Entre a Cruz e a Espada - Capitulo 25 (04/08/2025)

 

ENTRE A CRUZ E A ESPADA - CAPÍTULO 25




CENA 01 - (CEMITÉRIO/EXT./DIA):

Um dia depois. Naquela manhã cinzenta de sábado, uma multidão de amigos, parentes e até mesmo pessoas desconhecidas, acompanham o velório de Otávio Venturini. 

JOYCE (com olhos marejados): Logo, logo isso vai acabar.

Joyce permanece de pé, segurando um lenço amassado. Ao redor dela, amigos e parentes se abraçam e trocam palavras de consolo.

SIMONE (pra Isabelle): É difícil acreditar que até pouco tempo ele tava tão bem.

ISABELLE (murmurando): Eu sei, minha querida. A minha ficha ainda não caiu, acho que a ficha de ninguém caiu. 

SIMONE: Coitada da minha mãe, deve tá tão arrasada.

ISABELLE: É... Eu imagino o tamanho sofrimento dela. 

Ao fundo, som de passos pesados. A câmera foca na entrada. Pra surpresa de todos, Ricardo surge, acompanhado de uma mulher, aparentemente a esposa dele.

JOYCE (surpreendida): Isso só pode ser uma alucinação, meu Deus!

Isabelle encosta em Joyce.

JOYCE (falando baixo) Isabelle, me diz que isso é uma alucinação.


ISABELLE: Muito pelo contrário, chérie. Isso é mais real do que você imagina.


O clima, que já era pesado, fica mais denso. Ricardo, segue alguns passos em direção a Joyce. 

RICARDO (sério, olhar vazio): Eu sinto muito, mãe.

Ricardo abraça firme Joyce. De um lado há sinceridade por parte de Ricardo, do lado de Joyce, uma frieza misturada com ódio contido dentro dela.

Corta para:

CENA 02 - (CASA DE MARION.CASA/INT./TARDE):

André chega em casa, Marion sai do quarto. 

ANDRÉ: Acordou agora, mãe?

MARION (cruzando os braços, humor ríspido): Não, eu tô acordada desde cedo. Eu quero conversar com você.

ANDRÉ: A senhora tá com uma cara, aconteceu alguma coisa?

MARION: Aconteceu sim. Aconteceu que você tá procurando sarna pra se coçar.

ANDRÉ: Não começa com isso de novo, a gente já falou sobre isso. 

MARION: Meu filho, esquece essa história! Siga sua vida em paz, você tá indo tão bem lá onde você trabalha!

ANDRÉ: Eu não vou esquecer isso nunca! Eu não posso deixar o Felipe acabar com tudo e sair impune disso! Sabia que ele tá planejando meter um golpe nos Venturini?

MARION: Isso não é do sua conta! Deixa eles lá, que eles mesmo se resolvem! Você não sabe do que o Felipe é capaz!

ANDRÉ: Sei muito bem do que ele capaz, ao contrário dele que acha que eu abri mão fácil-

MARION (cortando): E você acha que vai conseguir manter isso até quando? Você acha que o Felipe mais cedo ou mais tarde não vai descobrir que você tá sustentando o Jorge pra ele arrancar informações? E tá se arriscando e gastando dinheiro atoa, porque ele não tá fazendo nada. André, eu só quero o seu bem... Você ainda vai se dar mal nessa história!

ANDRÉ (respirando fundo e caminhando até a porta): Eu vou voltar pra rua, porque ficar em casa tá difícil.

MARION: André, volta aqui, eu tô falando com você!

André bate a porta.

Corta para:


CENA 03 - (RUA/EXT.TARDE):

F Otávio foi enterrado, a cerimônia chegou ao fim. Felipe procura Jorge. 


FELIPE (falando pelo celular): Você não ir pra casa, meu amor? Você tá abatida, deixa que eu mesmo cuido de tudo hoje! -  (intervalo de alguns segundos) - tudo bem então, daqui a pouco eu apareço ai, Beijos.

* Felipe desliga e põe o celular no bolso. O rapaz segue caminhando até em frente de casa, e avista a dona da casa, Maria, saindo e trancando a porta. e que 

FELIPE: Boa tarde, meu amigo. A senhora é que é a Dona Maria.

DONA MARIA (olhando Felipe de cima a baixo): Eu mesma, e você é quem? 

FELIPE: Bom, eu me chamo Felipe, eu sou filho do Jorge, morador dessa casa. E sempre entregava o dinheiro do mês pro meu pai, então eu já ouvi falar muito na senhora. 

DONA MARIA: Mas o Jorge não mora mais aqui, botei ele pra correr há tempos.

FELIPE: Não mora mais? Como assim, minha senhora? 

DONA MARIA: Pois é, bonitão. Ele direto aparece aqui pra tomar uma cachaça, porque ele fica bem de vida, mas não larga a cachaça. 

FELIPE (estranhando): Meu pai? Bem de vida? Meu pai não tem onde cair morto. 

DONA MARIA: Misericórdia. Você tá desinformado mesmo, hein? Seu pai tá é morando num flat, cheio da grana. Tá estiloso, cabelo arrumado e até a barba fez. 

FELIPE (alterando a voz): É o que?

DONA MARIA: Pois é, ele tá é morando naquele flat lá na Avenida Atlântica, fica pertinho da Praia do Flamengo, sabe qual é? 

FELIPE: Sim, sei bem. 

DONA MARIA: Então. Olhe, eu não sou mulher de fofoca, mas como você é filho, eu tive que falar. Passar bem, viu?


Corta para:

CENA 04 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./TARDE):

Depois de uma longa cerimônia, Otávio é enterrado. Joyce e Isabelle voltam pra casa sozinhas. 

JOYCE (sentando na poltrona): Que dia, meu pai.

ISABELLE: Uma pena que o Ricardo não quis vim e preferiu ficar num hotel desse aí. 

JOYCE: Pena? Graças a Deus. Era só o que me faltava, depois desse pesadelo e ainda ter receber filho. Simone e Felipe também fizeram certo em ir direto pro shopping. 

ISABELLE: Joyce, nesses 20 anos, se você viu o Ricardo 2 ou 3 vezes foi muito. Esse seu jeito não é normal. 

JOYCE (impaciente): Ora, Isabelle! Não começa com esse seu sentimentalismo barato. Mas cadê a Zélia? 

ISABELLE: Eu lá vou saber. A pobre coitada não paz com você.

JOYCE: Eu vou até a cozinha. 

Corta para:

Joyce vai na cozinha, é só encontra Camilla preparando o almoço.

JOYCE (gritando): Mas não é possível que quase duas da tarde e ainda o almoço não está pronto. 

CAMILLA (virando pra Joyce): A senhora tá falando comigo?

JOYCE: E tem mais alguém aqui?

CAMILLA: Não senhora, a senhora me perdoa, mas em 40 minutos eu vou estar servindo o almoço.

JOYCE: Mas que idiotice é essa de " estar servindo o almoço "?  A minha casa não é palco pra esse gerundismo nojento que está tomando conta do país. Escute aqui, minha queridinha: Já que nem um almoço você e a sua mãe são capazes de preparar no horário, pelo menos faça um chá. 

* Camilla, tomada de raiva, encara Joyce.

JOYCE: Vai ficar me olhando com essa cara? Anda logo, olha como eu estou.

CAMILLA: Você mesmo faça o chá e enfie no seu rabo, pra ver se melhora esse seu humor antipático. 

JOYCE (apontando o dedo): Como é que é? Você acha que tá falando com quem, hein? Sua pirazinha de esquina.

CAMILLA: Enfie no seu rabo esse chá. Você acha pode chegar assim, me ofendendo e ofendendo minha mãe, só porque é a patroa? 

JOYCE: Eu estou na minha casa, eu falo com quem eu quiser e da maneira que eu quiser, procure seu lugar de empregada vagabunda. Oh racinha nojenta...

* Zélia sai do quarto. 

ZÉLIA: Mas o que é isso? 

JOYCE: Que bom que você chegou! Porque eu não quero mais a folgada da sua filha aqui! Chega de gente vagabunda na minha casa. 

ZÉLIA (desconfortável): Não fale assim com minha filha, Dona Joyce

CAMILLA: Vagabunda é você! Velha cretina dos infernos! Vive desfilando por aí e jogando antipatia de graça nas pessoas. 

JOYCE: Cala essa boca! Eu nunca te dei permissão pra falar assim comigo!

CAMILLA: Isso mesmo! Aliás, eu acho ótimo o quanto você abre a boca pra julgar as pessoas, sendo que você é uma piranha acabada e que ainda por cima dá em cima do namorado da própria filha. 

* Joyce dá um forte tapa em Camilla. Zélia toma uma atitude na mesma hora, e devolve o tapa em Joyce, fazendo ela cair no chão. 

ZÉLIA (extremamente alterada): NUNCA MAIS TOQUE UM DEDO NA MINHA FILHA! SUA DESGRAÇADA!

Joyce levanta o rosto, em choque, sem acreditar na reação de Zélia, que está perto de Camilla, num sinal corporal de proteção. 

JOYCE: Como é que você tem coragem de bater em mim? Perdeu a noção?

ZÉLIA: Muito pelo contrário, noção eu não tinha antes. Nós vamos embora dessa casa, aqui, nem eu e nem filha fica mais aqui. 

JOYCE (levantando): Como você é ingrata, Zélia. Logo eu que te ajudei quando veio de bucho cheio dessa aí. 

ZÉLIA: Eu acho que eu já paguei essa dívida nesses 25 anos trabalhando aqui, ouvindo cada ofensa, cada destrato, cada absurdo, só que hoje foi a gota d'água. 

JOYCE: Pois então, RUA! RUA! 

CAMILLA: Vamos sim, com o maior prazer. Ninguém depende do seu amém pra viver não, ô Dona Coice.

JOYCE: RUA!

CAMILLA: Ah, antes que eu me esqueça:

* Camilla revida o tapa em Joyce. 

CAMILLA: Agora sim, a senhora tá no lugar ideal. No chão feito uma cadela de rua.



ABERTURA



CENA 05 - (RESTAURANTE/INT./TARDE):

Ricardo e sua esposa, Alexia, foram direto pra um restaurante. 

RICARDO (cabisbaixo): Não dá pra acreditar que isso tá acontecendo. Meu pai, era com meu ídolo pra mim.

ALEXIA (pegando nas mãos de Ricardo): Eu sei, meu amor. A gente nunca está preparado pra perder eles. 

RICARDO: É, eu vou mais tarde lá em casa. 

ALEXIA: Claro! Só que eu vou ver logo a nossa viagem de volta.

RICARDO: Mal chegamos e você já quer voltar?

ALEXIA: Você sabe que eu odeio ficar aqui, ainda mais no Rio de Janeiro. Me dá gatilhos, essa gente, esse povo. 

Ricardo faz um gesto, chamando a garçonete.

RICARDO: Eu sinto muito, mas eu não pretendo voltar agora, se quiser você mesmo volta. 

ALEXIA: É impressão minha, ou você tá dando em cima daquela garçonete?

RICARDO: O que? 

ALEXIA: Eu não sou cega. Você ficou todo charmoso, olhando pra ela. 

RICARDO: Mas já vai começar com essa crise de ciúme? Eu chamei a menina pra ela atender a gente e ela nem viu!

ALEXIA: Mentira. Eu te conheço e sei das suas intenções. 

RICARDO (desgastado): Tá bom, Alexia. É que realmente hoje é um dia maravilhosa pra eu seduzir uma garçonete e ainda discutir com você. 

O silêncio toma conta da cena.

Corta para:


CENA 06 - (APT DE GIOVANNA/INT./TARDE):

Felipe vai até o apartamento de Giovanna, antes pede a chave na recepção.

FELIPE: Boa tarde, eu sou parente da moradora do 401, Giovanna, ela saiu e esqueceu de me entregar a chave dela. Eu queria saber se o senhor poderia me ajudar. 

PORTEIRO: O senhor me desculpa, mas eu tô autorizado a entregar a chave dos moradores. 

Felipe segue com um olhar fixo ao homem, no mesmo tempo tirando uma nota de 100 reais do bolso e pondo na mesa dele, discretamente.

FELIPE: E então, será que agora o senhor está autorizado? Eu prometo que algo rápido. 

O homem pega a nota, e entrega a chave a Felipe. 

Corta para:

Felipe consegue entrar no apartamento de Giovanna.

FELIPE (gritando): Giovanna! 

FELIPE: Como eu pensei, o que será que essa mulher tá aprontando, meu Deus. 

Felipe entra no quarto dela, e ao lado da cabeceira, uma corrente dourada. 

FELIPE (pegando a corrente): Eu conheço essa corrente! Não é possível isso...


CONGELAMENTO EM FELIPE.

A novela encerra seu vigésimo quinto capitulo ao som de "Entre o Bem e o Mal".

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