Quatro Por Um - Capitulo 11 (06/10/2025)

 Quatro por Um - Capítulo 11



uma novela de: 

Jacques LeClair


Direção:

Allan Fiterman

Leonardo Nogueira


Elenco:

Letícia Colin como Anabel Royal

Marcello Melo Jr. como Rafael Royal

Renato Góes como Miguel Royal

Sheron Menezzes como Isabel Royal 


Elenco em ordem alfabética 

Ângela Vieira como Eleonora Bonfim Alcântara 

Christiane Torloni como Selma Royal

Dan Stulbach como Celso Alcântara 

Emílio Dantas como Jorge Passos 

Felipe Bragança como Marcos Muniz de Albuquerque 

Giovanna Cordeiro como Solange Alcântara 

Herson Capri como César Barbosa

Lilia Cabral como Suely Muniz de Alcântara 

Lucinha Lins como Eliete Royal

Marcos Palmeira como Higor Calmon

Maria Eduarda de Carvalho como Maria Carolina “ Carol " Muniz de Albuquerque 

Mariana Sena como Luisa Silva

Mel Maia como Bianca Pinheiro Royal

Paulo Betti como Antônio Marcos Albuquerque 

Paulo Lessa como Joel Bastos

Renan Monteiro como Rui Dantas

Ricardo Pereira como Dr. Bernardo França 

Selton Mello como Sérgio Santos

Sophie Charlotte como Josie Pinheiro 

Stella de Freitas como Norma Junqueira 

Suely Franco como Vilma Celestino

Valentina Herszage como Helena Royal 


Participações especiais

Cosme dos Santos como Amadeu Neves

Cristiane Pereira como Rita Anjos

Irene Ravache como Noelita Palmeira

Kadu Moliterno como Cassiano Dias

Kiko Mascarenhas como Robert Martin


Atriz convidada:

Cássia Kis como Carmen Royal


Ator convidado:

Luis Melo como Pedro Rabelo


No capítulo anterior…


Suely - Acabou. E o que eu espero que acabe também, seja essa sua maneira de fazer as coisas. Você tem mais oportunidades que muitas mulheres, Carol, oportunidades inclusive que eu nunca tive. E como você age? Dessa maneira? Carol, eu e seu pai não estaremos vivos para sempre, a maturidade precisa chegar na sua vida, urgentemente. Por mais que eu entenda o ciúmes, ciúmes não segura relacionamento, o que segura é confiança. E se você não confia no seu noivo, não há nada o que fazer.

Carol - Mas ele deu motivos!

Suely - Motivos de que, Carol? Você colocou um detetive atrás do Miguel, você foi até o local pra ver o que estava acontecendo e ainda brigou com a moça no local de trabalho, fazendo com que ela perdesse o emprego, quem está mais errada nessa história toda? 

Carol - Eu não entendi o porquê você está defendendo ela? Viraram amiguinhas agora, foi?

Suely - Bem longe disso. Se tudo sair como eu planejei, o Miguel será todo seu. Mas ainda assim, eu não precisaria estar fazendo isso se você tivesse mais domínio próprio, confiança. Sabe de uma coisa, eu preciso dormir. Essa semana já começou cheia de problemas, isso sim.


Close em Carol ao som de um instrumental tenso


Carol - Aquela infeliz me paga. Isso não vai ficar assim.


Ao som de: Um Amor de Verão, há um fade que divide a noite para o dia. Imagens belíssimas do Rio são apresentadas, e levadas para a casa de Luisa, que se organiza para o novo emprego. Assim que chega em sua casa, a trilha muda para: É preciso saber viver, da banda Titãs, enquanto organiza a sua mochila.


Luisa - Não posso esquecer de uma roupa extra, nunca se sabe. Ou duas, não é mesmo? Vou levar três. Ah! Meu almoço, como posso esquecer meu almoço. (Ela olha para um quadro de seus pais) Ah, meus pais, eu sei que aí no céu vocês dois estão orgulhosos de mim. E olhe que a minha carreira nem começou. Não deixem de interceder aí por mim, tá? Eu preciso todos os dias. (Ela beija o quadro). 


Com a cena embalada somente pela música, ela carrega sua mochila. Há um corte, que a leva para o ponto do ônibus, acenando para que o ônibus pare. Dentro do ônibus, ela fica nervosa, pela experiência que viverá naquele dia. Ela chega ao local, entrando com apreensão. Suely a recebe. No local, a trilha ambiente Wave - Tom Jobim (instrumental)


Suely - Minha flor! Que bom que você chegou (abraça e beija) já estava te esperando.

Luisa - Meu Deus, não diga que eu atrasei? Desculpa, dona Suely, eu nunca mais faço isso.

Suely - Que nada, menina, você chegou na hora certa! Vamos entrar, que eu vou te apresentar tudo.


Elas caminham, e apresenta a Luísa a fotógrafos, diretores, desenhistas, até que chega ao local onde serão realizados às aulas. Lá, Robert Martin(Kiko Mascarenhas), que a recebe.


Robert - Bonjuor mes amis! 

Suely - Robert! Querido, como é que você está? Essa é a Luísa, de quem eu te falei.

Robert - Mais c'est merveilleux. Comment vas-tu?

Luisa - Eu quebrar a cara desse gringo, viu? (Instrumental - Linhas e Agulhas 1/Mu Carvalho)

Suely - Mas o que houve, Luisa? 

Luisa - Me chamando de Vastu. Vastu é a tua mãe.

Suely - Oh, perdão. Robert, por favor, fale português!

Robert - Desculpe, madame, me expressei mal. Como a senhorita está?

Luisa - Nervosa, onde é o banheiro?

Suely - No fundo à direta… (Luísa sai nervosa) 

Robert - Foi isso aí que você achou para liderar a campanha? Um pedaço de égua?

Suely - Mais respeito com a moça. E é aí que você entra, Robert. Você vai educá-la. Transformar essa inexperiente moça, em uma dama da alta sociedade.

Robert - Eu só me esforçarei em fazer isso, porque sou seu amigo e não é de hoje. Mas já comecei a rezar, porque já é o momento de Deus fazer um milagre!

Suely - Menos, Robert, bem menos. Agora silêncio, ela está voltando. Luisa, não apresentei o Robert direito. Ele será seu professor de etiqueta e te auxiliará também durante seu processo para aprender a ser modelo.

Luisa - Tudo bem, mas… um homem?

Robert - E qual o problema de ser um homem? Ora, faça-me um favor, boas modelos antes do sucesso passaram pelas minhas mãos. E com você não será diferente, mocinha. Aprenderá comigo como ser uma dama da sociedade, e concomitante, a ser uma excelente modelo. Vamos?

Luisa - Vamos pra onde?

Suely - Ele está te chamando para começar as aulas…

Luisa - Mas já? Eu nem trouxe uma roupa adequada para as aulas. 

Robert - Não se preocupe, aqui temos um arsenal de roupas para você escolher à vontade. Vamos?


Começa a tocar É Preciso Saber Viver - Titãs. Na cena, Robert apresenta à Luisa um guarda-roupa cheio de roupas para ela escolher. Ela experimenta algumas combinações de peças, que desagrada o professor. Até chegar ao final, e ele aprovar a escolha. Ao escolher, eles vão para a primeira aula. Na ocasião, Luisa aprende a caminhar:


Robert - Luísa, por favor, caminhe. Gostaria de ver seu caminhar


Luisa caminha sem postura, e sem elegância 


Robert - Não, não, não, não, não. Não é assim que se caminha. Parece que você está treinando para ser dançarina de posto. Preste atenção aqui. Sua posição deve ser ereta, além da cabeça com os olhos para a frente, não olhando para baixo ou para cima, para a frente. Vamos tentar novamente, caminhe (ela caminha, completamente desengonçada. Ele se irrita) não, não, não, não, não. Olha, eu vou te ensinar


Robert começa a caminhar como uma modelo, enquanto toca Black Stockings - Lindup. Nesse momento, ele caminha, e Antônio abre a porta do salão onde treinam. Ele observa Robert a caminhar de forma feminina, até perceber que Antônio o observava.


Antônio - Muito bem, muito bem. 

Robert - O que o senhor está fazendo aqui no meio de minha aula?

Antônio - Vim atrás de minha mulher. Mas pelo visto, eu encontrei um homem que anda feito uma.

Robert - Não, não, não, não, não. Eu não caminho feito uma mulher, estou apenas ensinando a está jovem, a como caminhar. Entendeu?

Antônio - Está certo, eu vou acreditar. Onde está a Suely?

Robert - Provavelmente está em sua sala. No fundo a esquerda (Antônio sai) Vamos lá, entendeu como você deve andar?

Luisa - Mais ou menos 

Robert - Caminhe em minha frente. Gostaria de ver como você caminha.


Mais uma vez, Luísa caminha de forma desengonçada. Robert pensa:


Robert - Esse será o trabalho mais difícil que eu já peguei em toda a minha vida. Onde eu fui amarrar o meu burro!


Cena 02: Prédio Royal/Noite/Interna. Eleonora e Cezar conversam a cerca de Helena.


Eleonora - Me fale mais, Cezar, sobre essa Helena. Meu filho comentou sobre essa moça, e que é uma grande ferramenta para nos colocar no poder.

Cezar - A Helena é uma moça muito inteligente, Eleonora. Confesso que no início eu desacreditei nela, o que é o mais natural levando em consideração que é uma mulher sem qualquer experiência na carreira empresarial. Mas até que suas ideias não eram de todas mal.

Eleonora - E sobre essa reunião, ficou marcada para hoje?

Cezar - Ficou. Será lá em minha casa. Você ainda lembra onde fica a minha casa, não é?

Eleonora - Claro, claro que lembro. Além disso, eu irei com meu filho, o Celso. 

Cezar - Então está tudo certo. Agora vamos só aguardar, para que essas ideias da Helena sejam explanadas. Se forem de fato boas, aderimos é claro. Agora, se forem ruins… 

Eleonora - Não tomemos decisões precipitadas. O correto é aguardar, para ver no que dará tudo isso. Mas eu tenho vontade de conhecer essa menina. Talvez seja a única coisa interessante para fazer nesse país medíocre chamado Brasil.

Cezar - Ainda não entendi, Eleonora, o que te trouxe de volta ao Brasil? O que houve, a Espanha não te fez bem?

Eleonora - Claro que fez, oras. O mal de você ter empresas no Brasil é que você precisa sempre estar aqui. Além de que, essa última cartada da Carmen me obrigou a voltar. Tenho que fazer valer essa volta, por mais que seja apenas temporária.

Cezar - Não diga que sentiu os seus 20% de ações ameaçadas? Por favor, Eleonora? Chega a ser ridícula essa sua preocupação por causa de 20% em ações. Não é pouco, mas em relação a Carmen…

Eleonora - São 20% que podem virar 40%, 50% ou até mesmo, quiçá, 100%. Cezar, eu não nasci ontem, eu sei os tremores que 20% ainda causam em decisões.


Cena 03: Sala da Presidência/Manhã/Interna - Rafael, Miguel, Isabel e Anabel estão reunidos na sala, aguardando Carmen. Ela entra, e conversa com os quatros:


Carmen - Que bom. Que bom que vocês já estão aqui. Eu tenho algo para comentar com vocês, e peço toda a atenção.

Anabel - Estamos atentos, titia.

Miguel - O que a senhora pretende dizer a nós?

Carmen (senta-se na cabeceira da mesa) - Meus sobrinhos, eu deixei vocês a vontade essa semana para que vocês pudessem entender como funcionava o ritmo da empresa, inclusive naquela votação para a construção do Resort. Pois bem, chegou a hora de vocês trabalharem. Vocês tem 30 dias para desenvolverem e ao final desse tempo me apresentarem os resultados do projeto que vocês desempenharão. É a primeira atividade que eu exijo de vocês. Vocês tem um mês para desenvolverem ações na empresa e que tragam resultados.





Rafael - Tia Carmen, eu não entendi. Poderia explicar novamente?

Carmen - Claro, Rafael. Pois bem, vocês são diretores aqui na empresa. E como todo diretor, precisa coordenar e desenvolver ideias que tragam retornos aqui para o Grupo. Nosso grupo é imenso, e essas atividades precisam atender ao nosso conglomerado. Eu dividirei vocês entre os setores, e desempenharão algo.

Isabel - Qualquer coisa?

Carmen - Qualquer coisa, desde que traga retorno. Nosso desejo é que as ações de vocês tragam retornos não só financeiro, claro, mas também uma estabilidade para as empresas. Vocês precisam trabalhar, e eu tenho certeza que vocês estão sedentos por isso. É isso, a reunião acabou. Vocês tem 30 dias para fazerem isso e trazerem retorno. Aquele que trouxer mais retorno, estará à frente dos demais, sim? Voltem aos seus postos!


Carmen se levanta, pega sua pasta, e sai. Todos se mantém em silêncio até a sua saída. Após ela fechar a porta, eles começam a conversar.


Rafael - Que conversa de doido, ações? Eu fiquei sem entender.

Anabel - Se você entendesse alguma coisa, aí sim seria novidade. Ela quer que nós trabalhemos em alguma coisa que traga retorno.

Isabel - Agora, 30 dias é um tempo muito curto. Será que conseguiremos fazer algo?

Miguel - Pois comecemos a pensar, porque pelo o que eu entendi, começa de agora.

Rafael - A tia Carmen já está caducando, só pode 

Anabel - Se você não tem competência de desenvolver um projeto para sua própria empresa, você não deveria nem desejar a presidência.

Rafael - Na minha cabeça, o presidente só assinava.

Anabel - Na sua cabeça, só passa vento.

Miguel - Eu tenho a impressão que alguém aqui não quer trabalhar.

Isabel - Gente, pelo amor de Deus. Vocês não conseguem manter um diálogo sem brigar? Sem discutir? 

Rafael - Olha só quem fala, que não consegue chegar a um acordo com a própria filha. Não é atoa, que a mesma foi até embora de casa.


Instrumental: Tenso Forca Moon- Mu Carvalho 


Isabel - O que você disse? Repita!

Rafael - Ótimo, eu repito. Não é atoa, que a sua filha foi embora de casa, por não aguentar mais você!

Isabel - Eu pelo menos criei a minha filha, ao contrário de você, que nem a pensão paga.

Rafael - Eu paguei a pensão de minha filha até o dia que ela completou 18 anos, que é até quando a lei me obriga.

Isabel - E quer dizer que ela é só sua filha até os 18 anos? Foi essa a educação que o seu pai te deu? Que eu me lembre, ele era besta, mas não era assim.

Rafael - Apelou pro meu pai, não foi? Pois bem. Se for assim, eu tiraria todas as garrafas de álcool dessa sala, porque a filha da alcoólatra aqui, pode sentir-se atraída pelo cheiro.

Miguel - Agora pesou o clima.

Anabel - Rafael, você está falando demais.

Rafael - E você fique na sua. A sua mãe eu já sei que está por aqui. Não me venha dizer que além de zerar a conta de seu pai, ela quer a presidência também?

Miguel - Já chega! Isso aqui está um absurdo! Parecem duas crianças.

Rafael - Você é muito ingênuo, Miguel. Porque não vai tomar conta da sua mãe, que é outra que gosta de tomar conta da vida dos outros.

Miguel - Não fala da minha mãe, viu?

Rafael - E tu vai fazer o que?

Miguel - Eu vou te mostrar o que eu vou fazer!


Rafael e Miguel saem na mão, com Isabel e Anabel tentando apartar os dois. Jorge entra na sala bem na hora, e entra no meio da briga.


Jorge - Parem com isso, parem com isso já! Mas será possível? Dois marmanjões brigando assim? Vocês são primos, vocês são família. E vocês sabem que família é…

Miguel - Se você responder que família é tudo, eu não respondo por mim!

Jorge - Seja o que for. Vocês perderam a noção do ridículo? Pelo amor de Deus, vamos sair daqui, pra isso aqui não virar um rodeio.

Rafael - E quem te deu o direito de entrar na sala da presidência?

Jorge - Eu estava procurando pela Anabel. Anabel, a sua mãe veio te ver, ela está procurando por você.

Anabel - A mamãe está aqui? 


Anabel sai apressadamente 


Jorge - E vocês, se comporem feito homens, porque aqui não é ringue de luta livre não.


Jorge também sai. Isabel, Miguel e Rafael saem logo em seguida. Anabel chega no térreo, e encontra a mãe, que a cumprimenta.


Selma - Filha! 

Anabel - Mãe? Mas o que está fazendo aqui?

Selma - Minha filha, você sabe… após eu voltar ao Brasil não tinha muito o que fazer em casa. Aí resolvi te ver no trabalho.


Um figurante idoso vê Selma, e vai falar com ela.


Figurante - Eu lembro, eu lembro de você. Selma Furacão! Mas é muito tempo, muito tempo que eu não te vejo.

Selma - Você lembra de mim? Obrigada.

Figurante - Eu ia todos os domingos te ver no Teatro da Tijuca. Ainda continua linda.

Anabel - Mãe, vamos ali, mãe.

Selma - Calma, minha filha, deixa eu falar com o homem aqui. 

Figurante - Foi um desperdício não te ter por mais anos, era maravilhoso de assistir, e ver tudo.

Selma - As pernas continuam no mesmo lugar (risos)

Anabel - Mãe! Vamos!


Anabel puxa a mãe 


Selma - Espera, minha filha, eu estava conversando com o rapaz.

Anabel - Pelo amor de Deus, mãe, já não basta a agonia que é todo mundo te conhecer, ouvir os detalhes já é demais.

Selma - Não diga que está com ciúmes? Pelo amor de Deus, filha, não é assim que as coisas funcionam.

Anabel - Porque a senhora não dá a volta no calçadão? Tenho certeza que se divertirá mais do que aqui.

Selma - Aquele homem me fez lembrar de um tempo que eu nem lembrava mais. Você não imagina a saudades que eu tenho dos meus tempos de teatro. Era incrível, as pessoas te aplaudirem por onde você passava. Tinha aquele povo que rejeitava, mas toda a experiência era ótima.

Anabel - Está certo, mãe, está certo. Agora eu preciso trabalhar, está bem? 

Selma - Filha, não demore pra chegar em casa, viu? 

Anabel - No final da tarde eu chego em casa. Tchau


Selma sai, e Anabel demonstra uma feição de cansada. Trilha: Rio Babilônia - Jorge Ben Jor toca, enquanto Carmen está dirigindo. Ela passa por uma pista, e o pneu de seu carro fura. 


Carmen - Minha nossa, o pneu do carro furou. Deixa eu ver o melhor local para estacionar.


Carmen estaciona o carro, e desce para ver o que aconteceu. Ela fica nervosa, porque não tem quem troquei o pneu, até que alguém aparece.


Pedro - Precisa da ajuda de um mecânico?


Carmen olha para ver quem falou, e o reconhece.


Carmen - Pedro? 





A continuação da cena. Ao som de Deixa eu te amar - Agepê, Carmen e Pedro conversam. Pedro é uma pessoa importante no passado de Carmen. Eles conversam enquanto ele troca o pneu dela.


Carmen - Eu não acredito, Pedro, quanto tempo.

Pedro - Muitos anos. 40?

Carmen - 40 anos… 

Pedro - É tempo pra burro.

Carmen - E precisou que eu furasse o pneu, para nos encontrarmos. Que grande coincidência do destino.

Pedro - A vida, Carmen, tem dessas coisas. E o Otto, como é que está?

Carmen - O Otto faleceu tem pouco mais de um ano.

Pedro - Ah, desculpe. Que mancada.

Carmen - Não tem nada não… É a realidade, afinal, não somos mais jovens…e você, como está a sua vida?

Pedro - O de sempre. Trabalhei muito, muito e muito. Como mecânico, a mesma coisa de sempre. Me aposentei, e estou aqui.

Carmen - Se casou?

Pedro - Não… não tive essa sorte. Tive alguns pequenos relacionamentos, mas nada como o nosso.

Carmen (constrangida) - Como está o pneu?

Pedro - Furado. Mas não se preocupe, eu já troquei pelo estepe. Agora está novinho em folha.

Carmen - Quanto eu te devo?

Pedro - Que isso, Carminha? Assim você me ofende.

Carmen - Mas você se sujou todo de graxa, eu não posso deixar que você tenha se sujado de graça

Pedro - Vamos fazer assim. Vamos marcar um almoço, afinal, 40 anos não são 40 dias.

Carmen - Na minha casa, por favor. 

Pedro - Então, está certo. 

Carmen - Eu preciso ir. Você quer uma carona?

Pedro - Não precisa, não precisa. Eu precisarei passar em outro lugar.

Carmen - Então está certo.


Carmen entra no carro. Toca novamente “Deixa eu te Amar" - Agepê. Ela arranca com o carro, e ele observa de longe.


Cena 04: Apartamento de Miguel/Tarde/Interna. Eliete caminha em direção ao celular, ligando direto para Suely. Ela atende.


Eliete - Suely? Suely? É você, querida?

Suely - O que foi, Eliete? Estou trabalhando. Porque não liga mais tarde? Ou melhor, manda mensagem.

Eliete - Eu não gosto desse negócio de mensagem. Antigamente, isso não existia. Além de que, eu quero saber agora.

Suely - Saber do que, Eliete?

Eliete - Como do que, Suely? A menina. 

Suely - Ah, sim. Está tudo sob controle, não precisa se preocupar. 

Eliete - Escuta, Suely, Suely você está me ouvindo?

Suely - Estou, Eliete, não precisa ficar perguntando isso toda hora. O que foi, o que você quer saber?

Eliete - Eu quero saber se arranjou uma forma de mandar ela embora daqui.

Suely - Olha, Eliete, a chamada está ruim, vou ter que desligar

Eliete - Espera, Suely, não desliga, Suely não desliga. (Suely desliga) Desligou, aquela infeliz. 


Cena 05: Casarão Royal/Tarde/Externa e Interna. Ao som de Seu Nome - Byafra, Carmen chega em sua casa. Vilma a recebe.


Vilma - Carmen! Chegou cedo hoje, o que houve?

Carmen - Nada, Carmen. Decidi vim para casa mais cedo hoje.

Vilma - Vou mandar servirem seu almoço.

Carmen - Vilma! Antes disso.

Vilma - Diga, Carmen. 

Carmen - Se você encontrasse o seu amor do passado, o que você faria?

Vilma - Eu morreria.

Carmen - Porque, Vilma?

Vilma - Porque ele morreu há 60 anos.

Carmen - Vilma, quantos anos você tem?

Vilma - Não te interessa! Ah, perdão, senhora Carmen.

Carmen - Não me chame de senhora! Eu vou almoçar, que eu ganho mais (ela sai)

Vilma - Ai, meu Deus, fiz besteira!


Cena 06: Apartamento de Cezar/Noite/Interna. Todos estão reunidos na sala de Cezar, e sentam-se à mesa. Helena senta-se na cabeceira, iniciando a reunião.


Helena - Boa noite, a todos. Pois muito bem, finalmente chegou a hora. Vamos começar a reunião?


A imagem quebra-se em quatro partes, em Helena. Encerramento ao som de Ouro Êxtase - Barão Vermelho.








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