AMOR INVENTADO - CAPÍTULO 04
ARGUMENTO DE TAÍS GRIMALDI
ESCRITA POR COLBY
CENA 1: BANHEIRO FEMININO/ COPACABANA PALACE/ INT/ NOITE
Bia toda rasgada, chora de desespero, não sabe o que fazer. Resignada, ela estufa o peito e toma fôlego.
Bia - Se a vida te dá um limão, faça uma limonada.. (se admira gostosona no espelho)
Corte rápido para
CENA 2: SALÃO DE FESTA/ COPACABANA PALACE/ INT/ NOITE
Música: Head Over Heels - Tears For Fears
De dentro da multidão de convidados e garçons, Bia surge poderosa, em câmera lenta, completamente nua, usando apenas seu salto alto e suas joias.
Close em Marcelo e Paola chocados, boquiabertos. Bia para no meio do salão e vira a sensação. Ela balança o cabelo em câmera lenta como num comercial da pantene, e posa para os flashes dos fotógrafos e câmeras de celular. Logo a festa vira tumulto em volta dela.
CENA 3: APARTAMENTO DE MARCELO/ SALA DE ESTAR/ INT/ NOITE
A música continua aqui.
Ambiente luxuoso, mas escuro, as luzes estão apagadas, apenas o amarelo de algum abajur próximo, e a discreta e potente luz da lua que entra pela sacada e ilumina o rosto reflexivo e distante de Marcelo. Algo mudou.
Paola se aproxima dele vagarosamente sem ser notada.
Paola - Eu tô indo embora, daqui a pouco o César começa a buzinar…
Marcelo - Tá bom. (volta pro seus pensamentos)
Paola pega o queixo dele com as mãos e vira o rosto dele para si.
Paola - Eu disse pra você que o olhar de um homem só brilha assim em duas ocasiões, quando ele faz amor, ou quando ele está apaixonado… E eu espero que seja só sexo.
Marcelo encara Paola nos olhos, mas não fala nada, ele está imune a qualquer provocação, ele está em paz, a paz que só uma gozada oferece.
Paola sai hesitante, deixando algo precioso para os lobos - ou lobas.
CENA 4: APARTAMENTO DE REBECA/ SALA DE ESTAR/ INT/ NOITE
Rebeca e Isabella estão no sofá juntinhas vendo tv, uma cena melodramática de uma novela escrita por Isabella passa na tela. Elas comem brigadeiro, porque doce acalma a alma - eu ouvi da boca da criatura mais fascinante da face da terra, e ele tem razão -
Rebeca - Como você escreve uma… porcaria dessa?
As duas se olham e caem no riso.
Isabella - Eu escrevi essa novela, a ideia dela surgiu, na verdade, quando eu e o André estávamos em lua de mel…
Rebeca - Tá explicado esse pavor todo.
Isabella - Ai como você é insensível, você nunca foi brega por amor? As pessoas são bregas quando elas amam, elas se sentem divinamente inspiradas.
Rebeca - (irônica) E sabe o que inspira mais ainda? Dor de cotovelo! Você toma um fora e sua vida acaba, parece que nada em volta mais faz sentido, aí você tem duas opções: você se mata em vida, ou faz arte. De péssima qualidade, de preferência, iguais os seus sentimentos de abandono, medo de rejeição, apego ansioso…
Isabella - E você não tem esperança?
Rebeca - No que?
Isabella - No amor!
Rebeca - Olha pra você, uma mulher de sucesso, que acha que ainda ama o ex marido… Que acabou o casamento porque não suportava mais ele… Você nunca vai se sentir completa enquanto você olha pra trás.
Isabella - (carente) Eu posso dormir aqui?
Rebeca - Pode né… Agora quem não vai conseguir dormir sou eu, que amanhã tenho que acordar cedo e atender. Eu deveria ter feito aquele concurso público…
Isabella - Eu não queria dormir sozinha hoje.
Rebeca - Eu sei, quando a gente se sente muito feliz, a gente fica triste. Vamos pra cama! Você tem sorte de eu não ser sapatão, se não eu te comeria. Hoje você só precisa de alguém que fale o que você quer ouvir, ou que trate do jeito que você gostaria de ser tratada, que você não só vai pra cama, como também dá o seu coração. Mas eu tô aqui te abraçar.
Rebeca e Isabella se abraçam e nada mais é necessário.
CENA 5: DENTRO DO CARRO DE CÉSAR/ INT/ NOITE
César dirige e canta muito alegre e expressivo ouvindo sua playlist (toca Joanna Francesa). Paola séria, preocupada, ao lado.
César - GEME DE PRAZER E PAVOR!!!
Paola - Quer parar de berrar que eu não sou surda?
César - JÁ É MADRUGADAAA, ACORDA, ACORDA, ACORDA, ACORDAAA
Paola - AI QUE MERDAAA! (tira da música)
César - Qual é, Paola? Todo mundo tem que entrar na mesma fossa que você? Sabia que a alegria contagia?
Paola - Deve contagiar pessoas idiotas como você, que riem à toa com qualquer coisa.
César - Pessoas como eu, que riem de estarem vivas, das coisas simples da vida, de momentos como esse… São muito mais felizes!
Paola - Se você começar com positividade tóxica, eu prefiro pular do carro! Antes o asfalto a uma pessoa insuportavelmente feliz!
Paola - Ninguém pode ser feliz 100%, feliz o tempo todo, tem que ter uma desgraça acontecendo na sua vida… se você não tem um pouco de tristeza, então você não tem caráter!
César - Tá com inveja do corpo da menina? Ela roubou a cena!
Paola - Deixa ela aproveitar um pouco… Eu também já tive a idade dela. Eu não posso voltar a ter a idade dela… Mas um dia ela vai ter a minha.
César - E com todo o respeito que um ex marido pode ter, você sempre foi e sempre será muito mais gostosa que ela!
Paola - Ai César, não começa. Eu não tô boa hoje!
César - Mas você nunca tá boa pra mim… Mas tudo bem, eu sou resiliente, eu sei que você sempre volta…
Paola - NUNCA MAIS! Entendeu? NUNCA MAIS! Eu falei que aquela era a última recaída. Aliás, foi um ato de piedade, porque eu realmente tenho pena de você!
César - Não tem problema. O que importa é que eu te amo e você sempre volta pra minha cama!
Paola (irritada, dá um tapa no braço dele) - Para de ser grosso!
Começa a tocar no som do carro a música Eu E A Brisa - Baby do Brasil.
César - Ficasse aqui comigo mais um pouco, eu poderia esquecer a dor de ser tão só, pra ser um sonho…
César canta em tom provocativo. Paola perdendo a paciência.
César - FICAAA, OH BRISA FICA POIS TALVEZ QUEM SABE, O INESPERADO FAÇA UMA SURPRESA, E TENHA ALGUÉM QUE QUEIRA ME ESCUTAR E JUNTO A MIM QUEIRA FICAR…
Paola o encara com ódio, que se diverte.
César - Canta Paolinha, você não gostava dessa música?
Paola (irritada) Para esse carro!
César (rindo) Que isso?
Paola - Eu quero descer!
César - Tá louca??
Paola - EU QUERO DESCER!!!
Paola mete a mão no volante, César quase perde o controle e freia abruptamente. O carro desliza pela pista e para no meio.
César - Tá doida?? Quer matar a gente por causa do seu mau humor?
Paola - Eu prefiro pegar um uber, pegar um táxi, pegar um moto uber, ou ficar no meio da rua que olhar pra sua cara!! (tira o cinto e desce do carro e sai andando pela pista)
César - (desce também) Que coisa mais infantil, Paola! (rindo) Parece que perdeu concurso de miss da escola…
Paola - VOCÊ CALA A BOCA! Eu não perdi nada porque eu não estou disputando nada!
César - Não?
Paola - César… Você não quer que eu te mate aqui, né?
César - Você perdeu o concurso do coração do Marcelo!
Paola pula em cima de César, furiosa e começa a dar tapas nele, enquanto xinga.
César - Não adianta me bater, Paola! Você perdeu ele como eu te perdi… Somos dois desgraçados no amor, por isso consumimos um ao outro. Você tem que encarar essa realidade e aceitar que tem coisas que estão fora do seu controle, como o amor do Marcelo… Ele foi seu, enquanto durou, do mesmo jeito que você foi minha. E do mesmo jeito que eu como as migalhas que você deixa cair pelo chão, você faz o mesmo por ele.
Paola fica em silêncio, se sente humilhada.
César - Por que você não volta pra mim? Eu te dou tudo, te dou o meu amor e minha adoração infinitos!
Paola - Não dá pra confiar em ex marido né? Ainda mais em você que tem cara de tarado!
César - Você não aceita que perdeu, e aí qualquer gesto vira esperança… Ele nunca vai te querer de volta. Mas eu te quero!
Paola - Mas eu não quero você! Eu não quero a sua adoração, muito menos o seu amor! Você não me interessa como homem! Eu tenho pena de você, e é por isso que eu não te corto de vez da minha vida!
César - Mentira, é que sou o seu maior fã! Seu ego não pode viver sem mim, você não aguenta 5 minutos sozinha.
Paola - É por isso que eu deixei de te amar, e sentir qualquer admiração por você. Você me trata como celebridade, eu te trato como fã.
César - E ficamos nessa, você não me quer e o Marcelo não te quer… E ninguém vence o jogo!
Paola - Você não tem amor próprio!
César - E se você tivesse? Você estaria aqui?
Silêncio. César encosta no carro. Eles já estão cansados de tanto falar.
César - Vem comigo, você não tem opção, nenhum de nós temos. Cada um tem a glória e a maldição que merece.
Paola cede, com um suspiro de cansaço e derrota.
CENA 6: APARTAMENTO DE REBECA/QUARTO/INT/MANHÃ
Isabella acorda lentamente ao escutar gritos chamando pelo seu nome, que começa baixinho e vão aumentando à medida que ela toma consciência de novo.
ISABELLA!!!!
Isabella vai pra janela e dá de cara com André lá embaixo, empunhando um buquê de flores na direção dela.
André - ISABELLA, MEU AMOR ME PERDOA!
Isabella fica confusa e envergonhada ao mesmo tempo.
Um vizinho grita: Cala a boca, arrombado!
Uma vizinha grita: Filho da puta!
Alguém joga um balde com água suja em André, que se molha parcialmente.
André - TÁ VENDO? EU GASTEI O ÚLTIMO DINHEIRO QUE EU TINHA NISSO (levantando o buquê). EU TÔ A ZERO, NÃO TENHO NEM O QUE COMER! EU TÔ SENDO XINGANDO, JOGARAM UM BALDE COM ALGUMA COISA QUE EU NÃO SEI EM CIMA DE MIM… MAS EU TÔ AQUI, FIRME, ME HUMILHANDO POR VOCÊ! ESQUECE TODAS AS BESTEIRAS QUE EU DISSE, EU PRECISO DE VOCÊ!!
Isabella não sabe onde enfiar a cara, mas ao mesmo tempo, está com pena de André.
Rebeca se aproxima da janela, falando no pé do ouvido de Isabella.
Rebeca - Você não descer e der uma facada nele, eu vou lá e faço!
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