CENA 01: MANSÃO TRAJANO/INT./NOITE
VIOLETA (se levanta, furiosa): O que é isso aqui? Que palhaçada é essa? Foi você, Noêmia, que deixou essa mulherzinha entrar aqui?
NOÊMIA (se fazendo de sonsa): Eu?
ALYRA (surpresa, irônica):
Rafael? O que você tá fazendo aqui?
RÚBIA (sorriso provocador): Ah, você ainda não sabe, irmãzinha? Eu e o Rafael estamos juntos. Estamos namorando. NA MO RAN DO!
ALYRA (rindo com desprezo):
Ah claro… vocês se merecem mesmo! Mas fica esperta, Rúbia. Isso aí é cilada. O Rafael não passa de um canalha oportunista, um golpista da pior espécie.
RAFAEL: Cuspindo no prato que comeu, Alyra? Sério mesmo que vai falar assim de mim depois de tudo o que vivemos juntos?
VIOLETA: Até agora você não me disse o que tá fazendo aqui, Alyra. Fala logo, que eu não tenho a noite inteira!
ALYRA (encarando-a, firme): Você é mesmo uma dissimulada, hein? Pensa que eu não sei? Foi você quem mandou demolir a lanchonete da minha tia!
VIOLETA (irônica e venenosa): Mas que absurdo! Eu? Logo eu? Você invade a minha casa, cospe essas acusações ridículas e ainda quer posar de vítima? Me poupe! Acha mesmo que eu, Violeta Trajano, perderia meu tempo mexendo com a vida de gentinha?
ALYRA (avançando um passo): Ah, vai se fazer de santa agora, é? Confessa, Violeta, confessa que foi você! Você tentou, Violeta... Tentou, mas não conseguiu. Por muito pouco a minha tia não perdeu tudo por culpa sua!
VIOLETA (se aproxima, de braços cruzados, prestes a explodir): Quer saber? Fui eu, sim. (Olha diretamente para Noêmia) E você, sua fofoqueira, porque foi abrir o bico? Eu pedi pra guardar segredo, sua anta!
NOÊMIA: Eu jamais iria deixar você fazer mal algum para a Alyra, croco-, digo, patroinha.
VIOLETA (séria): Depois acertamos as contas. (Volta o olhar novamente para Alyra) Fui eu sim que mandei dar um fim naquela cafonália, Alyra. E faria de novo, quantas vezes fosse necessário. Tudo isso pra ver você no fundo do poço. Na sarjeta!
ALYRA: SUA DESGRAÇADA! EU ODEIO VOCÊ!
INSTRUMENTAL: OVERTURE PAULA - RICARDO LEÃO
Neste momento, Alyra, furiosa, desfere um tapa no rosto de Violeta. A vilã tenta revidar, mas Alyra agarra em seus cabelos e puxa ela com força para fora da mansão.
ALYRA: Hoje você vai aprender a não mexer com a minha família, sua jararaca!
Rúbia, Noêmia e Rafael correm atrás, tentando impedir, mas já é tarde.
VIOLETA (gritando): Me solta! Me solta, sua maluca! Me solta antes que eu chame a polícia!
Sem mais palavras, Alyra empurra Violeta com força contra a piscina da mansão. Segundos depois, Violeta emerge molhada, ofegante, com os olhos queimando de raiva. Alyra olha a cena com satisfação. Noêmia, logo atrás, se acaba de rir.
VIOLETA: ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM, ALYRA. PODE ESPERAR QUE VAI TER VOLTA!
Rúbia se aproxima da borda da piscina, estendendo as mãos para a mãe.
RÚBIA: Vem, mãezinha… esquece essa mal amada da Alyra. Você é muito maior que tudo isso. Vem, vamos pra dentro.
Em outro ponto da cena, Alyra está parada e observando a cena de longe. Rafael se aproxima da ex-noiva.
RAFAEL: Precisava desse show?
ALYRA (cortante): Quer que eu empurre você também?
RAFAEL: Alyra, meu amor-
ALYRA (interrompendo, com desprezo):
Não me chama de meu amor! Você perdeu esse direito desde o dia em que decidiu se juntar a esse ninho de cobras. Tem vergonha não, Rafael? Me traiu com a minha secretária e agora já colocou a Verinha pra escanteio pra ficar com a Rúbia? Ainda bem que eu pulei desse barco a tempo.
RAFAEL (sarcástico, com sorriso debochado, olhando fixo nos olhos dela):
Se você quiser… pode até ser a madrinha do meu casamento com a Rúbia.
Alyra arregala os olhos, incrédula. Sem hesitar, ela desfere um tapa contra o rosto de Rafael. O vilão se desequilibra e leva a mão à bochecha avermelhada.
ALYRA (com nojo): Escrotíssimo!
Sem remorso, Alyra vira as costas e segue andando com firmeza. Rafael permanece parado, massageando o rosto, sorrindo debochado. Noêmia corre até Alyra, ofegante, tentando alcançá-la.
NOÊMIA (ofegante): Patroinha! Patroinha!
Alyra se vira e recebe um abraço forte da amiga.
NOÊMIA: Você arrasou tanto... Eu amei quando você colocou aquela peste no lugar dela!
ALYRA: Agora, eu só espero que ela me deixe em paz.
NOÊMIA: Sei não, dona Alyra… aquela crocodila é vingativa. É melhor a senhora tomar bastante cuidado com ela, ainda mais agora que se sentiu ameaçada.
ALYRA: Pode deixar, eu vou me cuidar. E você também, Noêmia, se cuida. (pausa) Bom, já vou indo. Muito obrigada por ter me avisado sobre essa situação e me ajudado a entrar aqui. Você é um anjo na minha vida.
As duas se abraçam rapidamente. Alyra dá um breve sorriso, emocionada, e se vira para ir embora.
CENA 02: MANSÃO TRAJANO/INT./NOITE
INSTRUMENTAL: ODETE ROITMAN - EDUARDO QUEIROZ, GUILHERME RIOS
A cena já começa com Violeta furiosa, quebrando vasos e desfazendo a mesa do jantar. Pratos, taças e comidas voam, espatifando no chão. Rúbia tenta impedir a mãe, mas já é tarde demais.
VIOLETA: AAAAH!! EU VOU ACABAR COM AQUELA FILHA DA MÃE!! ALYRA!! EU TE ODEIOOOO!!
RÚBIA (se aproximando, tentando acalmar): Mãe, olha só o que a senhora tá fazendo. Não acha melhor parar com isso? Tudo isso custou caro…
VIOLETA (interrompendo, gritando): CALA A BOCA VOCÊ TAMBÉM! Aquela mulherzinha não perde por esperar. Eu vou acabar com a raça dela! EU VOU DENUNCIAR AQUELA VACA POR INVASÃO!
RAFAEL: Se quiser, eu posso te ajudar, dona Violeta.
RÚBIA: Eu acho melhor não dar palco pra isso… A Alyra é só mais uma mulherzinha mimada que quer atenção, e vocês estão caindo na dela.
VIOLETA: Eu quero ver aquela salgadete no chão. Sem nada! Eu já fui boazinha demais tentando acabar com a lanchonete que nem é dela. Mas agora… agora o alvo, sim, é ela. Alyra que me aguarde! Mas antes, preciso acertar as contas com a empregadinha.
RÚBIA: O que você vai fazer com a Noêmia, mãe? Pelo amor de Deus, não vai arrumar mais confusão!
VIOLETA: Vou dar o que ela merece.
RÚBIA: Não! A senhora não vai fazer nada que faça a Noêmia se aproximar mais ainda da Alyra. Escuta aqui, esqueceu que elas são amiguinhas e que qualquer passo em falso seu pode prejudicar tudo o que a gente conquistou até agora? No seu lugar, eu faria exatamente o contrário do que está planejando. Não lembra do lema da Dona Irene de A Favorita?
VIOLETA: Como assim, querida?
RÚBIA: Quando tiver pensando em tomar uma decisão, pense "o que a dona Irene faria?" E faça exatamente o contrário!
Focamos em Violeta, pensativa.
CENA 03: MANSÃO TRAJANO/INT./NOITE
Noêmia se encontra em seu humilde quartinho, colocando roupas em sua mala apressadamente. Violeta abre a porta e entra, encarando a empregada seriamente.
VIOLETA: Pra quê essas malas, empregadinha?
NOÊMIA (enquanto coloca as roupas na mala): Ainda pergunta? Eu tô indo embora, pra bem longe. Eu merma decidi arrumar as minhas coisas antes da senhora me escorraçar daqui.
VIOLETA: É… eu tô decepcionadíssima com você. Sabia que era discípula da Alyra, mas não sabia que era X9. O que você tanto vê na Alyra, hã? Já colaram velcro?
NOÊMIA (sem entender): O que é isso?
VIOLETA: Esquece. Bom, Noêmia, por mais que eu esteja com uma vontade enorme de grudar nesse seu pescoço de galinha mal criada, eu vou deixar você ficar aqui.
NOÊMIA (se anima): Oi? Tá falando sério?
VIOLETA (sorrindo, fingindo gentileza): Claro.
Noêmia corre e abraça Violeta com força, que evita encostar na empregada a todo custo, com expressão de nojo.
NOÊMIA: Ai, nem sei como agradecer! Muito obrigada mesmo, viu?
VIOLETA: Não precisa agradecer, querida. Você foi muito falsinha comigo, mas eu, como sou uma pessoa muito humilde e imaculada, vou te dar essa segunda chance.
NOÊMIA: Mil obrigadas. Eu tava arrumando as malas, mas já tava ciente de que ia dormir na rua essa noite… Obrigada mesmo, amore.
VIOLETA: Sei muito bem como você vai me agradecer. Pode começar pela bagunça que eu fiz lá embaixo. Passar bem.
Violeta se retira, enquanto a expressão de felicidade de Noêmia se desmancha.
Cortamos para imagens aéreas de São Paulo amanhecendo e anoitecendo logo em seguida.
CENA 04: RUA/EXT./NOITE
Após saírem de uma pizzaria, Alyra e Silas estão andando pela rua do bairro, conversando descontraidamente.
SILAS (rindo): Jogou ela na piscina?
ALYRA: Joguei! joguei e jogaria quantas vezes fosse preciso. Aquela perua ridícula acha que é quem pra se meter comigo?
SILAS: Cê é engraçada, sabia? É mimada, mas engraçada.
ALYRA (ácida): Ah, mimada? (pausa) Tudo bem, talvez eu tenha sido mesmo... Mas você não entende, Silas. Eu sempre achei que tinha tudo. Dinheiro, status, um noivo perfeito… e no final descobri que era tudo de bijuteria.
Eles param e se sentam num banquinho de uma praça.
SILAS (sério): Tá falando do Rafael Valêncio? Aquele playboy que posava com você em capas de revista?
ALYRA (respira fundo): Do Rafael, dos outros, de mim mesma. Silas, eu achava que podia pisar em todo mundo, que nada ia me atingir. Mas olha pra mim agora… morando com a minha tia, gritando e vendendo coxinha no centro feito uma idiota… a antiga Alyra jamais se submeteria a uma coisa dessas. (encara Silas) Eu juro que tô tentando ser melhor, ser diferente (pausa) bem diferente da outra Alyra.
SILAS: Sofreu muito com a morte do seu pai, né?
ALYRA (emocionada): Eu achei que o meu luto seria pior, sabe? Por mais que meu pai faça falta, por mais que eu queria ter ido junto com ele no início, eu consegui uma força inexplicável, que eu não sei de onde vem… Meu pai era um querido, um gentleman… mas agora eu tenho certeza que ele tá do lado de minha mãezinha que eu sempre quis ter conhecido.
SILAS (baixa o olhar , triste): Eu nem sei quem é a minha mãe… fui abandonado em frente à casa do meu pai assim que nasci.
ALYRA (surpresa): O Jonas não é seu pai biológico?
SILAS: Biológico não é, mas é meu pai. O pai que me criou, que me educou, que me apoia na a minha profissão e que me ama. (pausa, enxugando as lágrimas)Bom, vamo parar com essa choradeira?
ALYRA (sorri, também secando as lágrimas) Que ódio de você! Me fazendo chorar feito uma criancinha!
SILAS: E aí, gostou do nosso programinha de meio de semana?
ALYRA (ri, sem graça): A antiga Alyra odiaria...
SONOPLASTIA: VOCÊ VAI VER - MAIARA & MARAÍSA
Silas encara Alyra. Ela percebe a troca de olhares e fica sem graça. Um silêncio profundo toma conta da cena.
SILAS: Você é tão linda…
Ele se aproxima lentamente do rosto da mocinha e começa a fazer carícias. A troca de olhares é cada vez mais intensa, enquanto os rostos estão cada vez mais próximos. Os lábios se encostam e o beijo acontece, ao som de “Você Vai Ver - Maiara & Maraísa”. A câmera se afasta da cena, mostrando de longe o casal se beijando. Corta para:
DUAS SEMANAS DEPOIS…
INSTRUMENTAL: ODETE ROITMAN - EDUARDO QUEIROZ, GUILHERME RIOS
O tempo passa e muitas coisas acontecem:
- Alyra e Silas começam a namorar.
- Alyra consegue uma reforma para a lanchonete da tia.
- Violeta bola novos planos para acabar com Alyra.
Cortamos para a fachada grandiosa da Bella Glamour, onde o sol e os grandes prédios refletem nos vidros do edifício da empresa.
CENA 05: BELLA GLAMOUR/SALA DE VIOLETA/INT./MANHÃ
Violeta está em sua sala, sentada na cadeira giratória, rodando sem parar, enquanto segura o celular.
VIOLETA (irritada): Olha aqui, seu imcompetente, então pode deixar! Se você não é capaz de me entregar a encomenda até amanhã de manhã, então pode ir me devolvendo o dinheiro agora mesmo! Sem mais! E se não devolver o pix, eu vou te denunciar pra polícia! Devolve agora, vagabundo!
Violeta desliga a ligação com força e joga o celular sobre a mesa com raiva, bufando. Do outro lado da porta, Verinha com um copinho de café amargo na mão, escuta tudo. Ao perceber o silêncio, ela decide entrar.
VERINHA: Tá nervosinha, chefinha? Trouxe esse cafezinho pra te acalmar… Bem amarguinho, do jeito que a senhora gosta.
VIOLETA: Mas o que é isso? Quem te deu permissão pra entrar na minha sala assim? E que vocabulários são esses? "Inho" "cafezinho" "Inho". Vira gente!
VERINHA: Ah, chefinha, a senhora não vai me demitir apenas por lhe trazer um agrado, vai? (ela se senta) Tava ouvindo aí… parece que te passaram a perna, né? Que barra. Hoje em dia não dá pra confiar em ninguém mesmo…
VIOLETA: Como é? Você tava ouvindo atrás da porta?
VERINHA (direta): O que era a encomenda?
VIOLETA: Eu não deveria te dar satisfações da minha vida, mas… ratos. A encomenda eram ratos. Roedores.
VERINHA (incrédula): Ratos? Vivos?
VIOLETA: Claro que vivos! Você acha que um rato morto assustaria alguém? Eu ia receber tudo amanhã cedo pra acabar com a reinauguração daquela lanchonetezinha da tia da Alyra… mas o idiota não vai poder entregar.
VERINHA: Olha, eu achei que a senhora não era tão inteligente assim, sabe? Ratos são ótimos pra acabar com eventos, principalmente quando o evento é de algum inimigo! (pausa, pensativa) Pera aí… eu tenho um primo que cria uns ratinhos no quintal… bichinho esperto. Mas eu tenho pavor!
VIOLETA (elogiando): Olha só! Você tá se saindo melhor que encomenda, garota. Literalmente.
VERINHA: Mas e aí, a senhora aceita os camundongos que o meu primo cria?
VIOLETA: Pra ontem! Quero esses animais acabando com a felicidade daquela cafonália.
VERINHA: Se for pra destruir a Alyra, a senhora pode contar comigo pra tudo, chefinha… eu odeio aquela desgraçada.
VIOLETA (maquiavélica): Não vejo a hora de ver aquela lanchonete mequetrefe lotada de pequenos roedores indefesos. Mas não vai se animando, não, queridinha, porque eu odeio gente puxa saco! Agora pode voltar a fazer o seu serviço! Anda!
Verinha se levanta enquanto resmunga.
VERINHA: Que mau humor. Credo!
Violeta a encara seriamente enquanto a outra vilã se retira da sala. Cortamos para imagens aéreas de São Paulo ao som de “La Plata - Jota Quest”.
CENA 06: PARQUE/EXT./DIA
A luz do sol ilumina o topo de várias árvores do parque, enquanto ouve-se sons de pássaros e conversas ao fundo. Rúbia e Rafael caminham tranquilamente.
RAFAEL: Então quer dizer que amanhã é a tal reinauguração daquele mausoléu que a tia da Alyra chama de lanchonete, é?
RÚBIA: Pois é… minha mãe bolou uns cinquenta planos pra tentar acabar com a festa, só não sei se vai dar certo isso… Olha, às vezes eu acho que minha mãe tá exagerando nessa guerra ridícula com a Alyra, sabe? Papai já deixou tudo o que tinha pra nós mesmo, não tem mais motivos pra continuar brigando…
RAFAEL: Sabe o que eu acho? Que a gente tem que esquecer que a Alyra existe e pensar só na gente. Eu te chamei pra passar a tarde comigo nesse parque, e não foi à toa.
RÚBIA: Não? Eu pensei que fosse só um passeio de casal…
RAFAEL: É muito mais que isso.
Rafael se ajoelha diante de Rúbia, que envergonhada, sorri sem graça, enquanto olha ao redor.
RÚBIA (sussurrando): Levanta daí, seu bobo! Tá fazendo o quê de joelhos?
Rafael leva a mão até o bolso interno de seu terno, retirando uma embalagem de anéis. Com um sorriso no rosto, ele abre a caixinha, que revela ter um anel brilhante lá dentro. Rúbia leva a mão até sua boca.
RÚBIA: O quê é isso, Rafael? Não vai me dizer que…
RAFAEL (sorrindo, firme): Rúbia Trajano, a senhora aceita este pobre homem como o seu esposo? Aceita se casar comigo, meu amor?
RÚBIA: Ca-casar?
RAFAEL (se levanta, desmanchando o sorriso): Sabia que você não ia aceitar… Já sei, você vai falar que tá muito cedo, que não é a hora… Eu vou te entender complet-
RÚBIA (interrompendo, por puro interesse): Mas é claro que eu aceito! É o que eu mais quero neste momento, meu amor, me casar com você!
SONOPLASTIA: SHAPESHIFTER - ALESSIA CARA
RAFAEL: Ju-jura? Cê tá falando sério?
RÚBIA (sorrindo): Seríssimo!!
RAFAEL (emocionado, pega nas mãos dela): Ah, Rúbia... você não sabe como eu sonhei ouvir isso!
RÚBIA (sorrindo, olhando firme nos olhos dele): E eu, Rafael... sonhei tanto. Desde menina, sempre quis me casar, entrar na igreja vestida de branco, o véu se arrastando pelo altar, os convidados com inveja… ai, amo.
RAFAEL: A gente não precisa esperar muito, né? Logo, logo vou até a igreja marcar a data do nosso casamento.
RÚBIA: Por mim, hoje mesmo a data já estará marcada.
Eles sorriem um pro outro. Ele faz um carinho na mão dela.
RAFAEL: Você vai ter tudo do bom e do melhor, meu bem. Tudo que você merece.
Os dois se beijam e a câmera se afasta, mostrando os dois abraçados. Por trás do abraço, focamos no olhar frio de Rafael.
UM DIA DEPOIS…
CENA 07: LANCHONETE JANETE 'S LANCHES/EXT./DIA
Todos estão reunidos na frente da lanchonete. Alyra segura a fita antes de cortar. Janete está com os olhos cheios d'água, emocionada.
JANETE: Eu tenho que te agradecer muito, minha sobrinha. Se não fosse por você…
ALYRA: Não precisa agradecer, tia, eu fiz tudo isso pela senhora, se bem que minha conta zerou... (olhando a lanchonete com orgulho) A lanchonete ficou linda! Eu te garanto, titia, que o movimento aqui vai triplicar a partir de agora.
JANETE: E a Violeta, hein? Será que vai aparecer por aqui?
ALYRA: Ela que não ouse colocar aqueles pés imundos dela aqui!
CORTA PARA: O OUTRO LADO DA RUA
INSTRUMENTAL: NA TRILHA DO SUSPENSE - SACHA AMBACK
Dentro de um carro encostado na calçada, estão Violeta, Verinha e o primo de Verinha. Todos estão disfarçados de fiscais de vigilância sanitária, com bonés, óculos escuros e máscaras cobrindo todo o rosto. Entre eles, uma caixa enorme que se agita descontroladamente.
PRIMO DE VERINHA (desesperado): Se a gente não soltar logo, eles vão sair sozinhos dessa caixa!
VIOLETA (furiosa): Segura essa caixa, imbecil! Se um rato aparecer agora, todo mundo vai saber que fomos nós!
VERINHA (tentando acalmar): Calma, chefinha… daqui a pouco a Alyra corta a fitinha, entra todo mundo pra comer… e aí a gente chega com o nosso teatrinho.
VIOLETA: Mal sabem eles o que vai ter de surpresa hoje… serão cinquenta ratinhos de presente.
A caixa se balança abruptamente. Um dos ratos quase escapa por uma fresta, e Verinha solta um grito, abafando com as mãos.
PRIMO DE VERINHA (ofegante): Olha, é melhor a gente se apressar. Esses bichos estão bravos demais.
VIOLETA: E é exatamente o que eu quero!
CORTA PARA: INTERIOR DA LANCHONETE
O celular de Alyra começa a tocar, e ela vai até um canto reservado para atender.
ALYRA: Alô. Noêmia?
CORTA PARA: MANSÃO TRAJANO/INT./DIA
O instrumental continua a tocar.
NOÊMIA: Ô dona Alyra, tô ligando pra dizer que já tô indo, viu? Vou levar tudinho que a senhora pediu. Os docinhos, o bolo… fiz tudo com amor e carinho. (pausa) Em meia hora eu chego ai, patroinha!
Noêmia desliga o celular e o guarda na bolsa, que está sobre o sofá. Ela então vai até a cozinha e encara o bolo por uns segundos.
NOÊMIA: Dona Alyra que me perdoe mas foi tudo comprado no supermercado.
De repente, algo começa a fazer barulho no sótão. Um rangido seguido de pequenos passos rápidos, como se alguém, ou alguma coisa, estivesse andando por cima da cozinha.
NOÊMIA (assustada, recuando um pouco): O que é isso? (grita) QUEM TÁ AÍ?
O barulho se intensifica, como se estivesse caindo algo.
NOÊMIA (sussurrando, nervosa): Ave Maria… o que será isso?
Ela pega uma escada encostada na parede e começa a subir devagar, olhando para cima com desconfiança.
NOÊMIA (falando sozinha, tentando parecer corajosa): Vai, Noêmia… você é forte, mulher de coragem. VAI!
Quando chega no topo, ela acende a luz do sótão e se depara com uma mulher de costas, imóvel.
NOÊMIA (rindo de alívio): Ah, era a senhora, né, dona Violeta? Quase que me mata de susto, mulher! Uh! Ai ai!
A mulher se vira lentamente. Seus movimentos são automáticos, e o rosto é idêntico ao de Violeta. Ela encara Noêmia fixamente.
NOÊMIA (dando um passo para trás): Dona Violeta, a senhora tá bem? Tá precisando de alguma coisa? Quer que chame o exorcista?
VIOLINDA (com voz robótica): Violeta… mulherzinha estúpida! Estúpida! Estúpida! Estúpida!
NOÊMIA: Oxi, que doideira é essa, dona Violeta? Tô começando a ficar com medo da senhora, se bem que eu já tenho né... Eu hein. Vamos descer, mulher, vem.
VIOLINDA (com voz metálica e sem emoção): Eu não sou Violeta. Eu jamais seria alguém como ela. Eu sou Violinda. Eu sou o que todos precisam!
NOÊMIA (gritando, quase tropeçando para trás): JESUS MARIA JOSÉ! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!
VIOLINDA (sem expressão, quase sem mexer a boca, gritando junto): AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!
CONGELAMENTO EM NOÊMIA.
Encerramos o capítulo 13 ao som de “Reza - Rita Lee” (tema de Violeta).
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