAMENTE, MANTENDO O CONTATO VISUAL, SORRINDO COM MALÍCIA) Gostoso… 


A câmera handheld acompanha cada movimento de Camilla, lenta e calculada. Ela desliza a mão pelo peito de Júlio, sentindo a firmeza dos músculos, descendo pela barriga até a cintura, deixando um rastro de tensão no ar.


Seus dedos encontram a caixa de cigarro no bolso da frente do short dele. Com um sorriso malicioso, ela a pega com delicadeza, provocando um leve arrepio em Júlio enquanto aproxima o isqueiro.


Camilla acende o cigarro e leva aos lábios, inalando a fumaça com um gesto sensual, os olhos fixos em Júlio, carregados de malícia e provocação. A luz da janela ilumina o contorno de seu rosto e do corpo, enquanto a câmera alterna closes nos movimentos das mãos, nos lábios e no olhar intenso.


O ambiente parece carregado de eletricidade; cada gesto de Camilla, cada suspiro e cada olhada no corpo de Júlio aumenta a tensão, deixando o momento carregado de desejo.


A câmera handheld segue Camilla enquanto ela se vira e sobe lentamente para o quarto. Cada passo é medido, o balanço dos quadris capturado em closes sutis.


Júlio permanece na sala, encostado, os olhos fixos nela. Um sorriso torto se forma no canto da boca, divertido e satisfeito com a provocação que acabou de receber.


A câmera alterna entre o rosto de Júlio e os passos de Camilla subindo, captando a tensão no ar e a antecipação que permanece, carregada de desejo e energia entre os dois.


O plano se abre sobre o céu azul do Rio de Janeiro. Arranha-céus rasgam a paisagem urbana, refletindo o sol que bate sobre a cidade.


A câmera faz um travelling lento, revelando a Igreja da Penha imponente no alto do morro, sua silhueta marcando a cidade com majestade.


A transição corta para a orla: a Praia de Copacabana, com suas ondas quebrando suavemente, guarda-sóis coloridos e a multidão aproveitando o calor do dia.


O mar brilha sob a luz do sol, enquanto a câmera sobrevoa o calçadão, captando o movimento pulsante da cidade, a mistura de turistas, cariocas e a energia inconfundível do Rio.


CENA 04. MANSÃO BLOND. SALÃO. INT. TARDE.


Eva está sentada no sofá, inquieta. As mãos tremem sobre o joelho, o olhar perdido, respirando fundo para conter a ansiedade. A porta se abre com um estalo. Maggie surge, ofegante, com uma mala em uma mão e uma mochila pendurada no ombro. Ela se esforça para sustentar Estevão, completamente bêbado, que mal consegue ficar de pé. 


A câmera acompanha o trio em plano sequência — o peso da mala arrastando no chão, o tropeço de Estevão, o olhar tenso de Eva se erguendo.


Um silêncio pesado preenche o ar antes que qualquer palavra seja dita.


EVA — (EM CHOQUE) Maggie, que cê tá fazendo aqui?


E o Estevão, ela tá bêbado? E esse cheiro horrível. Da pra dizer o quê tá acontecendo nessa casa!


MAGGIE — Uma história longa, não dá tempo pra contar olha aliás eu não te devo satisfação da minha vida e quando ao Estevão eu encontrei ele bêbado caído no centro do Rio. 


Estevão, ainda bêbado, cambaleia pela sala. Tropeça, quase cai, e se apoia no braço esquerdo de Eva. Ela o encara, olhos fixos e assustados, o silêncio cortando o ar entre os dois.


ESTEVÃO — (FORA DE SI, A VOZ EMBARGADA) Eu… eu matei ele… apareceu do nada, bem na minha frente… eu tentei frear, juro que tentei… mas não deu tempo. (CHORA, A RESPIRAÇÃO PESADA) Eu tava bêbado… não vi nada… só ouvi o barulho… depois o corpo no chão… e o sangue…


Close no rosto dele — olhos marejados, vermelhos, perdidos.


A câmera treme levemente, captando a confusão, o arrependimento e o horror que tomam conta de Estevão.


EVA — (NERVOSA, EM CHOQUE, ANDANDO DE UM LADO PRO OUTRO) Meu Deus do céu, Estevão… o que que você fez?! Você tem noção do tamanho disso?


(ELA PASSA AS MÃOS NO ROSTO, RESPIRA FUNDO, SEM CONSEGUIR PENSAR DIREITO) — Se o Rog descobre… se ele descobre, você tá morto, cê tá me ouvindo? Ele te mata sem pensar duas vezes!


ESTEVÃO — (TRÊMULO, DESESPERADO) Eu sei… eu sei, Eva… eu não queria… eu juro por Deus que não queria!


EVA — (VOZ TENSA, OLHANDO PRA ELE FIXAMENTE)Cala a boca! Agora não é hora de jurar nada, é hora de pensar! (APROXIMA-SE DELE, FIRME, SUSSURRANDO COM RAIVA CONTIDA) você vai ficar quieto. Ninguém pode saber disso, entendeu? Nem uma palavra. Se o Rog sentir cheiro dessa história, ele acaba contigo.


A câmera fecha em Eva — o olhar gelado, o coração disparado. Ela respira fundo, tenta se recompor, mas a tensão no ar é quase física.


Close no rosto de Estevão, perdido, com lágrimas escorrendo, enquanto o som de um relógio distante marca o tempo — lento, sufocante.


MAGGIE — (NERVOSA, CARREGANDO A MALA) Eu vou pro quarto da minha mãe. Vocês dois precisam se entender… do jeito de vocês.


Maggie caminha até a escada, a mala pesada em uma mão, a mochila no ombro. Seus passos ecoam pelo corredor silencioso.


Close nos pés dela subindo degrau por degrau, o ritmo pesado, quase ritualístico.


Eva e Estevão permanecem na sala, imóveis, respirando pesadamente. O silêncio aumenta, carregado de tensão.


Plano geral. Maggie some pelo patamar superior, deixando Eva e Estevão sozinhos, a atmosfera quase elétrica, o peso do que aconteceu pairando sobre eles.


EVA — (RESPIRANDO FUNDO, ENFURECIDA) Você não entende, Estevão? Isso não é um jogo! Você matou alguém e… e ainda chega bêbado aqui, como se nada tivesse acontecido!


ESTEVÃO — (TRÊMULO, TENTANDO SE EXPLICAR) Eu… eu não queria, Eva… Eu juro que não queria! Foi um acidente! Eu…


EVA — (CORTANDO-O, PASSANDO AS MÃOS PELO ROSTO, IRRITADA) Acidente?! Acidente?! Você sabe o que isso significa?! Você tem ideia do que Rog vai fazer se descobrir? Do que ele vai fazer com você?!


Ele recua, cambaleando levemente, a culpa e o medo estampados no rosto. Ela se aproxima dele, firme, olhos fixos nos dele.


EVA — (SUSSURRANDO, RAIVA CONTIDA) Agora você fica quieto. Nem uma palavra. Ninguém pode saber, nem uma! Se alguém sentir cheiro dessa história… você está acabado, Estevão. Entendeu?


Ele assente, lágrimas escorrendo pelo rosto, o corpo quase encolhido pelo peso da culpa.


A câmera alterna closes: Eva determinada, Estevão perdido. O silêncio entre eles cresce, pesado, carregado de eletricidade e medo.


ESTEVÃO — (SUSSURRANDO, PRATICAMENTE MURMURANDO) Eu… eu fico quieto… prometo…


EVA — (OLHANDO FIXAMENTE, FIRMEMENTE) Promete. Sem mais nada.


Um tique do relógio distante. O tempo parece se arrastar.


Plano geral: os dois no centro da sala, imóveis, respirando pesadamente. O clima é quase palpável, a tensão sufocante, o passado recente — e o futuro incerto — pairando entre eles.


Corte para:


CENA 05. PLANOS GERAIS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA/NOITE.


Sonoplastia - Nosso primeiro beijo - Gloria Grove 


O sol desce por trás das casas coloridas do morro. Crianças brincam, motos passam, buzinas ecoam. O céu muda do laranja ao rosa.


Cortamos para praia de Ipanema. Ondas quebram suavemente. Surfistas ainda aproveitam a luz dourada refletida no mar. Pessoas caminham, vendedores circulam. O céu vai tingindo tons de roxo.


Na Central Do Brasil, ônibus e trens lotados, passageiros apressados. Luzes da estação acendem. Close em mãos segurando barras do ônibus, olhares cansados mas atentos.


O sol desaparece atrás do Pão de Açúcar. Luzes da cidade se acendem. Arcos da Lapa iluminados, música distante começa a tomar conta da noite.


Corte para:


CENA 06. MANSÃO BLOND. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.


Todos estão sentados à mesa, jantando em silêncio. A ausência de Odila pesa no ar, um espaço vazio que parece ecoar. O relógio na parede marca 21h48.


A mesa é extensa, quase infinita, repleta de pratos e taças que captam a luz suave do lustre. Cada gesto, cada olhar, parece amplificado pelo silêncio, transformando o jantar em um instante carregado de expectativa e tensão.


Odila chega imponente, cada passo pesado, tentando manter a postura impecável. A câmera se aproxima lentamente de seu rosto; cada linha de tensão, cada respiração contida é captada. Seus olhos encontram Maggie — e, de repente, o tempo parece congelar.


A câmera corta para Maggie. Nos olhos de Odila, ódio e dor se misturam, como se seu coração fosse perfurado por lembranças impossíveis de apagar.


Dentro da cabeça de Odila, apenas os ecos do passado retornam, cortantes e dolorosos:


MAGGIE (V.O.) — Para! Para! Me larga! Socorro… alguém me ajuda! Não… eu não aguento…


GUZMÁN (V.O.) — Grita! Ninguém vai ouvir… Isso é só o começo, Cherrie…


Cada grito, cada palavra, reverbera como um trovão dentro dela. Maggie se levanta, firme, avançando, ficando frente a frente com Odila. O olhar de Maggie é puro ódio, acusador, e Odila, mesmo tentando sustentar a fachada, mostra que o controle é apenas superficial. A câmera fecha nos olhos dela, captando a mistura de raiva, dor e impotência que a consome. Cada respiração é sufocante; cada segundo, uma eternidade de lembranças e dor que ela não consegue ignorar.


ODILA — (GÉLIDA) Mas... o que você tá fazendo aqui, minha filha?


O silêncio pesa. Maggie dá um passo à frente. O olhar dela é fixo, duro. O peito sobe e desce com a respiração acelerada.


Sem dizer uma palavra, Maggie acerta um tapa violento no rosto de Odila. O som do golpe ecoa pela sala.


Instrumental: Boi tenso - Iuri Cunha


Odila fica imóvel. A bochecha dela fica vermelha, marcada. Os olhos, arregalados, vacilam por um instante — é a primeira vez que alguém a atinge daquela forma.


Todos à mesa ficam em choque. Ninguém se move. O som do relógio preenche o vazio. Maggie encara a mãe, com a voz trêmula e o olhar cheio de lágrimas contidas:


MAGGIE — (ENTRE ÓDIO E DOR) Você não tem mais o direito de me chamar assim!


Odila continua imóvel, a mão ainda no rosto. O orgulho tenta mascarar o abalo, mas os olhos dela tremem — por dentro, algo se quebra.


Corte para:


CENA 07. RUA AMBRÓSIO PAIXÃO. TIJUCA. EXT. NOITE.


A rua está silenciosa, apenas o som distante de cães e o vento entre árvores secas. Lâmpadas piscam de forma irregular, lançando sombras longas sobre o chão irregular.


Camilla caminha rápido, abraçando a bolsa contra o corpo. Seus passos ecoam, rápidos e nervosos. Ela olha para os lados, inquieta, engolindo o medo que sobe pela garganta.


O som de moto corta o silêncio. Ela se vira: um vulto escuro surge ao longe, acelerando. Seu coração dispara.


A moto faz um retorno abrupto, aproximando-se dela. O piloto, com capacete refletindo a luz da rua, ergue a arma. O brilho metálico reluz à luz trêmula da lâmpada.


Camilla engole em seco, seus olhos se arregalam, mãos trêmulas seguram a bolsa com força. O mundo parece congelar por um instante, o vento morre, só o som do motor retumbando nos seus ouvidos.


ASSALTANTE — (AMEAÇADOR, APONTANDO A ARMA) Joga a bolsa no chão, agora! Isso é um assalto!


CAMILLA — (TREMENDO, IMPLORANDO) Moço, por favor… não atira! Pelo amor de Deus, não atira!


ASSALTANTE — (AMEAÇADOR) Cala a boca e joga a merda da bolsa no chão!


Camilla vê uma pedra grande no chão. Com um gesto rápido, finge obedecer, abaixando-se como se fosse largar a bolsa. Num movimento ágil, pega a pedra e acerta a cabeça do assaltante. Ele cai, atordoado.


Sem hesitar, Camilla sai correndo pela rua deserta, respirando pesadamente, o coração disparado.


ASSALTANTE - Vagabunda desgraçada! volta aqui!


Ele sobe na moto, acelerando. camilla olha para trás, o pânico se espalhando pelo corpo, o coração batendo descompassado. Seus pés mal tocam o chão enquanto ela corre mais rápido, tentando desesperadamente ganhar distância.


CAMILLA — (DESESPERADA, GRITANDO) socorro! alguém me ajuda! estou sendo assaltada!


O assaltante dispara. O tiro racha a traseira de um carro, estilhaçando o vidro em pequenos fragmentos que refletem a luz trêmula da rua. Camilla pula para o lado, respirando com dificuldade, o olhar buscando alguma saída.


corte para:


júlio, no portão da pensão. Ele ouve os gritos, o corpo congelando em choque, os olhos arregalados. Reconhece a voz de camilla e dispara em corrida pelo caminho.


voltamos para camilla, que se encontra em um beco sem saída. O assaltante aparece logo atrás, a arma firme, o olhar frio.


CAMILLA — (TENTANDO ACALMAR A SITUAÇÃO) calma… vamos conversar. eu faço o que você quiser.


ASSALTANTE — cala a boca, sua piranha! você tá de marola com a minha? agora vai descansar debaixo da tábua!


Camilla recua, encurralada, os olhos procurando desesperadamente qualquer objeto que possa usar para se defender, enquanto o som da moto e da respiração pesada do assaltante domina o beco silencioso.


O assaltante aponta a arma para ele, o dedo pronto para apertar o gatilho.


De repente, Júlio surge e acerta uma barra de ferro nas costas do assaltante. O impacto é brutal: o assaltante cai no chão, derrubando a moto junto. Poeira e faíscas sobem, o metal rangendo contra o asfalto, enquanto ele tenta se recompor, atordoado.


Camilla respira fundo, ainda tremendo, os olhos arregalados, observando a cena do outro lado do beco.


JÚLIO — (AMEAÇADOR) Otário, covarde que pega mulher sozinho. Se você é homem de verdade, faz na mão, seu merda!



O assaltante se levanta e desferi um soco em júlio. O supercílio de júlio começa a sangrar. Sem hesitar, júlio revida com um soco mais forte, atingindo o assaltante no rosto. Ele cambaleia. Júlio acerta outro soco, derrubando o assaltante no chão com o nariz quebrado.


O assaltante pega a arma no chão e a aponta para júlio. Antes que pudesse atirar, camilla acerta sua cabeça com um pedaço de madeira, fazendo-o desmaiar instantaneamente.


No mesmo instante, sirene ao longe se aproxima. A polícia chega, descendo das viaturas com as armas apontadas, iluminando a rua deserta com os faróis.


Camilla e júlio respiram pesadamente, olhando ao redor, ainda em choque, mas aliviados por terem sobrevivido


ESTAMOS APRESENTANDO 

VOLTAMOS A APRESENTAR 


CENA 08. PENSÃO DE CLARA. SALA. INT. NOITE.


Camilla está sentada no sofá, celular na mão esquerda. Júlio se senta à sua frente, apoiando o braço sobre o encosto. Ela aperta o botão de chamada de vídeo, conectando-se com sua mãe, Clara.


CLARA (V.O.) — Filha, vai ficar tudo bem aí? Depois desse assalto… meu Deus, cada dia o Rio tá mais perigoso! Vou desligar, vou tentar dormir agora, tá?


Camilla respira fundo, ainda tremendo levemente.


CAMILLA — Mãe… se não fosse o Júlio naquela hora, eu não sei o que teria acontecido comigo. Mas vai dormir, tá? Beijo, se cuida.



CLARA (V.O.) — Tá bom, minha filha. Amanhã eu chego cedo aí, tá? Se cuida… tchau!


Camilla desliga o celular. Ela se inclina para frente, pega álcool e gaze e começa a limpar cuidadosamente o corte no supercílio de Júlio. Ele fecha os olhos, respirando fundo, sentindo o alívio e a dor misturados.


O silêncio da sala é quebrado apenas pelo som da gaze passando pelo corte. Eles trocam olhares, um misto de tensão ainda presente, mas também de conexão e cuidado silencioso.


Corte para:


Camilla e Júlio estão sentados frente a frente no sofá. Ela segura álcool e gaze, cuidadosamente limpando o corte no supercílio dele.


CAMILLA — Amanhã eu tenho que ir à delegacia prestar depoimento… não sei como vou conseguir dormir depois de tudo isso.


JÚLIO — Eu vou com você, se quiser. Não precisa passar por isso sozinha de novo.


Ela respira fundo, aproximando-se mais para limpar melhor o ferimento. A mão dela, ainda com a gaze, toca suavemente o lado do rosto dele, roçando levemente a pele ao redor do corte. Júlio inclina a cabeça, permitindo que ela limpe, os olhos deles se encontram por um instante — profundos, atentos, cheios de tensão silenciosa.


CAMILLA — Eu ainda não consigo acreditar no que aconteceu… aquele assaltante, a arma… eu fiquei com tanto medo…


JÚLIO — Eu sei… mas você reagiu rápido, foi inteligente. Eu só fiquei no caminho certo na hora certa.


Ela passa a gaze com cuidado, os dedos quase tocando o cabelo dele ao ajeitar os fios para limpar o sangue. Júlio se aproxima involuntariamente, o olhar fixo nos lábios dela. A proximidade aumenta lentamente, a respiração se tornando mais rápida.


Sem perceber, Camilla se inclina mais, e Júlio responde instintivamente. Primeiro, um beijo leve e hesitante, lábio contra lábio. Depois, o beijo se intensifica: Júlio acaricia a face dela, deslizando pelos cabelos; Camilla segura o rosto dele, firme, como se não quisesse se soltar.


Seus corpos se inclinam juntos no sofá, respirando pesadamente, olhos fechados. Cada gesto da limpeza — os dedos que tocam a pele, a mão que segura o rosto, a proximidade que aumenta — alimentam a tensão e o desejo contido, reforçando a conexão intensa entre eles.


Close extremo nos lábios deles, quase em câmera lenta: cada respiração, cada toque, o calor dos lábios se misturando. Os cílios de Camilla tremem, uma mecha de cabelo cai sobre o rosto de Júlio, e ele a afasta delicadamente, apenas com a ponta dos dedos. Cada detalhe do beijo — lábio, respiração, pele encostando — parece congelado no tempo.


O ambiente ao redor desaparece: o sofá, a luz da sala, o celular desligado sobre a mesa, tudo se dissolve. Só existem eles, o calor e a respiração compartilhada. Cada batida do coração, cada suspiro ecoa como um som próprio, intenso e absoluto.


CORTE RÁPIDO – FIM DO CAPÍTULO


A novela encerra seu quinto capítulo ao som da sonoplastia: Caju - Liniker (Tema de Júlio e Camilla)












INTERNACIONAIS | CAP. 10 (27/10/2025)

INTERNACIONAIS | CAP. 10 (27/10/2025)

QUATRO POR UM | CAP. 24 (27/10/2025)

Quatro por Um - Capítulo 24



uma novela de: 

Jacques LeClair


Direção:

Allan Fiterman

Leonardo Nogueira


Elenco:

Letícia Colin como Anabel Royal

Marcello Melo Jr. como Rafael Royal

Renato Góes como Miguel Royal

Sheron Menezzes como Isabel Royal 


Elenco em ordem alfabética 

Ângela Vieira como Eleonora Bonfim Alcântara 

Christiane Torloni como Selma Royal

Dan Stulbach como Celso Alcântara 

Emílio Dantas como Jorge Passos 

Felipe Bragança como Marcos Muniz de Albuquerque 

Giovanna Cordeiro como Solange Alcântara 

Herson Capri como César Barbosa

Lilia Cabral como Suely Muniz de Alcântara 

Lucinha Lins como Eliete Royal

Marcos Palmeira como Higor Calmon

Maria Eduarda de Carvalho como Maria Carolina “ Carol " Muniz de Albuquerque 

Mariana Sena como Luisa Silva

Mel Maia como Bianca Pinheiro Royal

Paulo Betti como Antônio Marcos Albuquerque 

Paulo Lessa como Joel Bastos

Rayssa Bratilieri como Suelen Paz

Renan Monteiro como Rui Dantas

Ricardo Pereira como Dr. Bernardo França 

Selton Mello como Sérgio Santos

Sophie Charlotte como Josie Pinheiro 

Stella de Freitas como Norma Junqueira 

Suely Franco como Vilma Celestino

Valentina Herszage como Helena Royal 


Participações especiais

Cosme dos Santos como Amadeu Neves

Cristiane Pereira como Rita Anjos

Irene Ravache como Noelita Palmeira

Kadu Moliterno como Cassiano Dias

Kiko Mascarenhas como Robert Martins

Renata Sorrah como Eunice


Todos arrumados e preparados para o casamento do ano. A trilha de Bonnie Tyler para de tocar, começando agora a Marcha Nupcial 


Trilha: Marcha Nupcial - Maestro Misiuk


Todos se levantam, e Anabel se entra na igreja ao lado de Rafael, andando em passos lentos. Todos se emocionam com a cena, inclusive Jorge, que se mostra emocionado com tudo. Anabel segura o choro, enquanto uma lágrima cai dos olhos de Rafael. Ele entrega Anabel para Jorge, abraçando.


RAFAEL: Seja feliz, cabeçuda.


ANABEL: Obrigada, inútil.


Rafael cumprimenta o noivo, e sai. Anabel e Jorge se ajoelham e o padre os abençoa.


CAROL: Em breve seremos nós, amor!


Miguel ignora o que Carol diz.


PADRE: Jorge Passos, aceita Anabel Royal como sua esposa?


JORGE: Aceito!


PADRE: Anabel Royal, você aceita Jorge Royal, como seu marido?


ANABEL: Aceito!


PADRE: Então vos declado, marido e mulher!


Os dois se beijam, e todos levantaram, aplaudindo-os.


Trilha: Total Eclipse Of The Heart - Bonnie Tyler 


Todos estão na festa, e duas taças de champanhe brindam. Todos vão cumprimentar os noivos, felizes pela conquista. As cenas transitam pelo cenário, apresentando os personagens presentes, que conversam e riem. Carmen se aproxima dos noivos.


CARMEN: Vocês já sabem onde passarão a lua de mel?


JORGE: Já sabemos sim. Iremos para Fortaleza. É… se dependesse de mim, iríamos para um país da Europa, mas a Anabel decidiu que iríamos para um estado brasileiro mesmo. 


ANABEL: Devemos apreciar as paisagens de nosso país.


CARMEN: Que bonito… desejo toda a sorte para vocês.


Total Eclipse Of The Heart continua tocando, levando todos para o Aeroporto. Todos se despedem aos abraços e beijos e lágrimas. Rafael abraça Anabel, e ao voltar para o seu lugar, Miguel observa.


MIGUEL: O que é isso no seu rosto, Rafael, é uma lágrima?


RAFAEL: Não, é suor…


Os noivos caminham com as malas em direção ao avião, para viajarem. A sequência leva para o apartamento de Cezar. Helena e Cezar estão dormindo em camas separadas.


CEZAR: Helena, durma comigo. Agora somos casados.


HELENA: Não foi esse o nosso acordo, Cezar. O nosso acordo foi…


CEZAR: Eu não quero saber de acordo. Eu quero você aqui e agora!


Trilha: Chase 8 mooo - Mu Carvalho 


Clima tenso : 





Continuação da cena | Trilha: Chase 8 moo - Mu Carvalho 


HELENA: Cezar, se afaste! Não foi esse o acordo que fizemos.


CEZAR: Agora, Helena, eu sou um homem casado, e eu quero os meus direitos de homem casado.


HELENA: Você se afaste! (Ela pega um objeto cortante que estava na mesa e enfrenta Cezar) Saiba que eu não tenho medo de te atacar, ouviu?


CEZAR: Você vai me atacar com o que? Com isso? Venha aqui, Helena!


HELENA: Saia! (Ela corta o braço dele, e ele cai no chão com dor. Ela tira a chave da porta do quarto e sai, trancando a porta do quarto. Temerosa, ela fica nervosa e não sabe como agir. Cezar segue gritando)


CEZAR: Helena! Helena, abra essa porta, Helena! Helena!


Helena se deita no sofá, nervosa. Ha uma transição de imagens, ao som de Don’t Go Breaking My Heart - Elton John e Kiki Dee. Levando assim para o apartamento de Rafael.


Cena 02: Apartamento de Rafael - Manhã - Interna. Rafael está tomando café da manhã, e Norma lhe dá uma informação;


NORMA: Rafael, uma surpresa para você.


RAFAEL: Para mim? Mas que surpresa?


NORMA: Só um momento (ela se afasta) pode entrar!


Trilha: Eng 1 V90 Moo - Mu Carvalho 


Bianca, filha de Rafael, entra de mala na casa. Rafael se levanta assustado.


BIANCA: Pai, voltei!


RAFAEL: Bianca, mas o que você está fazendo aqui?


NORMA: Rafael, porque você está assim?


RAFAEL: Nada… é que eu não esperava você agora. O que foi, acabou com o curso?


BIANCA: Já… já me formei. Eu vim para o Rio para fazer uma peça.


RAFAEL: Que legal… você já foi ver sua mãe?


BIANCA: Não, ainda não. Sua casa é mais próxima do aeroporto. O bom que já cheguei em hora oportuna, olha só esse banquete.


NORMA: Senta, minha filha, vou preparar algo ela você.


BIANCA: Obrigada, Norma. 


Cena 03: Corredores do Grupo Royal - Manhã - Interna. Solange caminha com uma pasta na mão, e encontra Cezar o braço enfaixado.


SOLANGE: Cezar, mas o que aconteceu com o seu braço?


CEZAR: Vê se não enche.


Solange fica atônita, e o segue sem perceber. Cezar pega o celular e liga para Joel. Solange o observa escondida.


Trilha: Chase 3 moo - Mu Carvalho 


CEZAR: Escute aqui, Joel, eu quero saber quando é que você vai chegar no horário. Depois que conheceu essa tal de Josie, nunca mais você chegou no horário. O que é? A vida agora é só bem bom, é? Essa Josie serviu só pra acabar com o relacionamento da Solange e do Rafael, depois disso acabou! 


Solange ouve, e fica nervosa. 


SOLANGE: Então o Rafael tinha razão… mas o Joel é responsável por isso? Como eu não suspeitei, meu Deus!





Transição de cena | Trilha: Without You - Harry Nilsson. A cena leva até Luisa, que está em Paris, no seu quarto. Robert entra agitado.


Cena 04: Hotel (quarto de Luísa) - Manhã - Interna.


ROBERT: Você não imagina, Luísa. Essa coleção foi um completo sucesso! Sua carreira está de vento em polpa.


LUISA: Robert, eu preciso pedir uma coisa pra você.


ROBERT: O que? Qualquer coisa que você quiser…


LUISA: Eu quero voltar para o Brasil.


ROBERT: O que? Você está maluca.


LUISA: É sério, o meu maior desejo é voltar logo pro Brasil. As pessoas que deixei lá, tudo, me dão muitas saudades.


ROBERT: Você só pode estar maluca, Luisa, sua carreira está voando e você quer voltar? Eu não entendo 


LUISA: Eu preciso ir ao Brasil, nem que seja a passeio. Mas eu preciso voltar.


ROBERT: Eu não sei que atitude tomar. Eu sou responsável por você. Se a dona Suely imaginar que eu afrouxei, eu perco não só a minha amizade como também o emprego.


LUISA: Não precisa se preocupar com isso. Só me deixa voltar!


Close em Robert. 


ROBERT: Está bem. Pegamos o vôo de amanhã.


Luisa comemora, e Robert se mostra decepcionado. Close nos dois, e encerramento ao som de Without You - Harry Nilsson.