A INTRUSA - CAPÍTULO 06 - 30/08/2025

      


A INTRUSA

CAPÍTULO 06

UMA NOVELA DE TAÍS GRIMALDI




CENA 1 – MANSÃO DOS GODOY BUENO. SALA / ESCADARIA / CORREDOR SUPERIOR. INT. NOITE

 

A mansão dos Godoy Bueno está mergulhada em um silêncio espesso, quase teatral. O relógio de parede marca 00h03. Um tic-tac elegante, mas impertinente, ecoa entre colunas de mármore e tapeçarias de gosto duvidoso. O tipo de luxo herdado, sem contestação.

Vivi adentra o saguão com os olhos inquietos, ainda de saltos, casaco de pele sintética, clutch prateada e ares de quem sabe que está fora do seu habitat — mas não se curva a isso. Observa tudo com uma pontinha de desprezo disfarçado de fascínio.

VIVI - (VOZ BAIXA, DEBOCHADA, QUASE SENSUAL) Carolina? Princesa, cadê você? Isso aqui tá com mais eco que boate abandonada.

O som da própria voz devolvido pelas paredes parece zombar dela. Vivi percorre a sala imensa, adornada por livros que jamais foram lidos e estatuetas que tentam fingir erudição.

Em cima de uma mesa de canto, repousa uma máscara Ghostface decorativa, cercada por porta-retratos e prêmios antigos — Carolina sempre teve um senso de humor peculiar.

As luzes piscam. Duas, três vezes. Uma queda súbita deixa tudo à meia-luz.

Vivi sobe a escada, devagar. Um silêncio lúgubre a envolve. Passa os dedos levemente pelo corrimão como se fosse uma dama vitoriana num jogo de horror.

No andar de cima, uma porta range. Outra se entreabre sozinha. O corredor parece vivo, cúmplice de algo que ela não entende — ainda.

De repente, uma figura encapuzada surge no fundo do corredor. Está parada. Observando.

Vivi o vê. Um segundo apenas. Então corre.

Os saltos batem nas tábuas antigas. Um tapete desliza. Vivi cai. Machuca-se. Sangue escorre discretamente da palma da mão.

Ela se arrasta até o quarto mais próximo. Fecha a porta com esforço. Tranca. Respira fundo.

A maçaneta gira. Lenta. Depois com mais força. Ela segura um objeto decorativo de cristal — uma alegoria de sofisticação — como arma. A porta arrebenta. O perseguidor entra.

Ele avança. Ela o golpeia. Ele a agarra. Um grito contido.

Então, uma voz ecoa do andar de baixo — firme, angustiada, carregada de urgência e afeto.

MADSON (OFF) - Carolina?! Carolina, me ouve! Eu sei que você tá aí!

O perseguidor paralisa. Olha para Vivi. Os olhos se cruzam — por trás da máscara, um segundo de hesitação.

Ele solta Vivi. Recuando. Um passo. Dois. Depois, desaparece como se engolido pela mansão.

Vivi permanece no chão, arfando, os cabelos em desordem, a maquiagem intacta apenas por milagre.

A porta se escancara. Madson surge. Terno desalinhado, a expressão entre o desespero e o alívio. Ele olha para ela — e por um instante, a vê como Carolina.

MADSON - (RESPIRANDO COM DIFICULDADE) Meu Deus, Carolina (PAUSA) Você tá bem? (APROXIMA-SE, ASSUSTADO AO VER A MÃO SANGRANDO) O que aconteceu com a sua mão? Quem te machucou?

Vivi o encara, tonta, tentando se recompor.

VIVI - (FRÁGIL, MAS TENTANDO MANTER O SARCASMO) Acho que alguém mandou o Jason versão Hermès me dar um corre.

MADSON - (ABRAÇANDO-A, SEM PERCEBER O ERRO) Você não devia estar sozinha aqui. Vem, você tá segura agora.

A câmera sobe, lenta, quase respeitosa, revelando o corredor vazio no segundo andar. Uma porta se fecha sozinha ao fundo.

Nada termina. Apenas começa.

CORTA PARA:

 

CENA 2. MANSÃO DOS GODOY BUENO. COZINHA. INT. NOITE

 

A iluminação é branda, mas há sombras projetadas nas paredes como se tudo ali guardasse segredos antigos. Madson abre uma garrafa de vinho com mãos trêmulas, o estalo da rolha ecoa mais do que deveria. Seus olhos denunciam o nervosismo. Vivi entra, apoiando-se levemente no batente da porta, já recomposta. Usa um blazer por cima da blusa manchada e carrega o sarcasmo como escudo. O cabelo curto e preto dá a ela um ar de personagem de thriller europeu.

VIVI -(AFETUOSAMENTE VENENOSA, AJEITANDO OS CABELOS) Menina, que vibes! Esse vinho é pra brindar o babado ou anestesiar o trauma?

Madson sorri, mas está atenta. Serve duas taças. Observa VIVI com intensidade.

MADSON -Você não é assim (PAUSA) fazer piada com o caos não é a sua praia (PAUSA, A OBSERVA MELHOR) Você não tem esse senso de humor. (OLHANDO O CABELO) E esse visual? Curtinho, preto (OLHA DOS PÉS A CABEÇA) você tá outra.

VIVI - (LEVANTA A TAÇA, SORRI COM OS OLHOS SEMICERRADOS) É que agora a bicha renasceu. Pós-trauma, versão reboot. Mais guerreira, mais perigosa (SORRI) e com muito mais lace frontal, amor.

Madson hesita. Sente que há algo fora de lugar. Seus olhos percorrem o rosto de Vivi em silêncio. Quase diz algo, mas não diz. Sabe mais do que parece, mas opta pelo jogo. Suspense denso.

MADSON - (DELICADAMENTE, TESTANDO LIMITES) Você tem certeza que tá bem?

VIVI - (OLHA PARA A TAÇA, GIRA O VINHO) Tô vivíssima, mulher. (pausa) E pelo visto, a noite só tá começando.

Elas brindam. A taça de Vivi treme levemente, quase imperceptível. A câmera se afasta enquanto o som do brinde ecoa num ambiente que parece esconder fantasmas.

CORTA PARA:

 

CENA 3. GODOY BUENO EXPORTAÇÕES. ESCRITÓRIO DE VALQUÍRIA. INT. NOITE

 

O ambiente é de extremo bom gosto: madeira nobre, iluminação indireta, móveis minimalistas de design italiano. VALQUÍRIA está sentada atrás de uma mesa imponente, trajando um tailleur preto impecável com brincos de diamantes discretos. Fuma um cigarro eletrônico com tédio estudado. Um relógio Cartier brilha em seu pulso.

VALQUÍRIA - (SEM OLHAR) Onde está o meu filho? E, por favor, Salete, economize floreios. Não tenho paciência nem pra literatura de aeroporto.

SALETE - (HESITANTE, MAS TENTANDO MANTER A COMPOSTURA) O doutor Marco Aurélio seguiu para Campos do Jordão, dona Valquíria. Saiu esta tarde. Não me informou os motivos...

VALQUÍRIA - (INTERROMPE, RÍSPIDA) Claro que não. Desde que resolveu brincar de filantropo com o dinheiro da família, Marco Aurélio acha que não deve satisfações. (LEVANTA-SE, CAMINHA LENTAMENTE) Campos do Jordão, o refúgio dos canalhas sentimentais e das esposas entediadas.

SALETE - Ele disse que era urgente. Levou apenas uma mala.

VALQUÍRIA - (RI SECA) Uma mala? Não se faz um bom escândalo com pouca bagagem. (OLHA PARA SALETE COM VENENO NOS OLHOS) Você sabe de algo, Salete? Ou só está fingindo ser inofensiva como sempre?

SALETE - Não sei de nada, senhora.

VALQUÍRIA - (PAUSA, SE APROXIMA) Pois deveria saber. É paga para isso. Para ouvir atrás das portas, para decifrar silêncios, para antecipar tragédias. (MAIS BAIXA, QUASE NUM SUSSURRO) Você não trabalha numa repartição pública. Está num tabuleiro de xadrez — e eu não sou peça decorativa.

SALETE - (TENTANDO MANTER A COMPOSTURA) Se eu souber de algo, a senhora será a primeira a saber.

VALQUÍRIA - (ALISA O COLAR NO PESCOÇO, AMARGA) Espero que sim. Porque, se eu descobrir que a senhora sabia de algo e silenciou (PAUSA DRAMÁTICA) Nem mesmo Campos do Jordão será longe o suficiente.

Valquíria volta à sua cadeira. Um close em seu rosto revela frieza absoluta. Ela pega o telefone e disca, com os olhos fixos em um retrato antigo da família Godoy Bueno.

CORTA PARA:

 

CENA 4. MANSÃO DOS GODOY BUENO. SALA. INT. NOITE

 

A sala continua em penumbra. A lareira crepita suave. O relógio de pêndulo marca 00h47. A porta se escancara com violência. Lucinha entra, ofegante, olhos arregalados, o celular trêmulo na mão. Casaco felpudo jogado por cima de um vestido noturno, cabelo desgrenhado.

LUCINHA - (ALTA, INTENSA) CAROLINA?! A GENTE PRECISA FALAR AGORA!

Vivi, sentada com elegância em uma poltrona, taça de vinho na mão, vira-se como uma atriz que já sabia o texto da cena. Cabelo curto, preto, olhar afiado.

VIVI - (SARCÁSTICA) Ih, mona (PAUSA) já chega gritando? Aqui é casa de rica, não núcleo popular da novela das nove.

LUCINHA - (TREMENDO, MOSTRA O CELULAR) É isso aqui. Essa foto com Rubinho (BRAVA) Você tá traindo o Marco Aurélio?

VIVI - (OLHA A FOTO, DÁ UMA RISADA BAIXA) Ai, amor (RI) uma selfie desfocada num rooftop em São Paulo virou adultério agora? Você precisa urgente de uma assinatura no Star+ e uma dose de maracujina.

LUCINHA - (VOZ TRÊMULA, MAS FIRME) Não brinca comigo. Você dizia que não via mais ninguém. Que ele era o homem da sua vida...

VIVI - (PISCA, VENENOSA) E continua sendo. Mas o homem da minha vida vive viajando. E eu também não sou o Cristo Redentor pra ficar com os braços abertos esperando eternamente.

LUCINHA - (TOM AMARGO, FEROZ) Você tá diferente. Tá afiada demais. Irônica demais. (APROXIMA-SE, ESTUDANDO) É esse cabelo? E esse jeito de falar? Tá parecendo outra pessoa.

VIVI - (CÍNICA, MAS ELEGANTE) É que agora eu tô com o humor atualizado, baby. Deixei de ser novela das seis pra virar streaming de suspense psicológico.

LUCINHA - (GELANDO, MAS AINDA FERIDA) Você sempre foi ácida, mas agora tá venenosa. E cruel. Você sempre foi gentil comigo, Carolina.

VIVI - (SE LEVANTA DEVAGAR) E ainda amo, sua surtada carente. Mas se você continuar bancando a amante rejeitada, eu juro que vou chamar a segurança do Leblon pra te remover com classe.

LUCINHA - (RI, TRINCANDO O CHORO) Você é uma vaca.

VIVI - E você uma escorpiana passivo-agressiva. A gente se equilibra, né?

Silêncio. As duas se encaram. A tensão derrete em uma gargalhada nervosa e cúmplice. Madson entra com uma bandeja e taças.

MADSON - Interrompo a terapia? Trouxe reforço alcoólico. Brindemos ao reality show da vida real — e às participantes que nunca pedem pra sair.

LUCINHA - (PEGANDO A TAÇA, OLHANDO VIVI COM SUSPEITA) Mas cê cortou o cabelo? E essa falação (PAUSA) Cê tá tão diferente, Carolina.

VIVI - (ERGUENDO A TAÇA COM GLAMOUR) Rebranding, querida. Nova temporada. Nova direção. Mas o mesmo veneno de sempre.

Toque das taças. O fogo da lareira dança no reflexo dos olhos de Lucinha, que ainda fita Vivi, como se uma verdade tivesse começando a se revelar.

CORTA PARA:

 

CENA 5. MANSÃO DOS MONTESINOS. SUÍTE DE CECÍLIA E CARLOS. INT. NOITE

 

Quarto amplo, com decoração clássica e tons suaves. Cortinas translúcidas balançam levemente com a brisa noturna. O silêncio é denso, quase sagrado.

Cecília desperta subitamente, olhos abertos, fixos no teto como se tivesse emergido de um pesadelo silencioso. Respira fundo. Algo a inquieta.

Vira-se. O outro lado da cama está vazio. Ela permanece alguns segundos estática, até se sentar com delicadeza. Puxa o robe de seda. Seus movimentos são suaves, mas carregam uma tensão contida.

Caminha lentamente até a porta, entreabre. Corredor escuro. Nenhum sinal de Carlos.

Volta para o quarto. Observa o espaço como se buscasse respostas em detalhes mínimos. Pousa os olhos na janela. Caminha até lá. O jardim da mansão está coberto de uma luz pálida. O vento move as árvores, e suas sombras parecem dançar com intenções próprias.

CECÍLIA - (BAIXINHO, COMO SE FALASSE PARA O PRÓPRIO CORAÇÃO) Carolina (UMA PAUSA, A VOZ FALHA UM POUCO) Sinto uma coisa estranha, como um aperto, um aviso (MEIO SUSSURRADO, COMO QUEM TEME DIZER) Como se algo estivesse prestes a ser tirado de mim.

Ela fecha os olhos, contendo a emoção. Uma única lágrima escapa, silenciosa. A câmera se afasta devagar, deixando Cecília diante da janela, envolta por uma melancolia densa e inexplicável.

CORTA PARA:

 

CENA 6. MANSÃO DOS GODOY BUENO. SALA. INT. NOITE

 

Lucinha, Madson e Vivi (ainda como Carolina) ainda estão na sala, os ecos das risadas dissipando o barraco recente. Copos de vinho, almofadas desalinhadas, e uma cumplicidade renascida no ar.

A porta da frente se abre com discrição. Marco Aurélio entra. Terno impecável, gravata afrouxada, expressão exausta. Ele para por um segundo ao ver as três. As risadas cessam. O ambiente muda sutilmente de tom.

MARCO AURÉLIO - (ALIVIADO, CONTIDO) Boa noite...

MADSON - (LEVEMENTE IRÔNICO) A estrela chegou.

LUCINHA - (VIBRANTE) A gente já ia subir. A Carolina tava só fazendo um stand-up exclusivo.

MARCO AURÉLIO - (OLHA PARA VIVI, TOCADO) Carolina...

VIVI - (SORRISO GÉLIDO, TOM CORTANTE) Marco Aurélio.

Silêncio tenso. Os demais sentem a carga e se retiram com olhares cúmplices. Madson dá um beijo rápido no rosto de Vivi. Lucinha sorri, mas seus olhos ainda observam com atenção. Ambos somem pela escada.

MARCO AURÉLIO - (SE APROXIMANDO) Desculpa. Pelo sumiço, pelas palavras atravessadas. Eu estava em surto, talvez.

VIVI - (OLHANDO A TAÇA, DEPOIS PARA ELE) Amor, surto mesmo é esse blazer cinza com essa calça azul-marinho. Mas aceito o pedido de desculpa pela roupa.

MARCO AURÉLIO -(ESTRANHA, TENTA SORRIR) Você tá diferente.

VIVI - (TOM SEDOSO, VENENOSO) Mudança é o novo pretinho básico, benhê. (PAUSA) Agora sou Carolina 2.0, versão atualizada com sarcasmo habilitado.

MARCO AURÉLIO - (TOCANDO DE LEVE NO ROSTO DELA) O cabelo (PAUSA) Tá bonito. Curto. (pausa) Mas não é só isso. A sua voz, o jeito.

VIVI - (AFASTA-SE COM ELEGÂNCIA) A voz é a mesma. A paciência é que morreu.

MARCO AURÉLIO - (OLHA PRA ELA, INCERTO) Você tá me deixando meio sem chão.

VIVI - E eu tô me sentindo num tapete de ouro, flor. (SORRI, COMO QUEM FECHA UM NÚMERO MUSICAL) Agora, se não for pedir demais, queria dormir sozinha hoje. (PAUSA DRAMÁTICA) Ou em quartos separados. Pelo menos hoje, estou indisposta.

MARCO AURÉLIO - (ENCARA POR UM TEMPO, DESCONFIADO) Claro. Como quiser.

Ele sobe as escadas devagar, ainda encarando-a por cima do ombro. Vivi espera até ele desaparecer. Suspira fundo. Seus olhos se enchem de um misto de tensão e alívio. Ela sussurra para si.

VIVI - (BAIXO, AMARGA) Fingi bem. Até demais.

Câmera subjetiva se afasta, revelando a sala imensa, agora vazia. Apenas o som distante de um relógio antigo ecoa pela mansão.

CORTA PARA:

 

CENA 8. CAMPOS DO JORDÃO. AMANHECER. EXT.


SONOPLASTIA - ALL STARS - NANDO REIS

 

A câmera inicia com planos aéreos que deslizam suavemente sobre a cidade, revelando a névoa matinal que se dissolve aos poucos, como um véu sendo retirado de um segredo guardado. A luz do amanhecer penetra entre as árvores, criando um cenário cinematográfico de rara beleza, onde o contraste entre o céu dourado e a vegetação verde-escura destaca o charme rústico de Campos do Jordão.

A cidade, ainda adormecida, se mostra tranquila, mas há uma tensão silenciosa no ar, como se a calmaria estivesse apenas à espera de algo. O som suave de "All Stars" de Nando Reis preenche o espaço, acentuando a sensação de que o dia está prestes a revelar algo inesperado.

A câmera desce lentamente, capturando as ruas estreitas e sinuosas da cidade, com casas antigas e charmosas que contrastam com a modernidade sutil das construções mais recentes. O ar frio da manhã parece trazer consigo um presságio — o tipo de cidade onde os segredos estão enterrados sob camadas de neve e história.

Enquanto a câmera percorre, os primeiros habitantes começam a sair, mas tudo ainda parece calmo, como se o verdadeiro movimento da cidade ainda estivesse para acontecer. As imagens se entrelaçam com a música, criando uma atmosfera introspectiva, onde tudo parece estar prestes a se transformar.

A cena transita suavemente para o horizonte, onde as montanhas se erguem como gigantes guardiões, imponentes e silenciosos. Algo no ar sugere que a paz da cidade está prestes a ser rompida, mas o que exatamente é difícil de prever.

CORTA PARA:

 

CENA 9. MANSÃO DOS GODOY BUENO. FACHADA. EXT. DIA

 

O cenário é ensolarado e tranquilo, mas a tensão paira no ar. Todos estão à porta da mansão, prontos para partir. As despedidas são curtas, os olhares carregados de desconfiança e um leve distanciamento. O som de portas de carros se fechando é seguido pelo ronco dos motores, e, logo, todos vão embora, deixando apenas Marco Aurélio e Vivi.

Vivi observa o movimento dos outros, até que, por fim, se aproxima de Marco Aurélio.

VIVI - (SEM OLHAR DIRETAMENTE PARA ELE, COM UM TOM ABAFADO) Preciso pegar algo no carro.

Ela se afasta, caminhando apressada em direção ao veículo estacionado um pouco mais distante. Marco Aurélio, desconfiado, observa a cena por um instante, mas logo entra no carro, sem saber que a farsa está prestes a ser desmascarada.

Vivi chega ao carro de Carolina e, ao abri-lo, sente um calafrio percorrer sua espinha. O carro está vazio, mas a presença de Carolina ainda parece estar ali. A porta do carro range ligeiramente enquanto Vivi se move para o banco do motorista, onde algo chama sua atenção.

Ela encontra o celular de Carolina, desbloqueado. Um silêncio pesado preenche o ambiente, e a câmera foca na tela do celular enquanto Vivi hesita por um momento. Ela então abre a mensagem, que a paralisa instantaneamente. Seus olhos se alargam ao ler o conteúdo aterrador.

MENSAGEM NO CELULAR: Continue fingindo ou você será a próxima a morrer.

Vivi, por um momento, fica em estado de choque. O rosto dela se contorce em uma mistura de raiva e medo. Ela olha ao redor, como se esperasse que alguém estivesse ali, observando, mas a rua está vazia e silenciosa.

Ela aperta os dentes, uma tensão crescente em seu corpo. O jogo de mentiras agora tomou uma direção muito mais perigosa. Ela fecha o celular e olha para a mansão, seu olhar vazio, mas determinado. Algo mudou ali, uma decisão irreversível foi tomada.

Vivi guarda rapidamente o celular e começa a caminhar de volta para a mansão. O som dos seus passos ecoa na rua deserta, marcando a entrada de uma nova fase de sua jornada — uma jornada marcada pela ameaça, pela mentira, e agora, por um perigo imenso que ela não pode mais ignorar.

 

CORTA PARA:

 

 

FIM

 

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