QUATRO POR UM - CAP. 35 (último capítulo) 14/11/2025

 Quatro por Um - Capítulo 35 (último capítulo)



uma novela de: 

Jacques LeClair


escrito por:

Jacques LeClair


Direção:

Allan Fiterman

Leonardo Nogueira


Elenco:

Letícia Colin como Anabel Royal

Marcello Melo Jr. como Rafael Royal

Renato Góes como Miguel Royal

Sheron Menezzes como Isabel Royal 


Elenco em ordem alfabética 

Ângela Vieira como Eleonora Bonfim Alcântara 

Christiane Torloni como Selma Royal

Dan Stulbach como Celso Alcântara 

Emílio Dantas como Jorge Passos 

Felipe Bragança como Marcos Muniz de Albuquerque 

Giovanna Cordeiro como Solange Alcântara 

Herson Capri como César Barbosa

Lilia Cabral como Suely Muniz de Alcântara 

Lucinha Lins como Eliete Royal

Marcos Palmeira como Higor Calmon

Maria Eduarda de Carvalho como Maria Carolina “ Carol " Muniz de Albuquerque 

Mariana Sena como Luisa Silva

Mel Maia como Bianca Pinheiro Royal

Paulo Betti como Antônio Marcos Albuquerque 

Paulo Lessa como Joel Bastos

Rayssa Bratilieri como Suelen Paz

Renan Monteiro como Rui Dantas

Ricardo Pereira como Dr. Bernardo França 

Selton Mello como Sérgio Santos

Sophie Charlotte como Josie Pinheiro 

Stella de Freitas como Norma Junqueira 

Suely Franco como Vilma Celestino

Valentina Herszage como Helena Royal 


Participações especiais

Cosme dos Santos como Amadeu Neves

Cristiane Pereira como Rita Anjos

Irene Ravache como Noelita Palmeira

Kadu Moliterno como Cassiano Dias

Renata Sorrah como Eunice

Othon Bastos como Paulo


Continuação do Capítulo anterior


Cena 01: prédio Royal - manhã - Interno.


Isabel chega até a sala de Celso, e o ouve no telefone.


Trilha: Tensão Crescente - Bom Sucesso.


CELSO (telefone): Joel? Joel, cadê você? Vem cá, rapaz, e o meu carro? Você acha que vai ficar assim, é? E Joel, cadê a minha irmã? Se eu imaginar que ela está com você, eu não respondo por mim.


ISABEL: Quer dizer que você continua falando com o Joel, não é? Celso, precisamos conversar. 


CELSO (nervoso): Ué, mas… conversar sobre o que?


ISABEL: Sobre toda essa situação que te rodeia. Você já estava falando com o Joel, não é? O que é que está acontecendo para você proteger esse criminoso? Você não sabe que ele está sendo procurado pela polícia?


CELSO: Você está se confundindo. 


ISABEL: Eu acho que você ainda não entendeu a gravidade do problema, não é? Sua mãe me procurou, Celso. (CELSO muda de feição, mostrando-se ainda mais preocupado. A trilha muda:) e você sabe que para a sua mãe me procurar, é porque a situação está feia.


CELSO: Espera, a minha mãe te procurou?


ISABEL: Exatamente, me procurou. Ela já me disse tudo o que aconteceu onde. O sumiço da Solange, você está sem seu carro, e o pior, chegou como quem tivesse andado quilômetros. Descrições dela.


CELSO: Minha mãe não deveria ter te procurado. Ela não devia.


ISABEL: A é? E agora, eu chego e te encontro falando com quem? Com o Joel. O criminoso foragido da polícia, acusado de coisas que você sabe. O que é que você está escondendo? Ou você esquece que a Solange era ex do Joel? Celso, você está sabendo de coisas que não sabemos.


CELSO: Eu não sei de nada. E por favor, saia daqui. Você está deixando a minha cabeça doendo.


ISABEL: É impressionante mesmo. É impressionante. Agora eu me lembro o porquê de ter me separado de você. Você é um covarde! Um completo covarde. Quer dizer que manter sua integridade é mais importante do que salvar a sua irmã? E pior, manter um criminoso escondido? Isso por algum acaso é atitude de um homem, Celso? Seja homem pelo menos uma vez na sua vida, e diga, onde está a droga do Joel.


CELSO (pausa): Eu vou dizer onde o Joel está. Pegue o telefone, ligue para a polícia. Eu darei todas as coordenadas.


Cena 02: Apartamento de Rafael - Manhã - Interna.


Trilha: Tensodeep - Mu Carvalho 


RAFAEL (pelo celular): O que você disse, Isabel? Repita para mim. Me aguarde que chego aí em minutos. Não saiam sem mim. Norma, cancela o almoço. Tenho algo muito importante a fazer agora.


NORMA: Mas o que você vai fazer?


RAFAEL: Eu não tenho tempo para falar agora, mas não estarei aqui para almoçar.


NORMA: Meu Deus, agora você me deixou nervosa.


RAFAEL: Não precisa ficar nervosa, porque eu resolverei tudo.


Cena 03: Cabana na mata - Manhã - Interna/externa.


Trilha: Eternamente - Eduardo Queiroz/ A câmera mostra um panorama do ambiente. Solange, que aparenta estar com muita fome, está jogada no chão, com rosto em lágrimas. O Joel chega.



JOEL: Você está com fome porque quer, a comida está aí.


SOLANGE: Eu quero ir embora. Eu quero sair daqui.


JOEL: De novo com esta conversa? Pensei que já estivesse acostumada com o local. Eu trouxe esse mato aqui, pra você usar como vassoura. É praticamente a mesma coisa, só que a vassoura é mais cara.


SOLANGE: Você não tem um pingo de empatia. Eu não sei como um dia eu pude ter me apaixonado por você!


JOEL: Pois até hoje eu sou apaixonado por você… você é o meu amor, e nunca deixará de ser.


SOLANGE: Socorro!!


Trilha: Sede de vingança - Eduardo Queiroz 


Corte | Externa - A polícia se aproxima com o Camburão. Eles descem do carro, sem fazer qualquer barulho. Armados, caminham em direção à cabana. 


Corte | Interna 


JOEL: Cala boca! Você não está ouvindo? Isso são passadas. Passadas de pessoas? (Ele corre para ver pela fresta da porta e vê que são policiais. Os policiais quebram a porta, e logo vemos Joel com um revólver em direção à Solange.)


POLICIA: Solte a moça!


JOEL: Se vocês chegarem até mim, eu disparo. Eu posso até morrer, mas ela vai junto comigo. Vocês que escolhem.


Clima tenso 




Trilha: Duelo - Ricardo Leão 


POLICIA: Solte a moça. Solte a moça e não iremos te ferir.


JOEL: Então abaixem as armas. Ou vocês acham que sou idiota? O Celso me entregou, não foi? Aquele frouxo. Mas se ele pensa que vai se livrar de mim, está muito enganado. Abaixem as armas, que eu solto a Solange.


POLICIA: Solte a Solange que nós baixamos as armas.


JOEL: Então não temos acordo. É pegar ou largar.


Um clima tenso cerca um ambiente, com as câmeras ficando em ambos os personagens. Até que um tiro vindo por trás pega na mão de Joel, o fazendo derrubar a arma.


Trilha: Duelo - Ricardo Leão.


RAFAEL corre até Joel, lhe dando um soco na cara, que o derruba no chão. Ele leva Solange, que está completamente assustada. O policial vai até Joel, o prendendo.


POLICIAL: Você passará um bom tempo na cadeia. Ou achou que eu estava brincando?


Trilha: More Than Words - Extreme


RAFAEL e Solange se beijam, com ela se sentindo segura ao lado de Rafael. Ha uma transição de cena, levando até o apartamento de Celso. ELEONORA está nervosa, e a filha entra pela porta juntamente com o Rafael. Solange corre, abraçando a mãe. 


Cena 04: Apartamento de Celso - Tarde - Interna 


SOLANGE: Mãe!


ELEONORA: Minha filha! Filha, eu estava tão preocupada, minha filha.


RAFAEL: Agora ela está Sã e salva. O Joel acabou de ser preso.


ELEONORA: Muito obrigada, eu não tenho como agradecer.


RAFAEL: Agradeça ao Celso. Foi ele que deu o local onde o Celso estava abrigado.


ELEONORA: Com ele eu converso depois.


RAFAEL: Bom, eu preciso ir.


SOLANGE: Espera. 


Ela corre em direção a ele, e lhe dá um grande beijo. Trilha: Anjo - Roupa Nova.


Há uma transição de cena, levando para o aeroporto. 


Na cena, Jorge e Eunice andam com suas malas, indo para o avião. Disfarçados, é possível ver o Marcos e a Helena, que conseguem passar. (Cena longa)


Cena 05: Apartamento de Celso - Noite - Interna. Diálogo entre Celso e Eleonora.


ELEONORA: A sua atitude me decepcionou totalmente. Onde você estava com a cabeça de ocultar o paradeiro de um bandido? Você é algum maluco?


CELSO: Eu vacilei com isso, e eu reconheço.


ELEONORA: E do que isso adianta? Como se fosse mudar alguma coisa o seu arrependimento. A minha filha poderia estar morta agora na mão daquele marginal e você o ocultando. Eu tenho vergonha de você, vergonha!


CELSO se mostra pensativo. Ha uma troca de cena, levando para uma externa noturna na praia. 


Trilha: Honesty - Billy Joel 


CELSO caminha pelo areia da praia, pensativo. Ele observa o ambiente ao redor, que não possui ninguém a não ser ele e o mar. Ele caminha em direção ao oceano, seguindo para o centro. Seus passos, que seguem sem fim, o levam para dentro do mar, não retornando. Há um fade de cena, levando para três meses depois, mostrando assim o futuro dos personagens.


Cena 06: Casarão Albuquerque - Manhã - Interna.


Antônio está pensativo enquanto toma o café. Triste, Suely senta-se a mesa.


SUELY: No que você está pensando? No Marcos?


ANTÔNIO: Neste eu não penso mais. Já se encerraram as minhas esperança…


SUELY: Como pode alguém sumir assim, do nada?


ANTÔNIO: Eu estou pensando em outra coisa. Lembra do acidente da Carol?


SUELY: Como eu poderia me esquecer? Mas o que tem o acidente?


ANTÔNIO: Este acidente foi causado por alguém, e ela me disse quem foi este alguém.


SUELY: E porque você nunca me falou sobre isso? Como você pode ter me omitido uma informação dessas?


ANTÔNIO: Mas não era sobre isso que eu queria falar. Pois bem, ela havia me dito quem foi esta pessoa. E furioso, eu fui até ela. Porém o pior aconteceu.


SUELY: O que aconteceu?


ANTÔNIO: Eu matei a pessoa errada. Foi a Helena quem causou o acidente. E ela está impune, até hoje ela está impune.


SUELY: Você queria matar alguém? E quem vive matou?


ANTÔNIO: O Cezar. Eu matei o Cezar por engano… você não vai contar o que eu te disse agora, não foi?


SUELY: Para que? Para ampliar as desgraças de nossa família?


Cena 07: Prédio Royal - Manhã - Interna: Carmen e os quatro sobrinhos estão na sala da presidência 


CARMEN: Que saudades que eu estava deste lugar. Pensei que não voltaria aqui mais.


RAFAEL: Mas afinal, tia, para o que a senhora nos chamou aqui?


ANABEL: É o que todos querem saber, imbecil.


CARMEN: Acalmem-se, acalmem-se. Bom, vocês lembram da proposta que foi feita a vocês da presidência. Confesso que me arrependo, porque foi graças a isso que estourou essa bomba que pagamos até hoje. Mas saibam, que apesar de ter anulado essa competição, vocês serão treinados para alcançar esse posto um dia. Em conjunto. Nada de divisões, até porque foi dividindo vocês que causou toda essa desgraça. 


RAFAEL: Então quer dizer que tudo isso que aconteceu foi em vão?


CARMEN: Mas é claro que não, não diga isso. Vocês continuarão no cargo da diretoria, ainda mais agora que perdemos dois colaboradores, o Cezar e o Celso.


ISABEL: Mas afinal, o que aconteceu com o Celso?


CARMEN: Não se sabe ainda… a polícia o buscou por esses três meses, e sem resultados.


MIGUEL: Que estranho…


CARMEN: Bom, é isso meninos e meninas, podem voltar aos seus respectivos postos. Isabel, eu quero falar em particular com você. (Miguel, Anabel, Rafael saem)


ISABEL: Comigo?


CARMEN: Sim, com você. Coisa rápida. Apesar do que a Helena fez, você sabe que eu tenho um carinho por você. Algo sobre ela?


ISABEL: Desapareceu. Assim como o Celso, ninguém sabe o paradeiro dela.


CARMEN: Bom, a minha casa eu já consegui recuperar. Minha autonomia de vida a Solange conseguiu recuperar, já que a Helena sumiu e os exames provaram que eu não tenho qualquer problema mental. Mas sabe o que me chamou a atenção? Ela, antes de sumir, passou algo para você.


ISABEL: O que?


CARMEN: A presidência do Grupo Royal.


Close em Isabel





Trilha: Nina - Instrumental 


ISABEL: O que disse?


CARMEN: Exatamente isto que você ouviu. Antes de desaparecer, e com uma grande fortuna que foi pego após penhoraram a minha casa, ela passou em cartório todo esse patrimônio para você. 


ISABEL: Mas saiba que eu devolvo já já.


CARMEN: Espera, não é isso que estou te pedindo. Mas sabe, Isabel, eu observei durante todo esse tempo. A Helena fez isso por você, pela avó dela, e por tudo o que aconteceu. Não que eu aprove, mas não é impossível entender. Apesar de sim, eu querer de volta o meu posto, eu já estou ciente que não ficarei aqui por tanto tempo. E em você, eu enxergo o futuro desta empresa. Mas não deixe com que seus primos saibam que eu te disse nada disso, entendeu? É um segredo entre mim e você. (CARMEN sai e Isabel fica emocionada, limpando as lágrimas com as mãos)


Trilha: We’re All Alone - Rita Coolidge (refrão)


Cena 08: Casarão Royal - Tarde - Interna.


VILMA: Você está maluca? Casar? Mas e a sua saúde?


CARMEN: Qual o problema? Eu não vou morrer de qualquer jeito? Antes de morrer, eu preciso fazer algo que eu realmente deseje. Do que adianta saber que meu dia está perto, e viver como quem se despede? Muito pelo contrário, Vilma, eu quero viver. E sabe como farei isso? Vivendo ao lado do homem que eu sempre quis. Apesar do tempo ter nos separado, ele me permitiu encontrá-lo novamente. E eu não perderei essa oportunidade.


Cena 10: Igreja - Noite - Interna. A igreja cheia de casais: Solange e Rafael, Miguel e Luísa, Isabel e Bernardo. Todos emocionados, com Pedro aguardando ao pé do altar. Carmen entra, sozinha, caminhando até o altar.


Trilha: Marcha Nupcial - Maestro Misiuk 


Ao chegar no altar, os dois se ajoelham. A cena embalada por You Make Me Feel Brand New - Simply Red , mostra os casais felizes, enquanto Anabel chora, mas contida, mostrando pensar em algo. Os dois se beijam, e todos comemoram. Na festa, todos estão felizes e comemorando. ANABEL procura a tia.


ANABEL: Meus parabéns, tia! Felicidades.


CARMEN: Muito obrigada, querida. 


ANABEL: Agora precisarei ir.


CARMEN: Mas pra onde?


ANABEL: Irei dar um pulinho lá na Itália. Resolver uma pendência.


CARMEN: Se for o que eu estou pensando… espero que consiga.


ANABEL: Eu fui tola… mas dá tempo, eu acredito que dá tempo.


Transição de cenas, mostrando um avião descendo em terras italianas. Até que, vemos Marcos e Helena aplicando pequenos golpes. Fantasiada de vidente, ela está atendendo uma pessoa aparentemente pobre.


HELENA: Guardate cosa dirà Madame Royal! Nelle sue mani, si intravede un futuro luminoso. Soldi, potere, tanto potere. 500 euro a consulenza. (Ele paga. Ela pisca para Marcos, que pisca de volta)


Em um ambiente fechado, parecendo um congresso. Anabel entra, ficando na porta. JORGE fala no palanque, encantando a todos. Ele olha de longe, e vê Anabel na porta do espaço. Ele desce para falar com ela.


Trilha: Total Eclipse Of The Heart - Bonnie Tyler 


JORGE: Você por aqui? Que surpresa.


ANABEL: O que não fazemos pela pessoa que gostamos, não é?


JORGE: O que você quer dizer?


ANABEL: Que eu fui burra. Tudo bem, você não agiu da melhor maneira, mas eu não raciocinei, eu não pensei.


JORGE: Eu não te culpo por nada. O que eu fiz foi algo fora da ética, nada me dava esse direito de agir com essa leviandade. É uma boa oportunidade para reconciliação?


ANABEL: E desde quando não existe oportunidade para o amor.


A música, antes em instrumental, toca o vocal. Os dois se beijam, e o público se levanta para aplaudir. O letreiro (fim) aparece na cena, encerrando o último capítulo).


Encerramento ao som do tema de abertura. Só você - Vinícius Cantuária 






























QUATRO POR UM | CAP. 34 (Penúltimo Capitulo) - 13/11/2025)

Quatro por Um - Capítulo 34 (penúltimo capitulo)



uma novela de: 

Jacques LeClair


escrito por:

Jacques LeClair


Direção:

Allan Fiterman

Leonardo Nogueira


Elenco:

Letícia Colin como Anabel Royal

Marcello Melo Jr. como Rafael Royal

Renato Góes como Miguel Royal

Sheron Menezzes como Isabel Royal 


Elenco em ordem alfabética 

Ângela Vieira como Eleonora Bonfim Alcântara 

Christiane Torloni como Selma Royal

Dan Stulbach como Celso Alcântara 

Emílio Dantas como Jorge Passos 

Felipe Bragança como Marcos Muniz de Albuquerque 

Giovanna Cordeiro como Solange Alcântara 

Herson Capri como César Barbosa

Lilia Cabral como Suely Muniz de Alcântara 

Lucinha Lins como Eliete Royal

Marcos Palmeira como Higor Calmon

Maria Eduarda de Carvalho como Maria Carolina “ Carol " Muniz de Albuquerque 

Mariana Sena como Luisa Silva

Mel Maia como Bianca Pinheiro Royal

Paulo Betti como Antônio Marcos Albuquerque 

Paulo Lessa como Joel Bastos

Rayssa Bratilieri como Suelen Paz

Renan Monteiro como Rui Dantas

Ricardo Pereira como Dr. Bernardo França 

Selton Mello como Sérgio Santos

Sophie Charlotte como Josie Pinheiro 

Stella de Freitas como Norma Junqueira 

Suely Franco como Vilma Celestino

Valentina Herszage como Helena Royal 


Participações especiais

Cosme dos Santos como Amadeu Neves

Cristiane Pereira como Rita Anjos

Irene Ravache como Noelita Palmeira

Kadu Moliterno como Cassiano Dias

Renata Sorrah como Eunice

Othon Bastos como Paulo


Continuação do Capítulo anterior


Cena 01: Rua deserta - Fim de Tarde - Noite.


Solange caminha por uma rua deserta, temendo. Um carro, igual o de Celso, aparece. Seus vidros estão fechados.


SOLANGE: Graças a Deus. CELSO, que bom que você apareceu. Será uma ótima carona


Trilha: Tenso forca moo - Mu Carvalho (o vidro desce, e ela vê que é Joel. Seu rosto muda completamente)


SOLANGE: Mas o que você está fazendo aí? No carro do meu irmão?


JOEL: Vamos dar uma voltinha? (Ele desce do carro, e a agarra com força. Colocando dentro do carro)


SOLANGE: Me solta, Joel, me solta! Socorro!!!!!


O carro segue. Ha uma transição, levando para a mata. Com a trilha sonora tensa, o carro se aproxima do barraco onde Joel reside no meio do mato. Ela agarra Solange, jogando dentro da casa.


SOLANGE: Mas o que é isso, Joel? O que você está fazendo? E porque está com o carro de meu irmão?


JOEL: Cala a boca! Você é minha, Solange. Você é minha!


SOLANGE: Mas do que você está falando? Você está completamente maluco. Me tire daqui.


JOEL: Você não vai sair daqui. Você vai viver aqui pra sempre!


SOLANGE: Você não está dentro de suas faculdades mentais, Joel. Me deixa sair daqui. 


JOEL: Você não vai sair daqui. Se acostume com sua nova vida, longe do Rafael. 


SOLANGE: Mas eu nem estou com o Rafael. Joel, pelo amor de Deus, me deixa sair daqui. Você não está bem.


JOEL: Eu já mandei você calar a boca! (Joga um objeto em sua direção. Solange se assusta) Você agora é minha!


Close em Solange, que não compreende a situação que se envolveu.


Cena 02: Apartamento de Celso - Noite - Interna. Celso chega em casa a pé, e sua mãe comenta.


ELEONORA: Celso, onde você estava? Você saiu de manhã e parece que esqueceu de voltar. Você tem ciência de que horas são?


CELSO: Mãe, vê se não enche.


ELEONORA: E ainda destrata sua própria mãe. Mas é muito insolente! Cadê o seu carro? Você saiu de carro e eu não vi você chegar com ele.


CELSO: Eu deixei ele na oficina. 


ELEONORA: Oficina? Mas o seu carro é novo! 


CELSO: Não vai dizer que agora entende de carro também?


ELEONORA: E um odor de suor insuportável. Celso, eu não tenho 5 anos há muito tempo. E você não consegue me enganar. Cadê o seu carro? Porque você está assim? Não me diga que te assaltaram?


CELSO: Não enche minha paciência! (Sai em direção a um banheiro)


ELEONORA: Não grita comigo! Você não tem esse direito! Mas será possível… já não basta a Solange que ainda não voltou. Essa é outra que já deve estar subindo e descendo. Uma hora dessas…


Cena 03: Cabana - Noite - Interna


Trilha: Nervoso Moo - Mu Carvalho 


Solange está encolhida no canto da cabana, com medo e chorosa 


JOEL: Vamos, Solange. Coma. Aqui tem uns pães que eu providenciei.


SOLANGE: Eu não quero. Eu quero sair daqui!


JOEL: E vai ficar com fome? Você não vai sair daqui, Solzinha. Porque não se acostuma com a sua nova vida?


SOLANGE: E isso é vida? Isso aqui não é vida, é um cativeiro!


JOEL: Como é ingênua… essa é a sua nova vida. Ao meu lado! Vamos, venha comer um pão. Ah, e logo vamos dormir.


SOLANGE: Você está maluco se achar que eu vou dormir com você.


JOEL (alterado) : Mas se fosse com o Rafael você ia, não é? Com ele você ia!


Ele se levanta, irado, e enfia um pão na boca de Solange.


JOEL: Você vai comer sim! Você não se governa! Eu te governo.


SOLANGE: Eu te odeio, eu te odeio!! Eu quero sair daqui. O que eu fiz contra você para me tratar assim?


JOEL: Você me deixou, por causa dele.


SOLANGE: Meu Deus do céu… Joel, quando eu te deixei, eu nem sonhava em conhecer o Rafael. E hoje em dia eu e ele não temos mais nada, o que custa você tentar entender isso?


JOEL: Não adianta me enganar. Eu sei que você ama ele. O meu maior inimigo, e você ama ele!


SOLANGE: Oh, meu Deus… o que eu fiz pra merecer isso?


Close em Solange e em seu sofrimento.





Trilha: I Started A Joke - Bee Gees


Transição de imagens noturnas do Rio, levando para o hospital:


Cena 04: Hospital - Noturna - Interno: Diálogo entre Vilma e a médica de Carmen.


MÉDICA: Boa noite, a senhora é a acompanhante da paciente Carmen Royal, não é mesmo?


VILMA: Isso, conte-me o que aconteceu com ela? Por favor, não esconda nada. Ela está bem?


MÉDICA: Precisamos conversar urgentemente. A situação dela está mais grave do que imaginamos.


VILMA: Como ela está?


MÉDICA: A condição de saúde dela é muito instável. Acabamos de realizar a cirurgia, e ela reagiu positivamente. Mas infelizmente, a doença dela tem se alastrado, e agravado ainda mais as complicações do infarto. Ela não tem levado a sério a sua situação clínica, colocando em risco a própria saúde. Ela não pode em hipótese alguma se emocionar, porque pode ser fatal.


VILMA: Meu Deus!


MÉDICA: Mas ela não pode saber que a vida dela está por um fio. Isso costuma agravar ainda mais a condição do paciente. Mas estou falando sério, ela tiver fortes emoções, infelizmente não resistirá.


Trilha: Jean - Enoch Light Orchestra (close em Vilma, que sofre)


MÉDICA: Ela será liberada amanhã. Mais informações serão passadas para a senhora, está bem?


VILMA: Está certo. (A médica sai de cena. VILMA senta-se em um banco, desolada)


Trilha: More Than Words - Extreme: Transição de cenas, levando ao amanhecer. Corte para o apartamento de Celso, com Eleonora agoniada com o sumiço de sua filha.


Cena 05: Apartamento de Celso - Manhã - Interno.


ELEONORA: Celso, desde ontem a sua irmã não aparece. Você não está preocupado?


CELSO: Claro que estou, mãe. Estou preocupadíssimo. 


ELEONORA: Pois não parece. Você age como se tudo estivesse dentro da normalidade. Ontem você chegou sem o carro, e com a cara de quem estava andando por quilômetros sem destino. Desde ontem a sua irmã desaparece, e você age como se tudo estivesse em seu perfeito normal. Eu não consigo entender. Na minha cabeça tudo isso tem uma relação. Eu vou chamar a polícia.


CELSO: Não faça isso. 


ELEONORA: Celso, você não era assim. O que é que está acontecendo? O que você está escondendo de mim?


CELSO: Nada, mãe, eu não estou escondendo nada. Agora eu preciso trabalhar.


ELEONORA: Você não está em sua normalidade. Essa é a única certeza que tenho.


CELSO: Está bem, está bem. (Ele sai de cena)


ELEONORA: Eu nunca pensei que faria isso, mas terei que procurar ela. A Isabel.


Cena 06: Casa de Isabel - Manhã - Externa.


Trilha: We’re All Alone - Rita Coolidge (segue tocando até o fim da cena)


Isabel canta uma música, enquanto rega as plantas de sua varanda. Ela ouve uma campainha vindo de sua porta. Ela então resolve atender, para ver quem é.


ISABEL: Mas quem será na porta uma hora dessas? Já estou indo. (Ela abre a porta e da de cara com Eleonora) Eleonora? 


ELEONORA: Quanto tempo, não é? Isabel.


ISABEL: O que você veio fazer aqui? Não diga que já veio criticar alguma coisa?


ELEONORA: Pois você está redondamente enganada. Eu não vim reclamar de nada. Eu vim pedir a sua ajuda. Eu não acredito que estou fazendo isso, mas eu preciso da sua ajuda, em relação ao Celso. 


ISABEL: Mas o que tem o Celso? 


ELEONORA: Veja, Isabel, para ver se eu não tenho razão. Desde ontem a minha filha desapareceu. Não atende telefone, não avisou de maneira alguma para onde ia. Mas antes disso, o Celso havia chegado em casa com uma cara de cansado, e ainda tinha me dito que o carro que ele havia levado, quebrou e foi para a oficina.


ISABEL: Mas o que há de anormal em algum ir na oficina? Essa história não tem nada de problemática, Eleonora.


ELEONORA: Você não está entendendo. Eu conheço o Celso desde que ele nasceu. Eu sei muito bem quando ele está mentindo ou não.


ISABEL: Mas o que você acha que aconteceu?


ELEONORA: Alguém deve ter roubado o carro do Celso. E com ele, levaram a minha filha. Isabel, por favor, fala alguma coisa com ele. 


ISABEL: Eu vou tentar. Mas não garanto nada.





Cena 07: Kitnet - Manhã - Interna. VILMA ajuda Carmen a entrar.


VILMA: Vamos entrando, vamos. Já já prepararei a sua sopa.


CARMEN: Outra vez sopa? Pelo amor de Deus…


JORGE chega.


JORGE: Bom dia! Dona Carmen, como a senhora está?


CARMEN: De mal a pior. E você?


JORGE: Estou bem, obrigado. Vim te dar uma notícia. 


CARMEN: O que é?


JORGE: Eu vim pedir minha demissão. 


CARMEN: Demissão? Mas demissão por que, homem? Você recebe bem, trabalha muito bem.


JORGE: A senhora sabe o porquê. Mas eu prefiro assim. 


CARMEN: Eu fico muito triste em perder um excelente funcionário. Mas, você tem todo o meu apoio. 


Cena 08: prédio Royal - manhã - Interno.


Isabel chega até a sala de Celso, e o ouve no telefone.


Trilha: Tensão Crescente - Bom Sucesso.


CELSO (telefone): Joel? Joel, cadê você? Vem cá, rapaz, e o meu carro? Você acha que vai ficar assim, é? E Joel, cadê a minha irmã? Se eu imaginar que ela está com você, eu não respondo por mim.


ISABEL: Quer dizer que você continua falando com o Joel, não é? Celso, precisamos conversar.


Congelamento em Celso. Encerramento ao som de We’re All Alone - Rita Coolidge.



 

O PREÇO DA VIDA - CAPÍTULO 09 (12/11/2025)

 


O PREÇO DA VIDA 


criada e escrita por: Luccas Sanza


Capítulo 09


CENA 01. RIO DE JANEIRO. PLANOS GERAIS. EXT. DIA.


O Rio de Janeiro pulsa em vibração.


Carros e ônibus lotados cruzam a Presidente Vargas, enquanto o som das buzinas se mistura ao burburinho da manhã.


A Sapucaí, vazia e dourada pelo sol, anuncia apenas mais um dia caótico começando.


A praia de Copacabana desperta cheia de vida — crianças correm pela areia, vendedores gritam seus pregões, o mar reflete o brilho quente do verão.


Os Arcos da Lapa resplandecem imponentes sob a luz do sol, enquanto o bonde amarelo atravessa preguiçoso entre as sombras dos prédios antigos. Corte seco. Uma delegacia no centro da cidade.


Corte para: 


CENA 02. DELEGACIA. CELA. INT. DIA.


Sirenes ecoam ao fundo enquanto a câmera explora lentamente o corredor insalubre. Cortamos para uma cela iluminada pela brecha do sol.


Em um corte rápido, vemos Estevão sentado no canto da cela — triste, pensativo.


A câmera foca em seu rosto e se aproxima devagar.


FLASHBACK (Capítulo 02) 


O carro atinge o homem. O para-brisa estilhaça.


Sangue escorre. O carro derrapa, descontrolado.


Estevão para. Respiração ofegante, mãos trêmulas, o pulso pulsando.


ESTEVÃO — O que eu fiz? O que eu fiz?!


Corte rápido: Estevão sai do carro.


O homem está no chão, agonizando, sangue espalhado pelo asfalto.


HOMEM — (fraco, quase sussurrando) Socorro... alguém... ajuda...


Close nas mãos de Estevão sobre a cabeça, tremendo. Ele dá um passo atrás, paralisado.


A câmera o segue enquanto ele corre de volta para o carro, respiração pesada.


FIM DO FLASHBACK 


A câmera permanece no rosto dele, em planos fechados, enquanto um ruído distante — alguém chamando — começa a ecoar. O som aumenta, até revelar a voz de uma policial.


POLICIAL (OFF) — Estevão... seu pai tá aí querendo te ver!


ESTEVÃO — Meu pai...?


POLICIAL — É agora. Levanta!


A policial destranca a cela. Estevão se levanta. Ela o algema e o conduz. Cortamos para a sala de visitas.


CONTINUÓ. SALA DE VISITAS. INT. DIA.


Estevão entra na sala. Rog está de costas. A tensão é palpável no ar.


Lento, Rog se vira — o olhar cheio de fúria encontra o de Estevão, envergonhado, trêmulo.


ESTEVÃO — Pa... pai... o que o senhor está fazendo a-aqui?


Rog se aproxima devagar, imponente, até ficarem cara a cara. O silêncio pesa.


De repente, com um movimento rápido e violento, Rog desfere um soco no rosto de Estevão. O impacto ecoa pela sala.


Estevão cai no chão, o sangue escorre pelo canto da boca. O som das algemas batendo no piso metálico quebra o silêncio.


ROG — (FURIOSO) Como você pôde esconder de mim... que matou alguém, moleque?!


Close em Estevão. Ele chora, humilhado, o olhar perdido, sem força para responder.


A câmera permanece nele, plano fechado, o som ambiente abafado — apenas o eco da respiração e o sangue pingando no chão.


Corte para:


ESTAMOS APRESENTANDO 

VOLTAMOS A APRESENTAR 


O ar é denso. A luz entra pelas grades, recortando as sombras no chão.


Rog está de costas, rígido. Estevão entra, hesitante, as algemas tilintando. A policial fecha a porta atrás deles.


Um silêncio. A respiração dos dois é o único som.


ESTEVÃO — Pa... pai? O senhor aqui?


Rog se vira devagar. O olhar é puro desprezo. Estevão engole seco.


ROG — (FRIO) Então é isso que sobrou do meu filho. Um assassino.


ESTEVÃO — Não fala assim… eu não quis — foi um acidente!


ROG — (CORTA, GRITANDO) Acidente?! Você matou um homem, Estevão! E ainda tentou esconder isso de mim! Você não tem ideia da vergonha que eu passei quando soube pela imprensa!


Estevão se aproxima, emocionado.


ESTEVÃO — Vergonha?! O senhor se preocupa mais com o nome da família do que comigo! Eu sou seu filho!


ROG — (IRÔNICO) Meu filho? Você deixou de ser isso quando destruiu tudo o que restava da sua mãe!


O golpe emocional é certeiro. Estevão sente o chão sumir sob os pés.


ESTEVÃO — (VOZ EMBARGADA) O senhor ainda joga isso na minha cara... até hoje? Ela morreu, pai! A culpa não foi minha!


ROG — (GRITA) Foi, sim! Ela se acabou tentando te salvar desse caminho que você escolheu! E no fim, olha pra você! Preso! Um fracasso, igual ao que sempre temi que virasse!


ESTEVÃO — (SE DESCONTROLA) O senhor nunca tentou me entender! Desde moleque eu só ouvia grito, cobrança, humilhação! Eu errei, mas pelo menos eu sinto alguma coisa! O senhor não sente nada! Nem amor, nem culpa, nem perda!


Rog se aproxima devagar, o olhar gelado.


ROG — Sabe o que eu sinto, Estevão? Nojo. Nojo de ver o que você se tornou.


ESTEVÃO — (GRITA, LÁGRIMAS CAINDO)


E eu sinto raiva! Raiva de ter um pai que só aparece pra me pisar! O senhor é um merda, Rog! Um merda de pai!


O silêncio pesa. A tensão corta o ar.


A câmera fecha no rosto de Rog — o maxilar trincado, a respiração pesada.


Um passo.Dois. A distância entre eles some.


Plano detalhe. A mão de Rog se ergue. Corte rápido. um estalo seco preenche a sala.


O tapa é forte. A câmera mostra apenas o rosto de Estevão virando com o impacto.


O som ecoa. Ele cai de costas, algemado, o ar fugindo dos pulmões.


Plano fechado. Lágrimas misturadas ao sangue no canto da boca.


ROG — (FORA DE SI, GRITANDO) Você me destruiu! Me fez passar vergonha! Você é a vergonha da minha vida, moleque!


ESTEVÃO — (VOZ TRÊMULA, NO CHÃO) E o senhor… é um covarde…


Rog para. O ódio dá lugar ao vazio.


A câmera gira em torno dele — o rosto tomado por culpa, silêncio e desespero.


Plano detalhe. a mão de Rog tremendo.


Ele encara a própria mão, como se só agora entendesse o que fez.


ROG — (SUSSURRANDO) ...meu Deus... o que eu fiz...


A policial observa da porta, imóvel.


Rog passa por ela, sem olhar, sai do ambiente.


Plano fechado. Estevão no chão, a luz das grades recortando seu rosto. A respiração trêmula, o olhar perdido. Silêncio absoluto.


Corte para:


CENA 03. PENSÃO DE CLARA. SALA. INT. DIA.



O sol entra pelo corredor iluminando o chão.


Júlio segura o celular com força, respirando devagar, tentando disfarçar a ansiedade.


ODILA (V.O.) — Não precisa, meu amor… eu já chamei um carro pra te buscar! Hoje eu quero você só pra mim. Gostoso!


JÚLIO — Tá… tá bom, eu espero o carro. Chega, tá linda! Beijo, tchau!


Ele guarda o celular.


Edna sai de trás do corredor, observando.


Ela dá um tapinha nas costas dele, firme.


EDNA — Tava falando com quem aí, meu filho?


JÚLIO — Tava arranjando um free-lance pra eu fazer.


EDNA — (TOSSE SECA) Onde é esse free-lance, Júlio?


JÚLIO — (MENTINDO) Ah… ah… mãe… ele fica… fica em Deodoro, perto da estação de Deodoro.


EDNA — Ata, tá bom saber.


O carro preto espera na rua. Júlio entra pelo banco de trás, ajustando a mochila, nervoso.


PLANO FECHADO — Edna observa o carro se afastar.


O sorriso desaparece, o olhar dela endurece. Atrás dela, o som de uma moto acelerando.


Ela sobe na garupa, determinada.



EDNA — Moço, segue aquele carro preto! Agora!


MOTOTAXISTA — Mas senhora…


EDNA — Não discute! Vai!


A moto dispara. O carro segue pela Rua Conde de Bonfim, atravessando a Tijuca, rumo à Lagoa Rodrigo de Freitas.


 o carro passa por ruas movimentadas, carros, pedestres e o sol refletindo nas fachadas, criando tensão visual.


ESTAMOS APRESENTANDO 

VOLTAMOS A APRESENTAR 


CENA 04. LAGOA RODRIGO DE FREITAS. EXT. DIA.


O carro preto contorna a Lagoa, o sol refletindo na água, iluminando os prédios e as árvores ao redor. Júlio no banco de trás, inquieto, mexe no celular e olha pela janela.


De repente, uma figura surge correndo na frente do carro. Plano detalhe. o motorista freia bruscamente. O carro derrapa levemente.


O impacto é mínimo, mas suficiente para Maggie tropeçar e bater levemente em um caminhão estacionado. Ela cai, respira fundo, confusa e brava. Júlio arregala os olhos, pálido.


JÚLIO — (GRITANDO, DESESPERADO) Ei! Você tá bem? Por favor, me diz que tá bem! Eu não tava olhando direito, eu juro, eu não podia prever que alguém ia aparecer na rua assim… Por favor, levanta, fala comigo, eu tô falando sério, você não se machucou, né?


Maggie se ergue rapidamente, respirando fundo, encarando Júlio com raiva e desconfiança.


MAGGIE — (GRITANDO, FURIOSA) Você tá falando sério? Você quase me matou! Você tinha ideia do que podia acontecer? Do perigo que você me colocou? Você entra nesse carro como se estivesse andando no quintal de casa e não olha pra frente, não presta atenção em nada, e ainda tem a coragem de me falar agora que “não podia prever”? Sério, você acha que isso é brincadeira?


JÚLIO — (TENTANDO SE CONTROLAR, GESTICULANDO) Olha, eu entendo que você tá brava, e com razão! Eu sei que errei, sei que poderia ter acontecido algo sério… Mas eu juro que não tinha como ver você! Eu tava distraído, eu tava pensando em outra coisa, eu tava mexendo no celular, e eu só queria chegar aqui sem problemas… e agora você tá aí, no chão, me olhando com raiva… E eu não quero que você pense que eu fiz isso de propósito!


MAGGIE — (AINDA DESCONFIADA, CRUZANDO OS BRAÇOS) Desculpas… Desculpas não resolvem nada. Você não me conhece, e mesmo assim quase me atropelou! E se eu não tivesse conseguido sair do caminho a tempo? Você nem pensou nisso! Nem um segundo!


JÚLIO — (MAIS CALMO, OLHANDO DIRETO PARA ELA) Eu sei, eu sei… e é por isso que eu tô aqui tentando me explicar! Eu não quero que você me odeie antes mesmo de me conhecer! Eu não quero começar com o pé errado! Eu só… eu só quero que você entenda que não foi intenção, que eu não vim aqui pra machucar ninguém… muito menos você!


Plano fechado. os olhos de Maggie, ainda desconfiados, começam a revelar um pouco de interesse, curiosidade e confusão.


MAGGIE — (MAIS BAIXA, QUASE SUSSURRANDO) Você é… completamente louco. Sério. Mas eu ainda tô viva, então… acho que você pode ter alguma chance de se explicar melhor. Mas se fizer besteira de novo, não vai ter desculpa que salve.



JÚLIO — (ALIVIADO, SUSPIRA) Obrigado… obrigado por me ouvir. Eu prometo que não vai acontecer de novo. 


Plano Geral. Edna e o mototaxista chegam à altura do carro. Ela observa tudo à distância, olhos fixos em Júlio no banco de trás.


O vento bagunça o cabelo dela, o olhar fixo e calculista.


EDNA — (TENSA) Eu tô de olho em você, Júlio. Cada passo, cada movimento… hoje eu vou saber exatamente o que você tá aprontando.


O carro começa a se mover novamente. Júlio olha para Maggie, tentando se aproximar e explicar.



JÚLIO — (FALANDO COM FIRMEZA, GESTICULANDO) Olha, eu sei que você não me conhece, mas eu não vim aqui pra causar problemas… Eu só precisava de alguém que entendesse a situação e pudesse me ajudar. Eu sei que você pode estar pensando que eu sou irresponsável, que eu não devia me meter nesse tipo de confusão, mas eu não tive escolha! Eu não podia ficar parado e ver tudo desmoronar sem tentar fazer alguma coisa!



MAGGIE — (OLHAR SÉRIO, CRUZANDO OS BRAÇOS) Você fala como se eu fosse sua amiga de infância, mas eu nem sei seu nome direito… E ainda assim você acha que eu vou confiar em você assim, do nada?


JÚLIO — Eu sei… parece loucura, e eu provavelmente tô pedindo demais… Mas se você me ouvir, se você me der só alguns minutos, eu posso explicar tudo. Pode ser que você não goste, pode ser que você não acredite… mas pelo menos você vai saber a verdade, tudo que eu tô tentando resolver.


 A moto de Edna acompanha o carro, ficando mais próxima, o som do vento e do trânsito domina a cena.


MAGGIE — (SUSPIROS, OLHANDO PARA JÚLIO) Tá… tudo bem, mas eu vou ouvir cada palavra sua, e se eu perceber que você tá escondendo alguma coisa, se tá mentindo, você vai se arrepender.


JÚLIO — (ALIVIADO) Eu prometo… nada de mentiras. Eu só quero que você me entenda.


Plano Detalhe. Os reflexos do sol na água da Lagoa iluminam os rostos de Júlio e Maggie.


O clima é tenso, mas uma ponte de entendimento começa a surgir.


 o carro segue contornando a Lagoa, a moto de Edna ainda próxima, como uma sombra vigilante, enquanto o trânsito, o sol e a água formam um quadro cinematográfico perfeito.


Corte para:


CENA 05. PENSÃO DE CLARA. CORREDOR/ESCADA. INT. DIA.


Plano geral. a sala iluminada pelo sol da manhã.


Camilla está sozinho, apoiado na parede, respirando com dificuldade, a mão na barriga, visivelmente tonto.


CAMILLA — (VOZ TRÊMULA) M-mãe… ajuda… Ele respira fundo e dá o primeiro passo em direção à escada, cambaleando. Tenta segurar o corrimão, mas as mãos tremem e escorregam.


CAMILLA — (GRITANDO) Mãe! Socorro! O corpo de Camilla balança para frente. Ele pisa no segundo degrau e tropeça, a cabeça se inclina levemente para trás, os braços se estendem tentando se equilibrar.


A ponta do joelho bate no degrau, fazendo um som seco, e ele solta um gemido baixo. O corpo rola levemente para o lado, os braços ainda buscando algo para se apoiar.


Suas costas batem contra o degrau seguinte, ecoando pela escada. O corrimão passa raspando pelos dedos, mas ele não consegue segurar. Ele desliza rapidamente, os pés tocando cada degrau com um som abafado.


No último movimento, Camilla atinge o chão. O impacto faz o corpo tremer levemente e ele fica imóvel por alguns segundos, respirando com dificuldade.


Plano detalhe. Close nas mãos ainda tocando o chão, dedos levemente contraídos, tremendo. O suor escorre pelo rosto, e o cabelo bagunçado mostra o esforço e dor da queda.


Plano Geral. Camilla está deitada ao pé da escada, a luz do sol entrando pela janela iluminando parcialmente o rosto pálido. O silêncio absoluto domina o ambiente, apenas a respiração fraca de Camilla ecoando.


CORTE RÁPIDO — FIM DO CAPÍTULO 

A novela encerra seu nono capítulo ao som da sonoplastia: Delícia/Luxúria - Sophia Chablau (Tema original de abertura)



EM DEZEMBRO, UM DOS MAIORES SUCESSOS DA LACRETV CONTINUA

criada e escrita por: Sinceridade

"GATO E SAPATO"