Quatro Por Um - Cap. 003 (24/09/2025)

 Quatro por Um - Capitulo 3



uma novela de:

Jacques LeClair


Direção:

Allan Fiterman

Leonardo Nogueira


Elenco:

Letícia Colin como Anabel Royal

Marcello Melo Jr. como Rafael Royal

Renato Góes como Miguel Royal

Sheron Menezzes como Isabel Royal 


Elenco em ordem alfabética 

Ângela Vieira como Eleonora Bonfim Alcântara 

Christiane Torloni como Selma Royal

Dan Stulbach como Celso Alcântara 

Emílio Dantas como Jorge Passos 

Felipe Bragança como Marcos Muniz de Albuquerque 

Giovanna Cordeiro como Solange Alcântara 

Herson Capri como César Barbosa

Lilia Cabral como Suely Muniz de Alcântara 

Lucinha Lins como Eliete Royal

Marcos Palmeira como Higor Calmon

Maria Eduarda de Carvalho como Maria Carolina “ Carol " Muniz de Albuquerque 

Mariana Sena como Luisa Silva

Mel Maia como Bianca Pinheiro Royal

Paulo Betti como Antônio Marcos Albuquerque 

Paulo Lessa como Joel Bastos

Renan Monteiro como Rui Dantas

Ricardo Pereira como Dr. Bernardo França 

Selton Mello como Sérgio Santos

Sophie Charlotte como Josie Pinheiro 

Stella de Freitas como Norma Junqueira 

Suely Franco como Vilma Celestino

Valentina Herszage como Helena Royal 


Participações especiais

Cosme dos Santos como Amadeu Neves

Cristiane Pereira como Rita Anjos

Irene Ravache como Noelita Palmeira

Kadu Moliterno como Cassiano Dias

Jonathan Haagensen como Salles


Atriz convidada:

Cássia Kis como Carmen Royal


Ator convidado:

Luis Melo como Pedro Rabelo



Cenas do capítulo anterior…


Carmen - Vamos entrar?

Cezar - Vamos sim, deixa que eu abro a porta.


Todos entram, e são recebidos com comidas voadoras. A guerra segue, Carmen e os acionistas são acertados pelos alimentos.


Carmen - Mas o que é isso? O que é que está acontecendo aqui?


Rafael e Anabel pausam a guerra e ficam assustados com o resultado da briga.





Cena 01: Prédio do Grupo Royal/Sala da Presidência/Manhã. Após a guerra de comida feita na sala da presidência, Carmen explode de raiva em relação aos sobrinhos.


Carmen - Posso saber o que aconteceu aqui? Mas isso é um absurdo, olha em qual estado vocês reduziram este salão?

Rafael e Anabel - A Culpa é dele/a. Não, a culpa é sua! 

Carmen - Eu não quero saber, todos os dois já para a minha sala! Precisamos conversar!

Cezar - Carmen, mas o que está acontecendo?

Carmen - Agora não, Cezar. Eu preciso ter uma conversa com eles. Me aguardem no salão principal, prometo não demorar. Vamos! (Carmen sai de cena, juntamente com os sobrinhos. Cezar se junta a um figurante de cena, comentando o que aconteceu)

Cezar - Mas quem são esses dois?

Figurante - Eu não faço a mínima ideia. Veja só o estado em que deixaram a sala da presidência. Só podem ser dois malucos.

Cezar - Não vejo outra razão… mas olha só, o estado do terno que eu comprei… vou precisar trocar.

Figurante - Pois vá rápido, qualquer coisa que a dona Carmen falar eu te passo.

Cezar - Eu agradeço (ele sai de cena)


Cena 02: Prédio do Grupo Royal/Escritório de Solange/Manhã. Nesta cena, Celso e Solange dialogam.


Solange - Guerra de comida? Eu não acredito.

Celso - Eu estou te falando… eu estava lá e vi, a sala ficou irreconhecível.

Solange - Mas quem são esses dois? Trabalham aqui?

Celso - Quem sabe. Ninguém conhecia, a não ser a dona Carmen, é claro.

Solange - Que estranho… e só entram lá os membros da diretoria. Eu nem consegui comparecer, tenho tantos processos para analisar. Quando eu achava que já estava acabando, chegavam mais.

Celso - Só você mesmo pra trabalhar em dia de festa. A dona Carmen suspendeu as atividades, e hoje é dia de comemorar.

Solange - Mas comemorar o que? Eu ouvi tanto o pessoal falar em comemoração, mas no final ninguém sabia do que se tratava.

Celso - Isso eu não sei. Mas guarda esses processos aí, e vamos ver no que deu essa agonia.

Solange - Calma, só vou olhar mais dois que sobraram. Me dê 1h.

Celso - 1h? Minha irmã, só você pra aguentar tanto trabalho.

Solange - É meu dever, e eu devo cumprir.

Celso - Você age como se só tivesse você para ver esses processos. Junto com você, tem mais dezenas de advogados para lerem esses processos.

Solange - Só que esse é o meu trabalho. Agora não atrapalha, porque tenho o que fazer.

Cena 03: Prédio do Grupo Royal/Sala de Carmen/Manhã.


Carmen - Mas que vergonha, que vergonha vocês me fizeram passar hoje. O que deu na cabeça de vocês de fazerem aquilo? 

Rafael e Anabel - A culpa é dele/a. A culpa é sua! 

Carmen - Já chega. Não façam com que eu me arrependa da atitude de promover vocês, até porque é a minha posição que fica em jogo com tudo isso. Por algum acaso é essa a atitude de um futuro presidente de um Grupo Empresarial? O avô de vocês nunca concordaria com uma atitude dessas, que é de se envergonhar. Agora eu preciso tomar uma atitude rápida para que não cancelemos a cerimônia.

Anabel - Tia Carmen, porque não realiza a cerimônia em sua casa? A sua casa é ampla, da para abarcar todo mundo. Além, claro, de levar a comida e a decoração para lá.

Carmen - Você tem razão. Ligarei para Vilma para preparar a casa, e logo em seguida para a comissão responsável. Não podemos adiar esse evento. (Ela liga diretamente para a sua casa, sendo atendida por Vilma)

Vilma - Alô? Quem fala?

Carmen - Vilma, é a Carmen. Preciso falar com urgência!

Vilma - Pode falar, estou a todo ouvidos.

Carmen - A cerimônia aqui no prédio não deu certo. Resolvi que tudo será feito em minha casa, podemos fazer assim?

Vilma - Claro, claro que conseguimos.

Carmen - Peça aos funcionários para fazerem uma limpeza, o pessoal do buffet logo irá chegar aí com a comida e a decoração. Chegarei em 1h.

Vilma - 1h? Mas é pouquíssimo tempo. Como farei para dar conta de tudo?

Carmen - Eu sei lá, Vilma. Dê seus pulos. Em 1h, entendeu?

Vilma - Certo, em 1h.


(Carmen desliga o telefone)


Cena 03: Casa de Miguel/Sala de Estar/Manhã. Miguel está arrumando sua roupa, e recebe telefonema. Ele vai em direção ao telefone fixo, e atende.

Miguel - Alô? Quem fala?

Carmen - Miguel? É sua tia, a Carmen.

Miguel - Tia Carmen, como a senhora está? Já estou terminando de me arrumar, para ir até a empresa. A cerimônia é na empresa, não é isso?

Carmen - Era justamente sobre isso que gostaria de falar com você. Mudamos a localização da cerimônia, ela será realizada em minha casa. Tente chegar dentro de 1h.

Miguel - Certo, tia Carmen. Foi bom a senhora ter me avisado. Então dentro de 1h estarei em sua residência. Mas afinal de contas, qual foi o motivo da mudança?

Carmen - Problemas internos (ela olha para Anabel e Rafael) algumas situações nos impediram de realizarmos dentro das próprias empresas, e precisei mudar a localização. Mas a solenidade será a mesma, assim como nós antecipamos a vocês.

Miguel - Está certo. 

Carmen - Até logo. (Desliga o telefone)

Miguel - Minha mãe! Mudanças de planos, a cerimônia será feita na casa da Tia Carmen.

Eliete - Qual o motivo da mudança?

Miguel - Eu não sei exatamente. Ela havia dito que por conta de problemas internos. Agora, quais problemas são esses, eu não sei.

Eliete - Bom, pelo menos ela avisou. Imagina você chegar lá, e não encontrar ninguém, do jeito que esse povo é. O que importa, é que você precisa estar impecável para essa cerimônia, e não como os alienados de seus primos.

Miguel - Qual a implicância que a senhora tem em relação aos meus primos? Qualquer coisa é motivo de criticá-los, e eu não gosto disso.

Eliete - Eu não tenho problemas contra ninguém. A questão é que, sendo sincera, nenhum deles tem o perfil que a empresa exige. Ao contrário de você, que é a cara do cargo. Não consigo pensar em ninguém a não ser você para assumir esse posto.

Miguel - A senhora que diz. Os vejo como pessoas extremamente competentes para o cargo, não é atoa que competiremos de igual para igual.

Eliete - Tudo isso porque, de herdeiros, só há vocês quatro. Não tem nada a ver com competências. A Anabel é uma boba, principalmente depois do divórcio. Parece que virou uma ameba, de tão insignificante. O Rafael é um completo fanfarrão, vive com se estivesse em um eterno carnaval, além da Isabel que não preciso nem comentar. Uma doceira que vive em uma vila infeliz nunca vai alcançar a presidência, até porque não vivemos em uma peça shakespeariana. Vivemos no mundo real. 

Miguel - Deixa disso. A senhora já está pronta?

Eliete - Estou. Falta pouco, só arrumar o vestido. Estou bem?

Miguel - Está ótima. 

Eliete - E sua noiva, não irá para a festa?

Miguel - Mas essa festa é de caráter corporativo, creio que só estarão lá os membros da diretoria do Grupo. Estou levando a senhora não só por ser minha mãe, mas também por ter sido mulher de meu pai, que era herdeiro. Acho que é justo. Mas a Carol, eu não acho que faria sentido estar lá.

Eliete - Sabe o que eu estou sentido de tudo isso? Que você não ama a Carol, e que está mantendo todo esse relacionamento com ela, por questão de imagem para com a família dela. 

Miguel - Não diga bobagens, mamãe. Não é nada disso que a senhora está dizendo.

Eliete - É sim! E digo mais, não magoe a jovem desse jeito. Ela não tem culpa que o relacionamento de vocês esfriou. É claro, gostaria muito de que você fosse membro da família dela, até porque é uma família de grande prestígio. Mas se for em detrimento de outros, eu prefiro que essa palhaçada se encerre.

Miguel - Não é nada disso. E por favor, vamos logo pois já estamos atrasados.

Eliete - Espere, deixe eu pegar o meu relógio e um colar, que não podem faltar (ela caminha saindo de cena.) 

Nesse momento começa a tocar “Pedacinhos" de Guilherme Arantes. Miguel caminha em direção ao sofá, sentando-se, enquanto a câmera lhe dá um close. A cena dura alguns segundos, marcando um momento de reflexão do personagem. Eliete chega em seguida, e a trilha segue tocando.


Eliete - Vamos, filho. Não quero perder essa festa por nada.

Miguel - Vamos, mãe. O carro já está pronto. 


A trilha marca a cena, que é dos personagens saindo de casa. 





Ao som de Êxtase - Barão Vermelho, imagens do trânsito do Rio, juntamente com imagens do corcovado dominam a cena. Logo em seguida, foco para a Isabel e a Helena saindo de casa às pressas para a cerimônia.


Cena 04: Vila (frente a casa de Isabel/Fachada/Manhã. 


Isabel - Vamos, filha, já estamos atrasadas. Já deveríamos estar lá.

Helena - Você ainda não me disse para onde vamos

Isabel - Eu ia deixar como segredo, mas terei que te contar de qualquer jeito. Vamos para a casa de sua tia Carmen.

Helena - A tia Carmen? A granfina?

Isabel - A própria!

Helena - Minha mãe, eu não acredito! Então vamos mesmo, vamos logo. Vai que eu encontro um granfino pra mim, aqueles velhos bem ricos.

Isabel - Helena, pelo amor de Deus! Você não consegue ficar sem pensar em dinheiro um minuto?

Helena - E você podia procurar um também, né? Sempre tem uns que ainda dá pro gasto. É que jovem rico é um pouco mais difícil de encontrar, mas coroa sim, é mais fácil.

Isabel - Eu não estou acreditando no que você está dizendo. Sabe o que você está precisando? Amizades, pessoas para conversar. Você não tem um amigo, um namorado. Aí fica nisso aí, pensando em bobagens.

Helena - Quem gosta de pobre é assistente social. Naquela faculdade não tem um riquinho pra dar em cima, então é melhor ficar na minha. Agora vamos, para não perdermos a hora.

Isabel - Vamos para o ponto de ônibus, passará um agorinha.

Helena - Ônibus? Você quer que a gente vá para a casa daqueles ricaços de ônibus? Você deve estar louca?

Isabel - Mas qual o problema, filha? Não vamos chegar no mesmo lugar?

Helena - Se quiser fazer sua caveira, você vai de ônibus. Vamos de carro de aplicativo, nem que eu pague

Isabel - Pelo amor de Deus, filha, é muito longe. Pra que pagar essa fortuna toda sendo que se ônibus é mais barato?

Helena - Mãe, você não vai me fazer passar vergonha, vamos de carro de aplicativo sim, e acabou.

Isabel - Eu não posso deixar. Pra que pagar uma nota preta dessas? Eu não vou deixar.

Helena - Olhe aqui, eu não quero passar vergonha por sua causa! Não mesmo, se você não quiser ir comigo, tudo bem, mas se for comigo, vai ser do meu jeito.


Isabel se entristece com a atitude da filha, que não abandona a mania de riqueza. Começa a tocar “Êxtase" - Barão Vermelho. Nesse momento, mostra a sequência de Helena e Isabel entrando no táxi. O carro sai, mostrando um pouco da trajetória do carro até chegar à residência. Rapidamente o carro chega lá, e mostra a Helena descendo, com vários closes e cortes fotogênicos de sua descida, semelhante a de uma modelo. Ela desfila até a entrada demonstrando poder ao som de sua música tema. Após o fim do tema, os músicos presentes na festa tocam arranjos instrumentais da trilha sonora.


Cena 05: Casarão Royal/Externas/Manhã 


Helena - Chegamos! Chegamos ao lugar dos sonhos!

Isabel - Falando sozinha, filha?

Helena - Jogando para o universo. Vai que se lembram de nós? (Elas caminham para dentro e são recebidas por Vilma)

Vilma - Vocês chegaram, já estávamos esperando. Essa é a Helena? Meu Deus, como ela cresceu (aperta as bochechas da jovem) e como está bonita! Puxou a mãe.

Helena - Obrigada…

Vilma - Vamos entrando, a Carmen está esperando por vocês.

Isabel - Filha, você pode ir indo, eu vou para o banheiro.

Helena - Banheiro não, mãe, toilette.

Isabel - Isso, pro toalete 

 

Ela sai apressadamente para o banheiro. Ao chegar lá, aguardando a saída de alguém do banheiro para poder utilizar, Celso sai e a cumprimenta. Ele logo percebe que conhece a moça 


Celso - Bom dia… (percebe que conhece a mulher) espere aí, eu te conheço de algum lugar.

Isabel - Pois eu não me lembro do senhor.

Celso - Eu lembro, lembro de você sim, só não consigo lembrar de onde…

Isabel - Olha senhor, o senhor deve estar me confundindo com outra pessoa, sim. Agora eu preciso usar urgentemente o banheiro, porque senão o estrago será maior.

Celso - Eu vou me lembrar de quem você é, pode ter certeza. Minha memória não falha… (Cezar chega em cena a procura de Celso)

Cezar - Celso, mas cadê você lá na cerimônia? Estamos te esperando. Só falta uma moça chegar, mas pelo que me disseram ela já está na festa.

Celso - Eu já vou. Eu estava apenas usando o banheiro. Só não entendo o porquê de sua animação toda… você está sabendo de algo que não estamos sabendo?

Cezar - Pare de falar besteiras. O mesmo que você sabe é o que eu sei. Vamos logo, que a Carmen está aguardando nossa presença. 

Celso - Vamos… (os dois saem de cena)


Todos vão para a externa da casa, aguardando a chegada de Isabel, que chega logo em seguida. Miguel, Anabel e Rafael estão sentados, e Isabel chega em seguida.


Anabel - Estávamos te aguardando.

Rafael - Pois é, se fosse pra demorar assim, avisasse antes.

Isabel - Desculpa, gente. É que houve uns imprevistos… (Carmen chega)

Carmen - Estão todos aqui? Ótimo, então podemos começar. E vamos, porque já está perto do almoço.


Carmen caminha em direção a um palco que foi improvisado, e pega um microfone. Todos ficam atentos.


Carmen - Um bom dia a todos, mais uma vez. Bom, como todos os senhores e senhoras sabem, nos reunimos aqui para um momento célebre, um momento que eu aguardei por muito tempo, e agora finalmente irá se cumprir. Desde os tempos de papai, a família Royal permanece intacta na presidência do Grupo Royal. Bom, nesse momento eu gostaria, e com muito prazer, de eleger novos diretores para trabalhar conosco neste tempo, e tenho certeza que desempenharão um excelente trabalho. 

Cezar - Eu não estou entendendo o discurso dela. Como assim diretores?

Joel - Eu acho que agora ela fará o nome. Na certa deve falar da presidência também.

Carmen - Além disso, eles serão testados, para mui breve assumirem o cargo de maior importância de todas as empresas, que é o cargo da presidência. 

Cezar - Ela falou da presidência! 

Joel - Eu estou dizendo… o cargo é seu!

Carmen - Pois bem, fazendo uso de meu cargo de presidenta do Grupo Royal, detentora da maior parte das ações das empresas, podem se aproximar Rafael, Anabel, Miguel e Isabel Royal. Para assinarem e a partir de hoje assumirem os seus respectivos cargos nas empresas pertencentes ao Grupo. 

 (Todos aplaudem e câmera dá um zoom em Cezar. A trilha instrumental Drama Free Moon - Mu Carvalho) enquanto Cezar sai de cena, arrasado. A cena corta para o banheiro, e ele entra, batendo a porta. Cezar corre em direção ao espelho, o encarando e desabafando)


Cezar - Eu não acredito… eu não acredito numa coisa dessas… eu trabalhei anos, anos esperando esse momento. Para que? Para o meu cargo ser passado para uns grandes moleques irresponsável (ele passa o braço, derrubando tudo o que estava no balcão). Mas isso não ficará assim, não vai não, eu não vou deixar isso acontecer! Ele sai de cena, e bate à porta de novo. Um objeto de vidro que estava no balcão cai, e se quebra. (Zoom no objeto)


Cena 06: Casarão Royal/Externas/Manhã - Os músicos seguem tocando arranjos instrumentais da trilha sonora, enquanto muitos personagens dialogam, conversando sobre a festa. Miguel e Eliete conversam:


Eliete - Meu filho, fiquei emocionada. Tenho certeza que seu pai está extremamente orgulhoso desse momento. Imagina ele, vendo você sendo empossado para um cargo desse nível, é de se orgulhar. Tenho certeza que sua noiva amaria estar aqui.

Miguel - Obrigado pelos elogios mãe, mas esqueça da Carol. Veja, é um evento completamente profissional.

Eliete - Qualquer mulher ficaria honrada de estar ao lado do namorado, noivo ou marido em um evento desses.

Miguel - Pois fique despreocupada, mãe. A Carol está tranquilissima.


Cena 07: Casarão dos Albuquerque's/Manhã/Sala. Carol grita em cena, enquanto Suely desenha croquis.


Carol - Eu vou matar o Miguel! Eu vou matar aquele desgraçado! (Joga um vaso de vidro pela escada)

Suely - Carol, pelo amor de Deus. Já perdi as contas de quantos vasos você quebrou só essa semana. O que é dessa vez, o que o Miguel fez?

Carol - Aqui, ó. Postaram uma foto lá na casa da tia dele, uma festa, e ele aparece na foto! E ele não me chamou!

Suely - A, não, Carol. Se você quebrar mais vasos por causa disso, eu terei que mandar você trabalhar pra pagar. Tenta resolver seus problemas entre vocês dois, não quebrando as coisas dentro de casa.

Carol - Pois eu já sei o que vou fazer. (Ela sobe as escadas agitada)

Suely - Tenho medo do que essa menina ainda vai aprontar…


(Carol entra no quarto apressada, ligando para um contato)


Carol - Alô? Salles? É a Carol. Você está muito ocupado esses dias?

Salles - Fala, gatinha. Tô nada! Esses tempos é só dureza.

Carol - Vou precisar de seus serviços, e pago bem.

Salles - Manda! Tô aceitando.

Carol - Vou te mandar uma mensagem sobre o que você vai precisar fazer!

Salles - Vem cá, galega. E aí, tu vai aceitar meu convite pra sair quando? Mó tempão que tu não me responde.

Carol - Tchau, Salles!


Cena 08: Casarão Royal/Tarde/Externa. Miguel já está agoniado com a festa e querendo ir embora.


Eliete - O que foi, meu filho? Não está se sentindo bem?

Miguel - Nada, mãe. É que a festa está meio chata… eu acho que já vou.

Eliete - Cedo assim? Mas acabamos de almoçar. 

Miguel - Eu sei, só que eu já não estou mais tão animado assim.

Eliete - Olha, sua tia está vindo ali. Carmen! Carmen, venha aqui. (Carmen se aproxima)

Carmen - Tudo bem, Eliete. Vocês estão se divertindo?

Eliete - O Miguel não está muito. 

Carmen - O que houve, Miguel? Não está gostando da festa?

Miguel - Não é isso… eu só estou com dor de cabeça.

Carmen - Eu peço para a Vilma trazer um remédio. Venha comigo.

Miguel - Está bem… (ele sai com Carmen)


Cena com Isabel e Celso. Isabel está sentada sozinha na mesa, e Celso chega.


Celso - Eu sabia que conhecia você de algum lugar… Isabel Royal. Minha memória não falha nunca!

Isabel - Eu não consigo lembrar de você de jeito nenhum… 

Celso - De rosto fica difícil, mas meu nome você lembrará. Celso Alcântara 


A feição de Isabel muda completamente. 





Celso - Mais de 20 anos, Bel. 

Isabel - Eu… eu realmente não esperava. Você mudou muito. 

Celso - A idade chega para todo mundo. Mas você continua a mesma coisa, impressionante. Mas me conte aí, o que tem de novo? 

Isabel - Não há nada de novo… continua tudo do mesmo jeito.

Celso - Você ainda mora naquela vila?

Isabel - No mesmo lugar.

Celso - Eu realmente fiquei muito feliz de ter lhe visto, depois de tantos anos. (Helena chega)

Helena - Mãe, cadê aquele meu batom? Vou precisar retocar (Celso observa Helena)

Celso - Essa é sua filha? (Isabel fica atordoada)

Isabel - É… é sim.

Helena - Se me procurar, estou lá próximo dos músicos. (Helena sai)

Celso - Não sabia que você era casada. Você está sem aliança.

Isabel - Eu fui casada. Hoje eu sou… viúva, isso, viúva. Meu marido morreu há muitos anos.

Celso - Meus pêsames. Ele era o que? Porque pode ter certeza que seu pai não deixaria você se casar com alguém inferior a patente dele (risos)

Isabel - Ele era da Marinha. Oficial da marinha. Morreu em uma missão, há muito tempo.

Celso - Oficial da marinha, e mora em uma vila?

Isabel - Por causa das amizades. Eu gosto de lá. E nenhum luxo me tirará daquele local. Agora eu preciso ir, vou ficar próximo de minha filha.

Celso - Espere, me passe seu contato, pra continuar nos falando. Mais de 20 anos que não nos vemos e 20 anos não são 20 dias.

Isabel - Depois, Celso, depois eu vejo isso. Agora eu preciso sair, sim? Até outro dia. 


Isabel sai de cena, e Celso a observa. Começa a tocar Rio Babilônia - Jorge Ben Jor, levando então por meio de paisagens de Copacabana, para o núcleo da pensão.


Cena 09: Pensão/Tarde/Sala. Higor chega com o celular, enquanto os personagens assistem tv.


Higor - Pessoal, vocês não acreditam onde a Helena e a Isabel estão?

Rita - Onde, Higor?

Higor - Na casa da granfinona. Um baita de um festão, e nem nos chamou.

Noelita - E onde é que você viu isso, Higor?

Higor - A Helena postou. Acho que vou dar um pulinho lá.

Noelita - Vá, vá lá mesmo. Vão te expulsar na base da cacetada.

Higor - Ih, até parece que a Isabel vai deixar. Se ela é nossa amiga mesmo, ela vai deixar a gente entrar.

Amadeu - O Higor tem razão. Se ela é nossa amiga, ela não vai mandar a gente embora.

Noelita - Vocês tem que entender uma coisa, aquela festa lá não é pra gente como a gente não. É de gente importante.

Higor - Pois eu vou lá. E mostrar que a Isabel não é igual essa gente toda não.

Rita - Eu acho que eu vou também. Afinal, a Isabel é nossa amiga, precisamos comemorar.

Amadeu - Eu tô com eles dois.

Noelita - Vocês devem estar brincando. Parem de ser intrometidos, e não vão pra um lugar onde não te chamaram.


(Pedro entra pela porta ouvindo um radinho)


Pedro - Que barulheira toda é essa? 

Noelita - Me diga, seu Pedro, como é que o senhor resolve ir pra um lugar onde não se é convidado? É ou não é falta de ética?

Pedro - Mas é claro que é falta de ética. Onde já se viu entrar na casa dos outros sem ser convidado? Mas, que mal lhe pergunte, onde é a casa?

Higor - É aquele casarão dos Royal.


Pedro muda de feição, como se escondesse algo.


Pedro - Vocês vão à casa dos Royal?

Rita - Queremos ir sim.

Pedro - Sobrou alguma vaga pra mim?

Noelita - Eu não acredito no que estou ouvindo, Pedro. Até o senhor quer andar no meio dessa fanfarra toda?

Pedro - Ora, não se meta, dona Noelita. Esse é um assunto meu.

Noelita - Pois eu desisto de entender vocês… a minha vontade é que vocês cheguem lá e sejam escorraçados. E de preferência, que apareça nos jornais. 

Higor - Mas cadê o Sérgio e o Cassiano? Eu tenho certeza que eles irão.

Noelita - Eu tenho é medo de saber onde esses dois estão, isso sim. Basta se juntar e já acontece besteiras.

Amadeu - Pois não é nada disso. Eles foram consertar uma fiação lá do quarto da Rita.

Noelita - Mas de luz acesa? Onde já se viu consertar fiação com o interruptor aceso?


Acontece um apagão na casa, e ouvem um estouro.


Amadeu - Mas o que foi isso, minha gente? 

Rita - É assalto! Me socorre, me socorre!

Noelita - Cala boca, Rita! Eu mato aqueles dois!! 


Sérgio e Cassiano chegam cambaleando, com as roupas queimadas.


Sérgio - Dona Rita, a gente conseguiu resolver a fiação do seu quarto.

Rita - O que vocês resolveram?

Cassiano - Antes não pegava apenas uma tomada, agora nenhuma tomada está funcionando.

Noelita - Eu vou quebrar a cabeça de vocês dois! Eu vou!


Começa a tocar Mambo Jambo - Perez Prado, enquanto Noelita corre com um tamanco em mãos para bater em Cassiano e Sérgio. A cena acontece no estilo cinema mudo, com cenas rápidas e o instrumental rolando. Cena de 20s, no final acabam apanhando da dona Noelita.


Cena 10: Casarão Royal/Tarde/Externa. Anabel está sentada em uma mesa tomando sua bebida, e mexendo no celular, e Jorge aparece para conversar com ela.


Jorge - Boa tarde!

Anabel - Boa…

Jorge - Estava te vendo de longe e percebi que a senhorita estava sozinha. Gostaria de companhia?

Anabel - Não é que estou sozinha, é que quero ficar sozinha.

Jorge - Mas não é elegante que uma dama fique sozinha em locais públicos. Bom, eu também não conheço ninguém aqui nesta festa, acabei ficando deslocado.

Anabel - Se você não conhece ninguém aqui, o que faz na festa?

Jorge - É que sou o novo contratado, eu trabalho no setor financeiro. E como fui contratado a pouco tempo, não possuo amizades.

Anabel - Entendi. 

Jorge - Posso me sentar?

Anabel - Claro, sente-se.

Jorge - Estou sentindo a senhorita um tanto abatida. Pela cerimônia, deveria estar feliz.

Anabel - Não, eu não estou abatida. É o meu jeito. E por favor, não me chame de senhorita, até porque já fui casada.

Jorge - Então a senhora é viúva?

Anabel - Divorciada. E por favor, não me chame de senhora. Me chame de você.

Jorge - Sim, senhora. Digo, sim…

Anabel - E como você se chama?

Jorge - Jorge, você é a Anabel, estou certo?

Anabel - Certíssimo.

Jorge - Pelo visto terei uma nova jornada em aprender os nomes das pessoas. 

Anabel - Não vá com tanta sede ao pote. Geralmente esse pessoal do empresariado são muito chatos com esse tipo de relacionamento. A maioria aceita apenas ser chamado de senhor, senhora…

Jorge - Bom, minha amiga… eu posso te chamar de amiga, posso? É que eu não tenho amizades com ninguém ainda, e você a única pessoa que eu conversei até agora.

Anabel (risos) - Pode… sua educação me chama muita a atenção, às vezes chega a ser engraçado.

Jorge - O que? Eu não falei bem?

Anabel (risos) - Falou, claro que falou. É que é muito difícil encontrar pessoas assim nos dias de hoje.

Jorge - Isso é verdade. É que eu estudei muitos anos na Suiça, sabe, então muitos desses modos eu aprendi lá. Inclusive, em uma boa temporada que passei na Europa eu aprendi muita coisa, inclusive a cozinhar. Faço uma paella como ninguém.

Anabel - Não diga? Eu amo paella!

Jorge - Pois farei uma especialmente para você.

Anabel - Fico muito feliz. 


A câmera corta para Solange (Giovanna Cordeiro) rindo muito com alguns estagiários homens, e o foco vai para Joel, que se sente enciumado. Ele se aproxima e puxa Solange pelo braço para longe. Solange não entende e se revolta.


Solange - Me solta! Me solta, Joel!

Joel - Vem cá, que história é essa de você está de gracinha pra cima de outros homens, hein?

Solange - Gracinha? Eles são meus amigos, trabalham comigo. E saiba de uma coisa, eu e você já não temos mais nada, então trate de se pôr no seu lugar!


Os dois começam a discutir


Anabel - Mas o que é aquilo que está acontecendo?

Jorge - O que houve? Eles estão discutindo?


A discussão se aflora, e chama a atenção de Rafael, que vai para próximo dos dois. Nesse momento começa a tocar o instrumental Roque Santeiro Tensão. Joel continua segurando o braço de Solange, e ela tenta sair.


Rafael - Posso saber o que está acontecendo aqui? Largue ela, rapaz!

Joel - Você não se meta!

Rafael - Eu estou mandando você largar ela!


Um clima tenso toma conta do ambiente. O mesmo arranjo instrumental toca, focando em Rafael, encerrando assim o capítulo do dia, com a imagem se partindo em quatro. Encerramento ao som de Só Você - Vinícius Cantuária 


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