Amor Inventado - Segundo Capítulo

 



AMOR INVENTADO - CAPÍTULO 02

ARGUMENTO DE TAÍS GRIMALDI

ESCRITA POR COLBY


CENA 1: SALÃO DO COPACABANA PALACE/ INT/ NOITE

Isabella, saindo da confusão em passos rápidos, esbarra em Marcelo, que deixa cair champanhe no vestido dela.

Marcelo - Droga!

Isabella - (sem acreditar) Não olha pra frente não, filho da mãe?

Isabella e Marcelo se olham.

Isabella - Tinha que ser um homem que não olha pra onde anda, em quem pisa… 

Marcelo - Desculpa, mas foi você quem bateu em mim… 

Isabella - (cortando) Mas vocês resolveram fazer um ataque coordenado contra mim, né? Pra destruir a minha noite! 

Marcelo - Eu já te pedi desculpa, o que você quer que eu faça?

Isabella - Sua desculpa não vai tirar a mancha do meu vestido, olha só… Arr

Isabella sai andando em direção a saída. Marcelo pensa dois segundos, por algum motivo que nem ele sabe, segue ela.

Isabella para em frente ao elevador e aguarda, Marcelo se aproxima.

Isabella - Ah, não! Tá me seguindo por quê?

Marcelo - Nem eu sei direito… Eu só não queria que você saísse assim, talvez você precise de ajuda. 

Isabella - Da sua? Não, muito obrigada! E esse elevador que não chega! 

Marcelo - Você tá com ódio do mundo ou só de mim mesmo? 

Isabella - Você pode ter certeza que não é nada pessoal, não se dê tanta importância. 

Marcelo ri. 

Isabella - Tá rindo de que, hein? Seu otário! Escroto!

Marcelo - Xiiu… Alguém pode ouvir… Cadê as boas maneiras?

Isabella - Pergunta pra tua mãe onde ela guardou… 

O elevador abre, Isabella entra, Marcelo entra atrás. 

Isabella - Que foi? Se apaixonou por mim ou devo começar a gritar?

Marcelo - Eu achei que você fosse uma mulher séria, no mínimo mais equilibrada. 

O elevador fecha e começa a descer.

Isabella - Peraí… (caindo em si) Eu conheço essa tua cara de cafajeste… Claro, é aquele atorzinho né… 

Marcelo - Atorzinho não! Agora me ofendeu! Talvez se eu tivesse fazendo uma novela sua com o texto que você escreve, aí sim minha atuação poderia sair prejudicada, porque eu posso ser o Santo, mas eu não faço milagres… 

Isabella - Sabia que você nem é tão bonito assim pessoalmente… Engraçado né, eu te achei meio acabado… 

Marcelo - (ri de nervoso) Acabado, eu? Eu fui eleito o homem mais sexy do Brasil no ano passado, minha filha! 

Isabella - Eu até imagino quem votou nisso, deve ter sido a sua mãe, a sua tia… 

De repente o elevador emperra, a luz cai, mas volta três segundos depois… 

Isabella (nervosa) Que isso?

Marcelo - Quebrou! 

Isabella (apertando os botões desesperadamente) - Mas isso é um absurdo, isso é o Copacabana Palace! 

Marcelo - O jeito é esperar, daqui a pouco eles consertam… 

Isabella - Tá vendo, a culpa é sua! 

Marcelo - Minha??

Isabella - Mas é claro que é! Se você não tivesse me seguido pra me aporrinhar, nada disso teria acontecido! 

Marcelo - Você é maluca! Que que eu tenho a ver com isso? Você que deve tá com algum encosto… 

Isabella - Você e o André se uniram pra acabar comigo…

Marcelo - Quem é André?

Isabella - Mas vocês não vão conseguir me tirar do eixo, não… Sabe por que? Porque eu to com a terapia em dia, meu querido… 

Marcelo - Qual é o seu laudo? 

Isabella - Que laudo?

Marcelo - Borderline, bipolaridade… 

Isabella - Por que? Você toma remédio também?

Marcelo - Tomo… Eu tenho depressão, ansiedade, TDAH… 

Isabella - (se encosta na parede ao lado dele, baixando a guarda) Ansiedade é o básico… TDAH também, quase todo mundo tem… Até nisso você é completamente previsível... 

Marcelo - É… 

Silêncio ensurdecedor… 

Isabella - (ficando inquieta) Ai, tá me dando uma agonia… 

Marcelo - Que foi? Você é claustrofóbica? 

Isabella - Eu não sei! Quer dizer… Eu nunca fiquei presa dentro de um elevador pra saber… Você também não tá sentindo o ar cair um pouco? Ficar pesado?

Isabella começa a ficar fraca e a cair, Marcelo segura ela.

Marcelo - Calma! Se você ficar nervosa é pior… Respira! (bate na parede) VOCÊS NÃO VÃO CONSERTAR ESSA MERDA NÃO?? Calma! Senta, respira! 

Isabella senta. 

Marcelo - Respiração diafragmática lembra? Isso deve ser uma crise de ansiedade…

Isabella faz a respiração, Marcelo ajuda, colocando a mão na barriga dela.

Marcelo - Isso, respira enchendo a barriga, segura… solta… De novo…

Eles repetem isso várias vezes até Isabella ir se acalmando. A mão dele repousa sobre a mão de Marcelo. Eles ficam se olhando. 

Isabella - Será que aqui tem barata? 

Marcelo - Pelo amor de Deus… VOCÊS NÃO VÃO CONSERTAR ESSA PORRA NÃO???

Isabella - Barata cascuda, da perna cabeluda, ai que nojo… 

Marcelo - Agora eu tenho certeza que você é doida, e você vai ficar doida aí sozinha, bem longe de mim! (levanta)

Isabella - Você tá indo pra onde?

Marcelo - Quando abrirem essa porta, pra bem longe de você! 

Isabella - (levanta) Não me deixa sozinha, por favor!... Eu só tenho você! 

Marcelo - Você usa droga?

Isabella - Você é a única pessoa que se preocupou comigo hoje… 

Marcelo - E agora eu to fudido… 

Isabella - Você veio atrás de mim…

Marcelo - Porque eu sou um otário, um escroto!

Isabella - Querendo saber se eu tava bem… 

Marcelo - Antes eu tivesse ficado na festa, você morria aqui sozinha! 

Isabella - Você não é assim!

Marcelo - Assim como?

Isabella - Rude… Você é gentil…

Marcelo - Você me esculhambou e agora tá querendo o que? Olha que o elevador tem câmera e nós dois somos pessoas públicas… 

Isabella - Eu quero te agradecer… 

Marcelo - Já tô aqui mesmo, uma rapidinha… 

Marcelo empurra Isabella com força na parede do elevador, encostando o rosto no dela. Os narizes se esfregam, e os olhares se penetram. Isabella já está completamente entregue, frágil. Marcelo a beija devagar. Um beijo que vai ganhando um ritmo intenso.

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