Teia de Sedução - Capítulo 34 (Última Semana)





“TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por 

Susu Saint Clair

Capítulo 34


CENA 01: VELUDO VERMELHO - ESCRITÓRIO - NOITE


Afonso, Rafael e Otávio conversam no escritório.


AFONSO: Rafael, explica essa história direito! A Gisela mandou você me seduzir?


RAFAEL: Foi isso mesmo, Afonsinho. Ela foi bem clara, disse que se eu conseguisse acabar com seu casamento, que ela me contava o nome do meu pai de sangue. 


AFONSO: Vagabunda. Ela usou você pra atingir a mim e ao Otávio e também pra atingir ao meu pai, porque ele não quis ficar com ela! 


RAFAEL: Ela me ajudou, me tirou da cadeia, livrou minha cara com os crias, eu ainda cheguei a pensar que ela tivesse algum tipo de carinho por mim. 


OTÁVIO: Aquela ali não ama ninguém. Nem a ela mesma. Ela pode ter se empolgado quando soube que você tava vivo, mas depois disso, só te viu como um acessório.


Rafael suspira. 


AFONSO: E o Volney?! Sabia que você era filho da Gisela, que o Otávio era seu irmão e mesmo assim pagou a você pra seduzir ele e separar a gente?! Desgraçado, filho da mãe! 


OTÁVIO: Calma, Afonso. O que importa é que a gente conseguiu ser mais esperto do que ele. 


AFONSO: A vontade que eu tenho é de matar ele, sabia? Antes eu tivesse deixado ele morrer naquele afogamento. Desgraçado.


CENA 02: CASA DE VOLNEY - SALA - NOITE


Volney e Estela acabam de chegar, os dois ainda tensos pelo que aconteceu no Veludo Vermelho.


ESTELA: Eu não consigo acreditar até agora que você foi capaz de fazer aquilo, Volney. Eu falei tanto pra você deixar o Afonso no passado, seguir em frente com a sua vida. Olha a que ponto você chegou! Pagar ao seu primo pra ele ir pra cama com o próprio irmão dele. Tô com vontade de te dar uma surra agora, sabia? Aliás, acho que o que faltou na criação que eu te dei foi isso. 


Volney não fala nada, nem olha pra cara dela. 


ESTELA: Olha aqui. Você vai desfazer toda essa sujeira. 


VOLNEY: (a encara) E você quer que eu faça o quê, mãe? Que eu me ajoelhe diante do Afonso e do Otávio e peça desculpas pros dois? Eu não tô afim de fazer isso e mesmo se quisesse, eles nunca iriam me perdoar. O que eu fiz não tem volta. Já foi! 


ESTELA: Então é assim? Você arma uma sujeirada dessas e fica por isso mesmo? Porque o Afonso aprontou todas com você. Foi preso, foi espancado, isso provocou até minha separação com o Raí. Mas pra você tá tudo bem você ter feito o que fez e pronto?


VOLNEY: É! Isso aí. 


ESTELA: (suspira) Tá certo… Muito bem… (o encara) Você tem dez minutos pra arrumar suas coisas e cair fora! 


VOLNEY: O quê?! 


ESTELA: Você passou de todos limites, Volney! E já que você não se arrepende, então eu não quero mais ver você aqui dentro! Você vai embora dessa casa agora! 


Volney olha para ela, incrédulo.


CENA 03: MANSÃO PASSARELLI - COZINHA - NOITE


Nadine vai até a cozinha pegar um copo d’água. Ela abre a geladeira, enche o copo. Quando vira-se, dá de cara com Neide caída no chão, desacordada. Ela dá um grito e deixa o copo cair no chão.


NADINE: MEU DEUS. NEIDE. (se abaixa até ela) Neide. Neide, o que aconteceu?! 


Ela olha pra mesa da cozinha e vê o prato sujo e o bolo cortado. 


Felipe chega correndo.


FELIPE: O que aconteceu, Nadine?


NADINE: A Neide comeu o bolo! Era pra ela ter jogado fora, mas ela comeu! Chama a ambulância, Felipe. 


FELIPE: Não vai dar tempo. Vem. Vamos levá-la ao hospital.


Ele carrega a serviçal. Os três saem.


CENA 04: MANSÃO VON BERGMANN - QUARTO DE JAQUELINE - NOITE


José Carlos tenso.


JOSÉ CARLOS: E aí, Jaque?


Jaqueline sai do banheiro com o exame de farmácia em mãos. 


JAQUELINE: Deu positivo. Eu tô grávida. 


José Carlos sorri e vai até ela. Eles se beijam, felizes. Se encaram por um tempo. José Carlos desfaz o sorriso.


JAQUELINE: (estranhando a reação dele) O que foi?


JOSÉ CARLOS: Se você tá grávida… quem é o pai? Sou eu ou o Volney?


JAQUELINE: Eu não sei, José Carlos. Não sei. 


Eles se entreolham. A empregada aparece na porta do quarto. 


EMPREGADA: Com licença. Tem visita aí embaixo. 


CENA 05: MANSÃO VON BERGMANN - SALA DE ESTAR - NOITE

Jaqueline e José Carlos descem. Os dois se surpreendem. 


JAQUELINE: Volney?


Volney está de pé, com uma mala ao lado. 


JOSÉ CARLOS: O que houve?


VOLNEY: Eu saí de casa. Pra falar a verdade… A minha mãe me colocou pra fora de casa. Eu não tenho pra onde ir. Será que eu posso ficar aqui por uns tempos?


Jaqueline e José Carlos olham para ele, chocados. 


CENA 06: VELUDO VERMELHO - NOITE


Afonso, Otávio e Rafael vão saindo do escritório e indo em direção à porta de saída. 


CELINA: (os intercepta) Peraí, onde é que cês vão?


AFONSO: Indo no hospital, vózinha. A Neide passou mal. 


CELINA: (preocupada) Passou mal como?


AFONSO: Comeu um bolo envenenado. 


CELINA: Quê?


Raí se aproxima deles.


AFONSO: Raí, toma conta da vovó. 


CELINA: Que toma conta de vovó coisa nenhuma. Eu vou junto! 


RAÍ: O que aconteceu agora, gente?


CELINA: A Neide passou mal e tá internada! A gente tá indo pra lá. 


RAÍ: Peraí, Rafael. Você vai também?


RAFAEL: Claro, parceiro, vou aproveitar pra conhecer meu pai, né?


RAÍ: Desse jeito?


CLOSE NELE QUE ESTÁ SÓ DE SUNGA E UMA GRAVATA BORBOLETA NO PESCOÇO. 


RAFAEL: Ué, qual o problema?


OTÁVIO: Gente, vamos logo?


Eles saem apressados. Raí vê, sem acreditar.


CENA 07: CASA DE VOLNEY - SALA - NOITE


Estela conversa com Susane. 


SUSANE: Você ficou louca, Estela? 


ESTELA: Você ouviu o que eu falei? Ele nem se arrepende do que fez, Susane. Volney é quem tá louco! Fiz isso pra ver se toma juízo. 


SUSANE: Esperava amanhecer pelo menos, Estela. 


ESTELA: Ele foi pra casa da Jaqueline, que era da Gisela. Essas horas já deve ter chegado lá. 


Susane põe a mão na cabeça, preocupada. 


CENA 08: MANSÃO VON BERGMANN - SALA DE ESTAR - NOITE


CONTINUAÇÃO DA CENA 05.


JAQUELINE: Por que a sua mãe te colocou pra fora?


VOLNEY: Ela ficou com raiva porque eu paguei ao meu primo para acabar com o casamento do Afonso e do Otávio. Acontece que… O Rafael é o filho “morto” da Gisela. 


JOSÉ CARLOS: (chocado) E você sabia que eles dois eram irmãos?


VOLNEY: O que é? Vai apontar o dedo na minha cara pra me julgar agora? Porque você tem a reputação mais suja que pau de galinheiro. Você passou anos comendo aquele velho em troca de dinheiro. (para Jaqueline) E você aceitou dinheiro do Afonso pra me comer. Pois é, eu já tô sabendo de tudo. Tá? Nós três aqui estamos quites! 


Jaqueline e José Carlos olham para ele, incrédulos. 


VOLNEY: Gente, eu não tenho pra onde ir, até pensei em ir pra um hotel, mas o dinheiro que eu tinha, eu usei pra pagar ao Rafael pelo servicinho, inclusive, tenho até que pedir de volta, já que ele não fez o trabalho completo. E aí, posso ficar ou vou ter que virar morador de rua?


Jaqueline e José Carlos se entreolham. 


JAQUELINE: Tenho uma coisa pra te contar. 


VOLNEY: O quê?


JAQUELINE: Tô grávida!


VOLNEY: Você tá o quê?! 


José Carlos se aproxima de Volney, coloca a mão no ombro dele e o encara. 


JOSÉ CARLOS: Nós dois seremos papais! 


Volney olha para ele com os olhos arregalados. 


CENA 09: HOSPITAL - SALA DE ESPERA - NOITE


Nadine e Felipe aguardam por notícias de Neide. Afonso, Otávio, Celina e Rafael (vestindo um roupão) chegam ao hospital. 


CELINA: E aí, gente? Notícias da Neide?


NADINE: Até agora nada. 


CELINA: Como foi essa história de bolo envenenado, meu Deus?


NADINE: Foi uma encomenda que chegou lá em casa com um bilhete sem remetente, eu falei pra Neide jogar aquilo fora. Com essa onda de gente morrendo com bolo envenenado… Mas ela comeu. E agora a gente tá aqui, sem saber se ela tá viva ou se tá morta. 


CELINA: (lamentando) Com tanta coisa melhor pra essa criatura botar na boca, foi botar logo esse bolo, meu Deus?!


FELIPE: Pô, dona Celina, nem numa hora dessas a senhora deixa de insinuar essas safadezas?! 


CELINA: O que é, Felipe? Eu tô velha, mas não tô morta! 


FELIPE: (olhando pra Rafael) E esse aí, quem é?


RAFAEL: (se aproxima, cumprimentando-o) Tudo bom, seu Felipe? Eu sou teu filho! 


Felipe fica surpreso, o olha de cima a baixo. 


FELIPE: Meu filho… com a Gisela?! 


RAFAEL: Pois é. 


FELIPE: (sem acreditar) Meu filho…


Eles dois se abraçam. 


FELIPE: Mas como isso aconteceu? Como você descobriu que eu sou seu pai… Pera… (se dá conta, olhando para Afonso e Otávio) Vocês estavam juntos?


AFONSO: Pois é, pai. Ele foi adotado pela Susane, irmã da Estela. É uma história longa, depois a gente te conta tudo. O negócio é ele e a Gisela já tinham se encontrado. Ela pediu pra ele me seduzir em troca de revelar sua identidade. 


RAFAEL: Pois é, coroa. Ela disse pra eu acabar com o casamento deles dois, eu não sabia que o Afonsinho era meu meio irmão. 


FELIPE: Foi por isso que ela falou aquelas coisas pra mim hoje. Eu fui visitá-la, ela disse que eu saberia quem era meu filho da pior forma possível. 


RAFAEL: A pior forma possível era o senhor me pegar com o Afonsinho na cama, daquele jeito, sabe como é né?


NADINE: Jesus, quero nem imaginar essa cena! Misericórdia. 


FELIPE: Aquela desgraçada. Não superou que eu não quis ficar com ela e decidiu destruir a minha família. (para Afonso e Rafael) Por isso que usou vocês dois. E mandou esse bolo envenenado que deixou a pobre da Neide nesse estado. 


OTÁVIO: Peraí, mas como ela poderia mandar entregar o bolo estando presa?


AFONSO: (o encara) Ela deve ter um certo capacho… que continua solto. 


OTÁVIO: (direto) Eu vou avisar a polícia já!


Ele pega o celular e faz a ligação. 


NADINE: É… Rafael… 


Rafael olha pra ela. 


RAFAEL: Cofoi?


NADINE: Posso te fazer uma perguntinha? Por que você tá com esse roupão aí hein?


CENA 10: PRESÍDIO FEMININO – ALA B / CORREDORES / MURO DOS FUNDOS – MADRUGADA


Tudo está em silêncio. As celas da Ala B estão escuras. Apenas um pequeno feixe de luz da lua atravessa as grades.


DENTRO DA CELA DE GISELA


Vanessa está de pé, alerta, o ouvido colado na parede. Gisela está sentada no beliche inferior, com os braços cruzados, impaciente.


VANESSA: (sussurrando) Ela já passou duas vezes. É agora.


Gisela se levanta. As outras duas detentas que estavam deitadas se aproximam. Uma delas entrega a VANESSA uma chave improvisada feita de escova de dente afiada.


GISELA: (séria) Se essa sua amiguinha da vigilância não der o mole combinado, eu acabo com você, entendeu?


VANESSA: (firme, apaixonada) Vai dar certo, confia em mim.


Elas saem da cela sorrateiramente. Vanessa destrava a porta e todas deslizam para o corredor silencioso.


CORREDOR ESCURO – ALA B


A VIGIA combinada finge estar dormindo no posto. Elas passam por ela com cuidado. 


VANESSA: (caminhando firme) A porta do refeitório dá direto pro almoxarifado. A gente sai por lá e depois é só pular o muro do canil.


GISELA: (olhando pra trás) E as câmeras?


VANESSA: Desativadas por três minutos. É tudo que a gente tem.


ALMOXARIFADO – INTERIOR


Elas entram correndo. Gisela encontra uma faca entre as ferramentas.


GISELA: (sussurrando com um sorrisinho) Nunca se sabe.


EXTERIOR – MURO DOS FUNDOS


Elas correm, ofegantes. Ao fundo, ouve-se um APITO. Alguém notou a ausência delas.


DETENTA: (morrendo de medo) Merda, descobriram!


VANESSA: Sobe logo, caralho!


Vanessa ajuda Gisela a escalar primeiro. Gisela chega no topo, olha pra Vanessa subindo… e hesita. Segura a mão dela como se fosse puxar.


VANESSA: (sorrindo, suada) A gente vai ficar junta, né?


GISELA: (encarando com frieza) Claro que não.


GISELA EMPURRA VANESSA com o pé. A mulher cai de volta no chão, com um grunhido seco. A detenta que está com elas fica chocada.


DETENTA: Mas que p...


GISELA: (firme, ameaçadora) Ou você escala... ou volta pra cela. Decide.


Detenta sobe sem olhar pra trás. As duas pulam o muro e somem na noite. Sirenes começam a soar ao fundo. Vanessa fica caída no chão, sangrando no canto da boca, ainda confusa, ainda apaixonada.


VANESSA: (chorando, em sussurro) Eu te amava, sua desgraçada...


CORTE RÁPIDO PARA:


EXT. RUA DESERTA – MADRUGADA


Gisela e detenta correndo pela rua, livres. 


GISELA: (para si mesma) Sapatona burra. 


Gisela ri, selvagem, vitoriosa. CLOSE NELA. 


Capítulo Anterior


Próximo Capítulo


Nenhum comentário:

Postar um comentário