🌊 GOLPE AO CORAÇÃO - CAPÍTULO 02

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GOLPE AO CORAÇÃO 
CAPÍTULO 02

CENA 01. DELEGACIA. NOITE. INT

Carmen e Inácio estão parados próximos à parede, próximos um do outro.

CARMEN (com firmeza, olhando nos olhos dele): Case-se comigo.

INÁCIO (boquiaberto, confuso): O quê?

CARMEN (sem desviar o olhar): Se você se casar comigo, eu pago a fiança do seu pai.
E não só isso. Prometo que você e ele terão uma vida melhor.

Inácio desvia o olhar, atordoado.

INÁCIO: Carmen, isso é uma loucura... Você não pode estar falando sério.

CARMEN (calma, decidida): Nunca falei tão sério na minha vida, Inácio. Eu gosto de você. E sei que juntos podemos construir algo bom.
Você não precisa viver se arrastando por aí, lutando sozinho. Eu posso te oferecer estabilidade, conforto, paz.

Ela dá um passo à frente.

CARMEN: Basta dizer "sim".

Inácio abaixa a cabeça. Ele respira fundo, sem saber como reagir.

INÁCIO (quase sussurrando): Eu realmente não sei o que dizer...

Ele recua um passo.

INÁCIO: Eu... vou ver meu pai.

Ele se afasta, caminhando até a cela. Carmen fica sozinha, imóvel, tentando conter a emoção. A câmera foca em seu rosto.

CENA 02. CASA DE MERCEDES. SALA. NOITE. INT.

Mercedes anda de um lado para o outro, nervosa. Amparo, sentada numa cadeira de balanço, observa a filha com ternura.

AMPARO (calma):Minha filha, por que não se acalma?

MERCEDES (angustiada): Ai, mamãe… já é noite e o Inácio ainda não apareceu. Ele me prometeu que viria pedir minha mão… E se tiver acontecido alguma coisa?

AMPARO: Deve ter tido algum imprevisto.
Você sabe como esses homens são… sempre ocupados, sempre deixando a gente esperando. Mas ele vem, não se preocupe.

MERCEDES (suspira, inquieta): Mas… algo me diz que isso não é apenas um atraso.

AMPARO (com leveza): Não vá criando tempestade antes da hora. Confie nele.

MERCEDES (abaixando o olhar): Mesmo assim, é difícil não pensar no pior…

AMPARO: Pois pare com esses pensamentos, menina! Sente-se um pouco, respire… relaxe.
Ele deve estar a caminho.

Mercedes se senta ao lado da mãe, ainda aflita, mas tentando se conter. A câmera se afasta suavemente, revelando as duas mãe e filha.

CENA 03. CASA DE RODRIGO. ESCRITÓRIO. NOITE. INT

Rodrigo está à mesa do escritório, mergulhado em papéis e pastas abertas. Ao fundo, uma lareira apagada.

Uma batida discreta na porta.

RODRIGO (sem desviar os olhos): Entre.

Celine entra devagar, vestida com elegância discreta. Fecha a porta suavemente atrás de si.

CELINE (gentil): Vim avisar que o jantar está pronto… Rodrigo, você vive trancado nesse escritório. Não tem mais tempo para nada.

RODRIGO (ainda concentrado): Obrigado pela preocupação, Celine. Mas o trabalho virou meu refúgio.

CELINE: Já fazem oito meses desde que minha prima partiu. É um luto profundo, eu sei. Mas… você precisa seguir em frente.

RODRIGO (a voz falha um pouco): Eu tento, Celine. Mas é difícil. Ela era tudo pra mim. Cada canto desta casa me lembra dela…

Celine se aproxima devagar. Toca as mãos de Rodrigo com suavidade, olhando nos olhos dele.

CELINE (com delicadeza): Você precisa viver de novo, Rodrigo. Há quem se preocupe profundamente com você. Quem sabe… até um novo amor?

Rodrigo hesita. Seus olhos se perdem nos dela por um instante… e então, com pesar, afasta suas mãos.

RODRIGO (com tristeza contida): Acho que não tenho mais esperanças para o amor, Celine. Meu coração… parece que morreu junto com ela.

CELINE (tentando sorrir, resignada): Eu entendo… Mas o tempo cura, Rodrigo. Não se feche completamente pro mundo. (Pausa) O aviso está dado. Vou te aguardar na sala.

Ela se retira com elegância, deixando Rodrigo sozinho, imóvel. Ele permanece olhando para o vazio, refletindo.

CENA 04. DELEGACIA. NOITE. INT.

Alfredo se aproxima das grades onde está Inocêncio, sentado no chão, abatido.

INOCÊNCIO (erguendo-se rapidamente): Meu filho, ainda bem que você veio. E então? Quando posso sair daqui?

INÁCIO (sério): Pai… o senhor se meteu numa encrenca daquelas. A única forma de sair é pagando a fiança. E não é nada barata.

INOCÊNCIO (nervoso): E agora? O que vamos fazer?

Inácio hesita. O rosto dele entrega o dilema.

INÁCIO (quase num sussurro): A senhorita Carmem me fez uma proposta…

INOCÊNCIO: Que proposta?

INÁCIO: Se eu me casar com ela… Ela paga sua fiança. E ainda prometeu uma vida melhor pra nós dois.

INOCÊNCIO: E você aceitou?

INACIO: Claro que não! Eu pedi a Mercedes em casamento, pai. É dela que eu gosto. Ela é a minha felicidade.

INOCÊNCIO (irritado): E você prefere me deixar aqui, jogado nessa cela… Pra se casar com aquela morta de fome?

INÁCIO (irado): Não fale assim da Mercedes!
Ela é uma mulher honesta, digna. E não merece esse tipo de comentário.

INOCÊNCIO: Me perdoe, filho… Talvez eu tenha usado os termos errados.
Mas pense bem. Se você não pagar essa fiança, posso apodrecer aqui dentro. A dona Carmem pode não ter a beleza da Mercedes… Mas tem fortuna, prestígio.
É uma chance única.

INÁCIO: E a Mercedes? Como vou olhar nos olhos dela depois?

INOCÊNCIO: Ela é jovem. Vai superar.
Você não pode jogar fora a oportunidade de mudar de vida… Por um amor que talvez nem dure. Eu sacrifiquei tudo pra te criar, Alfredo.
Tudo. Agora é a sua vez.

Inácio baixa a cabeça, o coração apertado. Um policial se aproxima.

POLICIAL: Acabou o tempo.

INOCÊNCIO: Por favor, meu filho… Não pense só com o coração. Pense no que é certo.

CORTA PARA:

INT. DELEGACIA / ÁREA EXTERNA DAS CELAS / NOITE

Inácio caminha lentamente,Carmem está de pé. Ele se aproxima, encara o papel com o valor da fiança mais uma vez… e solta um longo suspiro.

INÁCIO (olhando nos olhos dela): Está bem, Carmem. Eu aceito.

CARMEM (com um leve sorriso contido): Que bom. Pode deixar que vou cuidar de tudo. Mas… tem mais uma condição.

INÁCIO (desconfiado): Qual?

CARMEM: O casamento deve ser amanhã.

INÁCIO (surpreso): Amanhã? Por que tanta pressa?

CARMEM (firme): Essa é a minha condição.

INACIO: Tudo bem.

CARMEM (serena): Seu pai sai ainda hoje.

Carmem sori.

CENA 05. CASA DE MERCEDES. SALA. NOITE. INT

Mercedes está sentada no sofá com um semblante triste e preocupada, Sua mãe,Amparo chega na sala .

AMPARO: Ainda acordada minha filha?

MERCEDES: Não consigo dormir,eu sinto que algo irá acontecer em breve.

AMPARO: Não pense nisso, você precisa ir dormir amanhã será um dia muito longo.

MERCEDES: Você tem razão,eu só vou pegar um copo de água e depois vou me deitar.

AMPARO: Faz bem minha filha. Eu já vou me deitar.

Amparo vai em direção ao quarto, Mercedes se levanta mas sente um pouco de tontura e enjoo .

MERCEDES: O que será que está acontecendo comigo?

Ela permanece imóvel preocupada.

CENA 06. CASA DE RODRIGO. CAPITAL. SALA. NOITE

Celine e Ofélia folheiam revistas em poltronas diferentes. Rodrigo entra, vestindo roupas casuais.

RODRIGO: Bom… só vim avisar que a viagem para a Vila Esperança foi adiantada. A gente parte amanhã, bem cedo.

CELINE (sorrindo): Ah, que ótimo! Não se preocupe, estaremos prontas.

RODRIGO: Até amanhã então.

CELINE: Boa noite, Rodrigo.

Rodrigo sai. Silêncio por um momento. Olga abaixa a revista, impaciente.

OLGA: Ainda dá tempo de desistir dessa loucura, Celine.

CELINE (determinada): Não, mamãe. Eu não vou perder a chance que a vida está me oferecendo.

OLGA: Tinha mesmo que me arrastar junto?
Eu não sou feita pra essas vilas. Mosquitos, mato, aquele povão…

CELINE (rindo): Para de frescura. O Rodrigo comprou uma mansão lá. Não tem com o que se preocupar.

Olga revira os olhos.

CENA 07. CASA DE INÁCIO. NOITE. EXT

Um carro preto estaciona em frente à casa simples de Inácio. A rua está silenciosa. Inácio, Carmem e Inocêncio descem do carro.

INOCÊNCIO (sincero): Muito obrigado, senhorita Carmem. Você… salvou minha vida.

CARMEM (sorri, discreta): Acredite, não foi nenhum esforço.

INOCÊNCIO: Agora vou tomar um bom banho. Com licença.

CARMEM (sorri, discreta): Boa noite, senhor Inocêncio.

Inocêncio entra. Inácio e Carmem ficam sozinhos. Há um breve silêncio entre eles.

INÁCIO: Quer entrar um pouco?

CARMEM: Não, obrigada. Já está tarde… preciso voltar pra casa.

INÁCIO: Deixa que eu levo a senhorita.

CARMEM (gentilmente): Não se preocupe. Eu vou chegar bem. E… pare de me chamar de “senhorita”.

INÁCIO: Claro.

CARMEM (olhando firme nos olhos dele): Amanhã será um grande dia. Pra mim… e pra você.

INÁCIO (baixo): Chegue bem.

Carmem dá meia-volta e se afasta com passos elegantes. INÁCIO a observa ir.

INÁCIO (No pensamento): Me perdoe Mercedes,eu não tive escolha. Eu tinha que salvar o meu pai. Era você ou ele.

A câmera foca em seu rosto.

FIM DO CAPÍTULO 

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