“TEIA DE SEDUÇÃO”
Novela criada e escrita por
Susu Saint Clair
Capítulo 33
CENA 01: PRIME FITNESS - MANHÃ
Afonso passa pela catraca com pressa. Acena rápido para a recepcionista, que sorri de volta. Ele segue direto até Otávio, que está organizando umas fichas de treino atrás do balcão.
AFONSO: (dando um beijo no rosto dele, discreto) Bom dia, marido.
OTÁVIO: (baixo, com um sorrisinho) Mais tarde eu vou querer beijo em outros lugares também.
Os dois riem baixinho. Afonso segue para o aquecimento e começa a se alongar. Depois vai até o aparelho de agachamento. Quando se posiciona, ouve uma voz atrás dele.
RAFAEL: E aí, vai usar?
Afonso se vira e dá de cara com Rafael, sorridente, já puxando conversa.
AFONSO: Vou sim.
RAFAEL: Topa revezar?
AFONSO: (simpático) Claro.
Eles começam o treino juntos. Do outro lado da academia, Volney entra. Otávio o vê e vai até ele.
OTÁVIO: Ora, ora, Volney… Seja bem vindo!
VOLNEY: Gostei da academia, hein?! Ficou tudo incrível. Parabéns!
OTÁVIO: Valeu mesmo. Se precisar de alguma coisa, é só chamar.
VOLNEY: Pode deixar, professor. Por enquanto eu tô de boa.
Enquanto isso, Rafael e Afonso seguem na área de agachamento. Os dois agacham juntos. Rafael auxilia Afonso, que termina mais uma série e se joga no banco, ofegante.
AFONSO: (carregado) Você tá tentando me matar?
RAFAEL: (rindo) Se não pegar peso, não cresce! E aí, qual o próximo?
AFONSO: (suspira, contando nos dedos) Mais quatro de quadríceps, três de posterior… e três de glúteo.
RAFAEL: (rindo, sacana) Glúteo? Pra quê, cara? Com esse rabão?
Afonso dá risada. Rafael aproveita o momento.
RAFAEL: Aliás… qual teu nome?
AFONSO: Afonso.
RAFAEL: Rafael. Prazer. (piscando) E aí, Afonsinho… afundo?
AFONSO: (sorrindo, levantando) Só vamo.
Eles caminham juntos. No caminho, passam por Otávio. Afonso para.
AFONSO: Ah, amor, esse aqui é o Rafael. Rafael, esse é meu marido, Otávio.
Os dois se cumprimentam com um aperto de mão firme e cordial.
RAFAEL: Olha… não sei quem tem mais sorte nessa relação, viu. Um casal desses…
Otávio e Afonso riem. Rafael segue com Afonso para o próximo aparelho. Volney, ao fundo, observa a interação com leve curiosidade.
CENA 02: PEDRA DO FORTE – PRAIA – TARDE
Fim de tarde dourado. A brisa do mar sopra leve. Volney e Rafael estão sentados na areia, sem camisa, ainda suados do treino. Os tênis jogados ao lado. O mar ao fundo é só um detalhe diante da tensão disfarçada entre os dois.
VOLNEY: (olhando pro horizonte) Vai mesmo fazer o que a Gisela te pediu?
RAFAEL: (dá de ombros, casual) Ué, por que não? Não é nada que eu já não tenha feito antes...
VOLNEY: (olha pra ele, direto) Ela nem vai te pagar, cara. Só vai dar o nome do teu pai.
RAFAEL: (olhando pro horizonte) Tô fazendo isso só por diversão, primo. Uma brincadeira gostosa em troca do nome do meu pai de sangue só me deixa ainda mais motivado.
VOLNEY: (direto) Eu te pago uma grana se você der em cima do Otávio.
RAFAEL: (arquear de sobrancelha, curioso) Como é?
VOLNEY: Basicamente você vai fazer a mesma coisa que a Gisela te pediu. A diferença é que comigo cê vai ter a grana na mão.
RAFAEL: (ri) Tô começando a gostar disso. Tá querendo o fim do casamento dos dois também é?
VOLNEY: (frio) Quero o Afonso pra mim. Se o Otávio sair do caminho tudo fica mais fácil. Hoje vai ter a festa de relançamento do Veludo Vermelho. Eu vou convencer o Raí a convidar o casalzinho. Você vai pegar o Otávio na frente do Afonso! Vai pegar nem que seja à força!
RAFAEL: (surpreso, rindo) Ninguém fica comigo à força. Ficam comigo porque me querem. Não esqueça que com você também foi assim.
VOLNEY: Não tô afim de relembrar o passado.
RAFAEL: Mas você gostou, né?
Volney não responde.
RAFAEL: (safado) Bom. O que importa é que vai ser divertido. Quem sabe eu não levo os dois pra cama? Aí sim vai ser um bom negócio.
VOLNEY: Os dois não! Só o Otávio! Fechado?
Rafael estende a mão. Volney aperta, firme.
RAFAEL: Fechado.
Corte seco no aperto de mãos.
CENA 03: PRESÍDIO FEMININO - TARDE
Sala de visitas. Gisela entra algemada, sendo conduzida por uma guarda. Ao ver Felipe esperando, ela para, surpresa — e imediatamente disfarça com um sorrisinho venenoso.
GISELA: (ácida) Ora, ora... veio visitar sua criminosa favorita?
FELIPE: (seco) Só vim por causa do que você disse no tribunal. Que nosso filho tá vivo. Quero saber quem é.
Gisela senta-se com pose altiva. Olha pra ele como se tivesse todo o poder do mundo.
GISELA: (maliciosa) Ah, eu não posso.
FELIPE: (incrédulo) O quê?!
GISELA: (maliciosa) Eu não posso te contar senão perde a graça.
FELIPE: Do que você tá falando sua louca?
GISELA: Ah, meu amor, estando presa aqui dentro, eu tenho que arranjar formas de me divertir, você não acha? E eu vou me divertir muito usando nosso filho como um brinquedinho meu.
FELIPE: (agarrando-a pelo braço) Para de palhaçada, Gisela. Diz logo. Quem é o nosso filho! Eu exijo que você fale sua desgraçada!
GISELA: (maliciosa) Eu conto. Mas só se você me der um beijo bem gostoso. Pra relembrar os velhos tempos.
Felipe se descontrola e dá um tapão na cara dela. Gisela cambaleia, mas sorri, sádica. Ele a segura pelos ombros e começa a sacudi-la com raiva.
FELIPE: (gritando) FALA! FALA QUEM É O NOSSO FILHO, DESGRAÇADA! OU EU TE MATO!
Uma guarda corre e se mete entre os dois, puxando Felipe com força.
GUARDA: Já chega! Solta ela agora!
A guarda empurra Gisela de volta. Felipe fica arfando, trêmulo, atônito. Gisela é levada, mas vai gritando por cima do ombro, cheia de ódio e provocação.
GISELA: Você vai descobrir, Felipe! Vai descobrir quem é o seu filho... MAS VAI SER DA PIOR FORMA POSSÍVEL!
Ela gargalha feito louca e desaparece pelos corredores. Felipe fica parado, com o rosto tomado por fúria e confusão.
CORTA PARA:
INT. CELA DE GISELA – POUCO DEPOIS
A cela escura. VANESSA, uma detenta musculosa, loira, de tranças, entrega um celular escondido a Gisela, depois de um beijo rápido e submisso. Gisela se encosta na parede, disca com frieza.
GISELA: (no celular) Caetano? Acabou a brincadeira. (pausa) Quero todos os Passarelli mortos. (pausa) TODOS. De uma vez só.
Do outro lado, a voz de Caetano é seca, eficiente.
CAETANO: Pode deixar, dona Gisela. Eu sei exatamente como fazer isso.
Gisela sorri, sombria. A tela escurece no close do seu olhar — gélido, vingativo, diabólico.
CENA 04 – MANSÃO PASSARELLI – SALA DE ESTAR – NOITE
Nadine e Felipe conversam.
NADINE: Então ela não disse nada?
FELIPE: (suspira, cansado) Nada. Só jogou aquela bomba e ficou rindo da minha cara, aquela puta.
NADINE: Mas se ela falou aquilo no tribunal não foi à toa. Ela sabe quem é esse filho, Felipe. E tá aprontando alguma coisa.
FELIPE: É claro que tá. Ela me disse. Tá usando o menino como brinquedinho pra se divertir. É isso que me assusta. Alguma ela tá tramando.
A CAMPAINHA TOCA. Os dois se olham, sobressaltados. Neide surge do corredor e vai até a porta.
NADINE: Quem será a essa hora?
A porta se abre. Um ENTREGADOR segura uma caixa confeitada com laço vermelho.
ENTREGADOR: Boa noite. Entrega pra família Passarelli.
NEIDE: (não pega) Entrega de quê?
ENTREGADOR: Não sei, senhora. Só me mandaram entregar.
NEIDE: Tem nome de quem mandou?
ENTREGADOR: Só um bilhete.
Neide fecha a porta devagar, confusa, e volta pra sala com a caixa nas mãos. Nadine e Felipe observam, apreensivos.
NADINE: O que é isso, Neide?
NEIDE: Uma entrega.
FELIPE: Entrega do quê?
Neide coloca a caixa sobre a mesinha de centro e retira o laço. Dentro, um bolo confeitado impecável. Há um cartão grudado:
CARTÃO: “Para a família Passarelli, com amor.”
Silêncio. O clima fica tenso.
NADINE: (assustada) Joga isso fora, Neide. Agora. A gente não sabe de onde veio. Nem tem remetente.
FELIPE: Concordo. Joga essa merda fora!
NEIDE: (tensa) Tá bem.
Neide pega a caixa e sai. CORTA PARA:
INT. COZINHA – MOMENTOS DEPOIS
Neide está sozinha. Ela encara o bolo por alguns segundos. Suspira.
NEIDE: (imaginando alto) Jogar um bolo desses fora… com tanta gente passando fome…
Ela abre a embalagem, pega uma faca, corta uma fatia generosa e coloca no prato. Prova com vontade. Mastiga sorrindo.
NEIDE: Hummm... tá bom que só!
Câmera foca na caixa, no cartão em cima da mesa.
CENA 05: PRESÍDIO FEMININO - NOITE
Na cela, com as luzes baixas, um grupo de detentas cochicha num canto. Elas espalham um mapa improvisado da cadeia feito em papel higiênico sobre a mesa. Gisela observa à distância, encostada na parede, com os braços cruzados. Vanessa se aproxima dela.
VANESSA: (tom baixo, cúmplice) É pra amanhã. Depois do café. A gente já combinou com a vigia da Ala B. Vai dar mole.
GISELA: (sorri de canto, envolvente) E se eu for junto… você garante minha saída?
VANESSA: (encara Gisela, sem pensar) Garanto. Pra dona madame, eu faço qualquer coisa.
GISELA: (se aproxima, quase roçando os lábios dela) Se você me tirar daqui, eu juro… a gente vai ficar juntas. Pra valer. Só eu e você.
VANESSA: A madame não tá de caô comigo não né?
GISELA: (pegando no rosto dela, como quem consola uma criança) Nunca. Eu sou mulher de palavra…
Vanessa ri sem jeito, apaixonada. Gisela sorri... mas quando a detenta se vira, o sorriso dela se transforma num olhar frio, maquiavélico. Ela observa o mapa à distância.
GISELA: (murmura para si) Sapatona nojenta.
Câmera fecha no rosto dela. Olhar penetrante, perigoso.
CENA 06: VELUDO VERMELHO - SALÃO PRINCIPAL - NOITE
O bar ferve. Música animada, gente rindo, dançando. Os garçons circulam com drinks, todos vestidos com roupas justas e provocantes.
RAÍ: Você arrasou, mozão. A casa tá bombando.
ESTELA: Se não tivesse escondido seu segredinho de mim, isso aqui taria bombando há tempos.
Eles se beijam. Raí sorri.
RAÍ: Você é a melhor. E vovó? Tá curtindo?
ESTELA: (aponta discretamente) Quê que cê acha?
CORTE PARA: Celina cercada por três homens jovens, todos muito atenciosos. Um passa a mão nas costas dela.
CELINA: (dando risada, entre uma taça e outra) Ai, eu tô no céu...
RAÍ: (rindo) É uma velha safada mesmo essa minha avó.
Volney surge, se aproxima com um copo na mão.
VOLNEY: (tomando um gole) Boa noite, casal.
ESTELA: E aí, meu filho, tá curtindo a noite?
Antes que ele responda, Otávio e Afonso entram. Volney olha discretamente na direção deles, um sorriso malicioso se formando.
VOLNEY: Agora vou curtir bem mais...
Ele se afasta, indo direto até Rafael, que serve um casal em outro canto do bar. Volney se inclina e cochicha no ouvido dele.
VOLNEY: (baixo, determinado) Chegaram. Espera eles se dispersarem... Aí você ataca.
RAFAEL: (sorrindo) Pode deixar comigo.
CORTE PARA: Otávio e Afonso se aproximando do balcão. Estela e Raí os recebem com simpatia.
AFONSO: A gente tava curioso pra ver como ficou o bar. Mandou bem demais, Estela.
ESTELA: (simpática) Obrigada. Sua avó deu uns toques preciosos. E olha lá ela, cercada pelos bofes dela.
Todos olham e riem.
RAÍ: Senta aí, vamos tomar um drink. (já começa a preparar) Sabia que foi ideia do Volney chamar vocês hoje?
Otávio e Afonso trocam um olhar.
OTÁVIO: Foi ideia dele, é?
RAÍ: Foi. Me convenceu fácil. Achei até que vocês não iam topar. Hoje é a estreia do primo dele aqui, sabia?
AFONSO: Que primo?
RAÍ: O Rafael. Sobrinho da Estela, filho da Susane. Ela foi secretária da sua mãe, Otávio.
OTÁVIO: Ah, sei… conheço a Susane.
CORTE PARA: Volney e Rafael, observando o grupo no balcão, atentos. Volney acende um olhar de caçador.
VOLNEY: É agora. Espera a hora certa.
RAFAEL: (sorriso de canto de boca) Pode deixar.
CENA 07: MANSÃO VON BERGMANN - SALA DE JANTAR - NOITE
A mesa está posta com uma elegância discreta. Jaqueline e José Carlos jantam em silêncio por alguns segundos. A casa ao redor parece grande demais para dois.
JAQUELINE: (suspira) Essa casa tá tão vazia, né? Tava pensando em chamar o Otávio e o Afonso pra morarem aqui com a gente. O que você acha?
JOSÉ CARLOS: (sem pensar muito)
Acho que eles não vão topar. Estão felizes morando no apartamento. E o Otávio desde o julgamento mal fala comigo.
JAQUELINE: (relaxa o corpo) Ah, amor... uma hora vocês se acertam. Vocês são pai e filho, né? Não tem muito pra onde correr.
Ela leva o garfo à boca, mas para no meio do caminho. A expressão muda. Ela engole em seco, desconfortável.
JAQUELINE: (fecha os olhos, leva a mão à barriga) Ai...
JOSÉ CARLOS: (se inclina) O que foi?
Ela levanta de repente, levando a mão à boca.
JAQUELINE: Preciso ir no banheiro.
Ela corre. José Carlos larga o talher e vai atrás. Ele chega na porta do banheiro e a vê ajoelhada no chão, vomitando no vaso.
JOSÉ CARLOS: (alarmado) O que aconteceu, meu amor. Tá tudo bem?
JAQUELINE: (fraca, limpando a boca com o dorso da mão) Acho que foi a comida.
JOSÉ CARLOS: (preocupado) Mas a gente comeu a mesma coisa.
JAQUELINE: (geme) Eu não posso lembrar nem do cheiro que já me dá ânsia.
José Carlos observa, intrigado. Ele se abaixa ao lado dela, a ajuda a levantar devagar, olhos fixos nela — e no que aquilo pode significar.
JOSÉ CARLOS: (suave, mas desconfiado) Você tá atrasada?
Jaqueline encara ele. Silêncio. O clima muda.
JAQUELINE: Não sei.
CENA 08 – VELUDO VERMELHO – SALÃO PRINCIPAL – NOITE
A pista vibra com luzes e música eletrônica. O bar fervilha. Afonso, com um drink na mão, puxa Otávio discretamente para o canto.
AFONSO: (falando baixo) Tô achando tudo isso muito estranho. Volney convencendo Raí a convidar a gente. Aquele primo dele trabalhando aqui. Cê viu que ele é bem atirado, né?
OTÁVIO: Senti a mesma coisa.
AFONSO: Isso té me cheirando a armadilha.
OTÁVIO: (o encara) Armadilha ou não a gente vai descobrir agora.
Otávio se afasta, firme. Afonso observa, atento.
Volney, num canto, faz um discreto sinal com a cabeça. Rafael entende. Larga a bandeja e segue Otávio até o banheiro.
Afonso nota e vai atrás, sem ser visto.
INT. BANHEIRO DO VELUDO – MOMENTOS DEPOIS
Otávio lava as mãos na pia. Rafael surge ao lado, casual.
RAFAEL: (sorriso fácil) E aí, tá curtindo a noitada?
OTÁVIO: Até que tá tranquila.
RAFAEL: (trazendo o corpo pra perto) Se quiser, eu posso deixar bem mais interessante...
Otávio se vira, confuso. Rafael não espera resposta. Encosta, envolve a cintura dele com as mãos.
RAFAEL: (sussurrando) Aqui quem manda é o cliente...
Começa a beijar o pescoço de Otávio.
AFONSO: Se é assim, você poderia começar contando pra gente quanto o Volney te pagou por esse servicinho.
Rafael se afasta num pulo. Otávio já se recompôs. Afonso entra, frio, com olhar afiado.
OTÁVIO: Vamos lá, Rafael. Responde!
RAFAEL: (engolindo seco) Do que cês tão falando?
AFONSO: (se aproxima, olho no olho) A gente paga o dobro se você contar a verdade.
Rafael hesita... depois dá um sorriso de quem já perdeu o jogo.
RAFAEL: Primeiro o dinheiro.
Otávio saca algumas notas da carteira e enfia na sunga de Rafael sem cerimônia.
OTÁVIO: Fala.
RAFAEL: O Volney me pagou pra separar vocês dois. Ele disse pra eu seduzir o Otávio. Jogar discórdia. Essas coisas.
AFONSO: (ri, sarcástico) Sabia! Eu falei que era armadilha. Eu vou acabar com aquele miserável agora!
Afonso sai correndo.
CENA CONTINUA – SALÃO PRINCIPAL
Afonso surge descontrolado. Avança em Volney e mete um soco no rosto dele.
VOLNEY: (grita) Você tá louco?!
AFONSO: (segue gritando) SEU COVARDE! VOCÊ PAGOU O RAFAEL PRA DESTRUIR MEU CASAMENTO!
Estela e Raí correm até eles.
ESTELA: Afonso, pelo amor de Deus! O que tá acontecendo?!
RAÍ: Alguém me explica essa loucura?
AFONSO: Seu filhinho pagou o primo dele pra dar em cima do Otávio! Tudo porque ele acha que me separando do meu marido vai me ter de volta!
Otávio e Rafael se aproximam. Todos atentos.
ESTELA: Volney... isso é verdade?
VOLNEY: (engasgado) Mãe… eu posso explicar.
ESTELA: (gritando) EXPLICAR O QUÊ, VOLNEY?! (pausa) Você deu dinheiro pro seu primo seduzir o Otávio?! (baixa o tom, mas ainda chocada) Mesmo sabendo que eles são filhos da mesma mulher?!
Silêncio geral.
OTÁVIO: (olhando em volta) Como é que é?
ESTELA: (encara Rafael) O Rafael é filho da Gisela. Ele foi adotado pela minha irmã. Mas ele é filho da sua mãe, Otávio. O filho que ela mencionou que ela achou que estivesse morto.
Otávio fica paralisado.
RAFAEL: (encarando Volney, enojado) Você sabia que o Otávio era meu irmão... e mesmo assim me pagou pra dar em cima dele?
AFONSO: (chega mais perto de Volney) Esse daí é muito baixo nível. Olha, Volney, eu posso ter muitos arrependimentos nessa minha vida. Mas se tem uma coisa da qual nunca vou me arrepender é de ter pago a Jaqueline pra dar em cima de você.
Todos se chocam.
VOLNEY: Você fez o quê?!
AFONSO: Quando você me traiu com a Sabrine... eu e a Jaque armamos. Paguei pra ela dar em cima de você. E ela topou, com gosto.
Volney arregala os olhos.
RAFAEL: (zoando) Ou seja... ele fez o mesmo que você. Só que antes.
AFONSO: Até pior! Até aquele teu afogamento no campeonato de surf tava no nosso plano. Tu achou que era esperto? A Jaque te enganou direitinho, seu idiota!
VOLNEY: (transtornado) Ela não... não podia ter feito isso...
OTÁVIO: (interrompe, sério) Gente, peraí um pouquinho. Peraí… (pausa) A minha mãe falou no julgamento... que o filho que ela achava que tinha morrido... era o que teve com o grande amor da vida dela.
Olhares se cruzam.
AFONSO: (olhando pra Otávio, entendendo tudo) Meu pai...
RAFAEL: (assombrado) Pera... cês não tão dizendo que...
AFONSO: (sério, direto pra Rafael) É. Nós dois também somos irmãos.
Silêncio total.
Todos se encaram. A verdade explode como dinamite em meio à pista de dança.
GISELA: Quero que você leve o Afonso pra cama.
RAFAEL: O que você poderia me dar em troca estando presa?
GISELA: A identidade do seu pai biológico.
CLOSE EM RAFAEL, EM CHOQUE.
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