O PREÇO DA VIDA - CAPÍTULO 6 (30/10/2025)

 


O PREÇO DA VIDA 


Criada e Escrita por: Luccas Sanza 


Capítulo 06


CENA 01. PENSÃO DE CLARA. QUARTO/SALA. INT. DIA.

Sonoplastia: Caju - Liniker


 Sem perceber, Camilla se inclina mais, e Júlio responde instintivamente. Primeiro, um beijo leve e hesitante, lábio contra lábio. Depois, o beijo se intensifica: Júlio acaricia a face dela, deslizando pelos cabelos; Camilla segura o rosto dele, firme, como se não quisesse se soltar.


Seus corpos se inclinam juntos no sofá, respirando pesadamente, olhos fechados. Cada gesto da limpeza — os dedos que tocam a pele, a mão que segura o rosto, a proximidade que aumenta — alimentam a tensão e o desejo contido, reforçando a conexão intensa entre eles.


Na sala, eles continuam colados, trocando beijos, mãos deslizando pelo corpo um do outro. Júlio a segura com firmeza, e com cuidado, pega Camila no colo. O peso dela encaixa-se perfeitamente ao dele, e eles seguem juntos até o quarto, cada passo marcado pela respiração compartilhada e pelo calor do contato.


Corte para:


Júlio fecha a porta do quarto. Camila está deitada, o ar entre eles carregado de presença e calor. Ele se aproxima devagar, e os lábios se encontram em um beijo intenso, corpos próximos, respirando juntos.


Ele desliza o rosto pelo pescoço dela, alcança a alça da blusa e beija o ombro dela com cuidado. Ela permite que ele remova a alça, e os beijos continuam, alternando entre boca e pescoço.


Ele se senta sobre ela, mantendo contato, e ela ajuda a remover a blusa dele. Os corpos permanecem colados, trocando beijos, mãos explorando costas e ombros, cada gesto cheio de tensão e calor.


Ele se deita sobre ela novamente, mantendo o beijo, enquanto ela se vira rapidamente, ficando por cima dele. Ela se senta sobre ele e remove a blusa, permanecendo apenas de sutiã.


Eles continuam colados, alternando toques e beijos, respirando juntos, sentindo o calor e a entrega mútua. Cada gesto se alonga, prolongado, cheio de intensidade.


Ele permanece por cima dela, corpo a corpo. Ela desliza a mão pelas costas dele até a barra da calça, puxando-a com delicadeza, revelando a forma da bunda dele.


Em planos fechados, ele remove o short dela e a lingerie, revelando os contornos do corpo. Eles permanecem próximos, corpo a corpo, mãos e lábios explorando com cuidado, alternando beijos pelo pescoço, ombros e barriga.


O sutiã dela é removido por completo, mostrando apenas os contornos dos seios dela. Cada toque, cada beijo, cada deslizar de mãos e respiração compartilhada aumenta a intimidade e o calor entre eles.


Eles continuam colados, respirando juntos, sentindo a entrega mútua e prolongando cada gesto, cada aproximação. O tempo se alonga, os corpos permanecem próximos, com beijos, toques e gestos suaves, cada movimento carregado de presença e tensão.


No final, repousam abraçados, corpos colados, suados pelo calor do momento. Respiram juntos, desacelerando lentamente, e adormecem em completa intimidade, presença e cumplicidade.


Corte para:


CENA 02. MANSÃO BLOND. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Sonoplastia: Boi Tenso - Iuri Cunha


ODILA — (CHOQUE, RAIVA CONTIDA) Quem você pensa que é, levantando a mão contra mim? Contra a sua própria mãe?


MAGGIE — (CHORANDO, GRITANDO) Você não é minha mãe! Nunca foi! Uma mãe que obriga a filha a casar à força e ainda me trata como se eu fosse um negócio… isso não é mãe, é um monstro!


ODILA — (INDIGNADA, VOZ TREMBENDO) Monstro? Você ousa me chamar de monstro? Depois de tudo que fiz por você? Tudo que tentei proteger!


MAGGIE — (FURIOSA, LÁGRIMAS) Proteger? Me proteger de quê? De ter uma vida própria? De fazer minhas escolhas? Você me trancou, me manipulou, me vendeu! E chama isso de proteção?


ODILA — (GRITANDO, AVANÇANDO) Cale a boca! Eu sou sua mãe! Você não entende nada do que é preciso para sobreviver nesse mundo!


MAGGIE — (SARCÁSTICA, DESAFIADORA) Sobreviver? É isso que você chama de vida? Casar à força, manipular, fazer tudo por dinheiro? Você destruiu tudo o que eu poderia ser!


ODILA — (FURIOSA, APROXIMANDO-SE) Insolente! Você vai me respeitar agora ou vai se arrepender!


MAGGIE — (ALTIVA, RESPIRANDO PESADO) Respeitar você? Nunca! Você não merece respeito. Você não é mãe, você é… uma cachorra!


Odila explode de raiva e agarra Maggie pelos cabelos, puxando-a com força.


ODILA — (GRITANDO, EMPURRANDO) Eu não vou tolerar mais essa insolência! Sai da minha frente!


Maggie luta para se soltar, mas Odila a empurra com força para fora da casa. Maggie cai no chão do lado de fora, soluçando, o rosto molhado de lágrimas, respirando com dificuldade.


MAGGIE — (CHORANDO, ENTRE LÁGRIMAS) Vai ter volta… eu ainda não terminei!


Odila ergue o queixo, olhar duro, fúria ainda ardendo nos olhos.


ODILA — (FURIOSA, GRITANDO) Vai pro inferno, desgraçada!


Enquanto isso, dentro da casa, o celular de Eva vibra na mesa, lançando luz sobre seu rosto tenso. Ela pega o aparelho e vê Adriano no visor. Sem pensar, se levanta, passos ecoando pelo chão, e sai para atender.


EVA — (SUSSURRANDO, ANSIOSA) Conseguiu os remédios?


ADRIANO — (CALMO, SUSSURRANDO) Consegui sim, minha princesa… mas preciso saber… qual é o plano?


EVA — (RESPIRANDO FUNDO, SUSSURRANDO) O plano… o plano é o seguinte…


Corte para:


CENA 03. CLÍNICA BLONDER. FACHADA. INT. DIA.


Adriano entra na clínica usando óculos escuros e um boné abaixado, o rosto parcialmente encoberto.

Caminha em silêncio pelo corredor iluminado, o som dos passos ecoando sobre o piso de porcelanato polido, onde sua silhueta se reflete com nitidez.


A luz fria dos refletores desliza sobre as paredes brancas. Cada passo de Adriano carrega tensão — um homem tentando passar despercebido em um lugar onde tudo parece observar.


O ambiente é limpo, silencioso, quase clínico demais. Apenas o som distante de vozes e o bater ritmado do relógio completam o cenário.


FLASHBACK — LIGAÇÃO COM EVA


EVA (V.O.) — Você vai se deslocar pelo corredor como se fosse só mais um funcionário. Cabeça baixa, sem pressa… e sem medo.


ADRIANO (PRESENTE) — Entendi.


EVA (V.O.) — Quando chegar na porta da ala restrita, vai encontrar um funcionário. É ali que o jogo começa.


PRESENTE


Adriano passa pela recepcionista, finge um sorriso breve.


EVA (V.O.) — Você precisa ser rápido. Sem dar tempo pra reação. Ele não pode ver o seu rosto.


PRESENTE


Ele avista um funcionário distraído, segurando uma prancheta. Adriano se aproxima com calma, fala algumas palavras rápidas e, em um instante, o funcionário perde a consciência.


O corpo do funcionário desaba no chão. Adriano respira fundo, avalia o ambiente — ninguém percebe nada. Ele ajeita a postura do homem, cobre seu rosto e rapidamente troca de roupa com o uniforme do funcionário. O crachá agora identifica Adriano como ele, a máscara perfeita.


EVA (V.O.) — Agora, você é ele. Caminha até a sala da Odila. E faz o que combinamos.



Adriano entra no elevador, aperta o botão do último andar, observa o reflexo no aço escovado. O som mecânico do motor ecoa pelo corredor silencioso.


O elevador chega. Ele caminha pelo andar quase deserto até a pequena copa, onde biscoitos e café ainda estão frescos, o vapor subindo da xícara. Ele observa, respira fundo e coloca algo no café de forma discreta.


Com a bandeja em mãos, vai até a sala de Odila, que está vazia. Deposita o café e os biscoitos, observa o vapor subir e sai rapidamente.


No corredor, Adriano bate de frente com Odila. Ela o encara, os olhos cortantes.


ODILA — Quem é você?


ADRIANO — Sou… o substituto. Mandaram eu cobrir o plantão.


ODILA — Substituto? Eu não fui informada.


ADRIANO — Mudaram de última hora, senhora.


Odila o observa em silêncio, avaliando cada detalhe do uniforme e do rosto meio coberto pelo boné. Depois de alguns segundos, apenas murmura:


ODILA — Hum. Certo.


Ela segue adiante pelo corredor, o som dos saltos ecoando, enquanto Adriano permanece imóvel, olhando para o reflexo no chão de porcelanato — a bandeja de café ainda intacta, a tensão pairando no ar.


SALA DE ODILA. INT. CONTÍNUO.


A bandeja de café repousa sobre a mesa, o vapor ainda subindo. Adriano observa cada detalhe do ambiente, imóvel, atento.


Odila entra, aproxima-se da mesa e pega o copo. Ela o leva lentamente em direção aos lábios. O vapor sobe em linhas quase palpáveis, e o silêncio na sala parece pesar em cada segundo.


Corte para:


ESTAMOS APRESENTANDO 

VOLTAMOS A APRESENTAR


CENA 04. CLÍNICA BLONDER. ESCRITÓRIO DE ODILA. INT. DIA.


Plano fechado na xícara de café, vazia. O vapor que ainda sobe se dissolve no ar quente da sala. A câmera desfoca lentamente, como se a realidade se esvaísse.


Corte para:


CENA 05. PENSÃO DE CLARA. QUARTO DE CAMILLA. INT. TARDE.

Sonoplastia: Caju - Liniker 


A luz suave da manhã atravessa as cortinas, iluminando Camila e Júlio na cama. Eles estão abraçados, corpos entrelaçados, ainda sentindo o calor um do outro. O suor do momento anterior reflete levemente na pele, mas tudo é sereno, tranquilo.


O silêncio do quarto é quebrado apenas pelo som da respiração calma de ambos. Mãos entrelaçadas, corpos relaxando, entregues à presença um do outro.


Camila desperta primeiro, abrindo os olhos lentamente. Com um sorriso travesso, ela desliza a unha delicadamente pelo rosto de Júlio.


Ele acorda com um riso baixo, ainda meio sonolento, os olhos encontrando os dela. Sem pressa, os dois se aproximam e trocam um beijo rápido, leve, cheio de cumplicidade.


O clima é leve, quase sereno.

Eles riem baixinho, trocando olhares cúmplices.


De repente, um som metálico rompe a paz — clic…

A câmera foca na maçaneta girando lentamente.


Um estalo seco.

O som ecoa como um trovão.

O sorriso de Camilla congela, Júlio se sobressalta.


A porta se abre com brutalidade. Um feixe de luz invade o quarto.


Em contraplano, o rosto de Clara, em choque, o olhar fulminante e a respiração pesada.


CLARA — (GRITANDO, EM FÚRIA)

QUE É ISSO AQUI NA MINHA PENSÃO?! VIROU MOTEL E EU NÃO SABIA?!


O lençol se ergue num movimento desesperado.

Júlio tenta se cobrir, sem sucesso. Camilla, tremendo, leva as mãos ao peito, o rosto queimando de vergonha.


CAMILLA — Calma mãe eu posso explicar, eu juro!


CLARA — Então explica, explica essa sem vergonhiçe na minha pensão! Vai dizer oque que tropeçou é caiu de boca no…


JÚLIO — (INTERROMPENDO) Tia não precisa termina essa frase…


CLARA — TIA É O CACETE QUE EU TENHO IDADE PRA SER SUA IRMA! E VOCÊ JÚLIO COM ESSA CARINHA DE ANJO, MAS É UM SAFADO! ISSO SIM


CAMILLA — Mãe deixa de ser careta, né! A gente só foi uma transinha e você tá aí fazendo uma tempestade no copo d’ água. Parece que nunca fez saliência na vida!


CLARA — Você Me respeita em garota, que eu faço o Marcos em mulheres apaixonadas e dou com aquela raquete de matar mosquito em você em! Sim fiz saliência sim, mas não com um cliente que falta de respirando 


JÚLIO — (SEM GRAÇA, TENTANDO DISFARÇAR)

Mas eu já paguei os três dias, dona Clara...


CLARA — (VIRA NUM ESTALO)

E acha que isso te dá direito a bônus de “cortesia da casa”, é? Aqui paga pra dormir, não pra se esfregar na minha filha!


CAMILLA — (TENTANDO SEGURAR O RISO) Ai, mãe, pelo amor de Deus... você tá exagerando.


CLARA — (REVIRA OS OLHOS, SUSPIRA) Exagerando? Eu devia era chamar a polícia turística pra ver se esse quarto virou ponto de encontro!Clara sai batendo a porta com força.

Camilla e Júlio se olham — o silêncio dura dois segundos.


JÚLIO — (SUSSURRANDO) Acho que ela não gostou muito de mim...


CAMILLA — (RINDO BAIXINHO)

Ah, imagina. Ela te amou, só não sabe demonstrar.


Corte seco. Som do café sendo coado na cozinha. O caos matinal típico da pensão de Clara recomeça.


CONTÍNUO. PENSÃO DE CLARA. COZINHA. INT. DIA.


CLARA — Ai, pelo amor de Deus… três dias aqui e já parece que minha pensão virou motelzinho, sério mesmo! Eu juro, eu nunca pensei que ia ter que lidar com tanta safadeza junta. E olha que eu já vi cada coisa nessa vida…


Ela bate a colher na xícara, bufando, e dá um sorriso irônico.


CLARA — E aquele Júlio… carinha de santo, todo bonzinho, mas cheio de safadeza, saca? E a Camilla, minha filha… tá parecendo que tá provocando só pra me ver pirar! Como é que uma menina tão nova já consegue ser tão… ousada, meu Deus?


Clara suspira, passa a mão pelo cabelo e continua mexendo o café devagar, olhando pra xícara.


CLARA — E eu aqui, achando que ia só tomar meu café de boa… e olha eu, resmungando sozinha, rindo de nervoso, tentando me controlar. Pelo menos você, café, é fiel, não reclama, não me deixa louca com essas maluquices todas.


Ela morde o lábio inferior, balança a cabeça e solta outro suspiro longo.


CLARA — Um dia eu ainda boto todo mundo pra correr, mas enquanto isso… vou me segurar aqui com meu café, tentando não pirar com esse caos que virou minha vida!


O som do café coando enche a cozinha. Clara fecha os olhos, deixa escapar outro suspiro profundo e continua mexendo a bebida, perdida entre indignação, humor e aquela tensão gostosa que não consegue explicar.


Corte para:


CENA 06. CLÍNICA BLONDER. ESCRITÓRIO DE ODILA/CORREDOR. INT. DIA.


Odila avança pelo corredor, cada passo ressoando com firmeza sobre o piso frio. A pasta de documentos balança levemente em suas mãos, como se carregasse não apenas papéis, mas um peso de decisões.


A câmera se afasta lentamente, mostrando o corredor vazio e silencioso, até o fim, onde se ergue sua sala. As sombras se alongam pelas paredes, dançando com a luz que entra pelas janelas.


Um foco rápido na xícara de café vazia sobre a mesa cria um silêncio quase palpável. A câmera faz um zoom lento, retornando a Odila. Seu olhar é cortante, cada gesto calculado, e o corredor parece se comprimir ao seu redor, carregando a tensão no ar até que ela alcance a porta da sala.


ODILA — (VENENOSA)

Bando de inúteis… nem conseguem nem deixar essa pasta na minha sala!


Odila avança pelo corredor, passos firmes, cada som ecoando como alerta. A câmera alterna entre seu rosto tenso e a xícara de café vazia sobre a mesa, refletindo a luz difusa do ambiente.


A porta da sala está aberta, e a visão que se revela prende o ar em seus pulmões. Um grito sufocado escapa quando seus olhos encontram Rosângela, a secretária, caída no chão, imóvel, silenciosa.


A câmera se afasta, mostrando o vazio da sala e as sombras que se alongam pelos cantos, enquanto do corredor vultos em desfoque — os seguranças — correm em direção à cena, passos rápidos e respiração ofegante, tentando alcançar algo que parece irreversível.


O ar está carregado, denso, quase palpável, enquanto Odila permanece estática, o choque visível em cada gesto. O silêncio só é quebrado pelo eco distante dos passos que se aproximam, intensificando o clima de suspense.


ESTAMOS APRESENTANDO 

VOLTAMOS A APRESENTAR 



Odila permanece sentada à mesa de sua sala executiva, mãos firmes sobre a superfície de madeira polida, olhos penetrantes varrendo os seguranças que a cercam. O funcionário desacordado ainda está encostado na parede, lembrança silenciosa do caos que se instalou na empresa.


ODILA — (VENENOSA, IRADA) Inúteis! Cegos! É pra isso que eu pago vocês? Nem perceberam que ele entrou e saiu do prédio como se fosse dono do lugar!


Ela bate a mão na mesa, o som ecoando pelos corredores amplos, refletindo nas paredes de vidro. Os seguranças recuam, a tensão crescendo a cada palavra dela.


ODILA — (AMEAÇADORA, AUMENTANDO A VOZ) Me escutem bem: isso não pode acontecer de novo! Vocês estavam aqui? Alguém viu o que ele fez? Não viram nada! Inúteis! É assim que vocês protegem a empresa que eu construí?


SEGURANÇA 1 — (TENTANDO SE EXPLICAR) Senhora… nós… ele já tinha saído quando chegamos. Não deu pra impedir…


SEGURANÇA 2 — (NERVOSO, ENGOLINDO O CHORO) Sim, senhora… ele sumiu rápido demais. Tentamos acompanhar, mas não conseguimos…


Odila recosta-se na cadeira, os olhos faiscando, cada palavra carregada de desprezo:


ODILA — (SARCÁSTICA, COM VENENO) Sumiu? Ele sumiu? Vocês estavam aqui e não viram nada! Acham que eu pago salários altos pra isso? Pra assistir alguém entrar na minha empresa e fazer o que quer?


Os seguranças abaixam a cabeça, suando, nervosos, incapazes de argumentar.


ODILA — (AMEAÇADORA, LEVANTANDO-SE) Se ele ousar voltar… se alguém tiver a ousadia de me desafiar de novo, cada um de vocês vai se virar sozinho! Quero ação! Entendido?


SEGURANÇA 3 — (Gaguejando, quase implorando) Sim, senhora… entendemos… faremos tudo o que for possível…


Odila caminha entre eles, cada passo ecoando, garantindo que a mensagem seja clara.


ODILA — (FRIA, VENENOSA) Vocês acham que eu pago vocês pra ficarem parados, olhando a vida passar enquanto um marginal circula livremente? Cada falha será paga com humilhação… e não estou falando de dinheiro.


Ela se vira para a mesa, recolhendo a pasta de documentos, o olhar fixo no funcionário desacordado que agora é levantado pelos seguranças:


ODILA — (CORTANTE) Não se esqueçam: cada deslize terá consequências imediatas! Vocês não estão aqui pra decorar o prédio, estão aqui para proteger a empresa, os negócios e a minha reputação. Falhar… e eu não respondo pelo que vai acontecer!


Os seguranças permanecem imóveis, sentindo o peso do silêncio que se instala. Cada respiração é pesada, cada olhar repleto de medo e respeito, e todos sabem: Odila não perdoa falhas.


Odila recosta-se novamente, cruzando os braços, observando cada um, garantindo que a mensagem ficou clara: qualquer erro futuro terá consequências severas e imediatas.


CONTÍNUO. RIO DE JANEIRO PLANOS GERAIS. EXT. DIA.


Planos da cidade iluminada: o Cristo Redentor observa a Baía de Guanabara, prédios refletem luzes na água, e faróis cortam as ruas movimentadas.

Na orla de Copacabana, o mar reflete a lua cheia, ondas suaves quebrando na areia.

Becos e ruas estreitas revelam luzes solitárias, o som distante de buzinas e passos completando o quadro urbano.


Corte para:



INSERT. HOTEL DE LUXO


A luz da manhã atravessa a cortina translúcida, tingindo o quarto com tons dourados e frios ao mesmo tempo. O silêncio pesa.

Odila está deitada, abraçada a Júlio. Ele está sem camisa, sentado na cama, contando meticulosamente maços de dinheiro — 4.000 reais. Cada nota que desliza pelos dedos parece marcar o tempo de espera, de tensão e de alerta.


Odila repousa a cabeça no peito dele, os olhos semicerrados, mãos apoiadas no braço firme. O calor de seus corpos se mistura ao aroma do café frio e ao perfume caro do quarto. Um suspiro atravessa o silêncio; o toque das mãos, o movimento dos dedos, o olhar cúmplice, tudo cria uma intimidade carregada de energia silenciosa.


Corte lento em close nos dedos de Júlio, deslizando notas, depois um zoom suave nos rostos deles, captando a cumplicidade, o cansaço e a tensão de quem sabe que nada está garantido.


TRANSIÇÃO. CLÍNICA DE QUIMIOTERAPIA


Edna está sentada, mãos entrelaçadas com as de Fabinho. O ambiente é frio, tubos transparentes brilham sob a luz clínica.


A câmera alterna entre close no rosto abatido dela e plano geral mostrando o movimento silencioso da clínica. Fabinho aperta a mão dela com força, transmitindo calor humano e esperança em meio à frieza do hospital.


Um plano detalhe mostra a luz refletindo nas lágrimas contidas nos olhos de Edna — a luta, o medo e a resistência se condensam em um instante poético e doloroso.


CORTE. SALA DE SEGURANÇAS DA EMPRESA


Os seguranças de Odila analisam fotografias, plantas e gravações das câmeras de segurança.


A câmera percorre as mãos passando rapidamente sobre documentos e fotos, planos fechados nos olhos tensos deles, o suor na testa e os ombros rígidos.


Um deles bate a mão na mesa com força, o som ecoa pela sala vazia. Trocam olhares, sussurram hipóteses, mas nada se encaixa. O atentado continua um mistério.


CORTE. MANSÃO BLOND / QUARTO DE EVA.


Eva e Estevão se beijam às escondidas, corpos próximos, cada toque carregado de urgência e risco.

Planos fechados nas mãos entrelaçadas, ombros tocando, respirações pesadas. Cada toque é proibido; cada suspiro, um desafio.

Em outro cômodo, Rog observa Eva, sorriso discreto, corpo relaxado, mas os dedos nervosos tocam a borda da mesa. Close nos olhos dele, enquanto ela, sem perceber, deixa escapar uma mão tocando o tecido do sofá — a tensão do desejo e da traição em silêncio.


CORTE. PENSÃO DE CLARA


Clara está sozinha, sentada em frente à televisão. A novela transmite paixões e tragédias, ecoando o próprio caos da vida ao redor.

Ela sorri, suspira, reclama das falas dos personagens. O café esfria na xícara, fumaça subindo devagar, misturando aromas antigos com o cheiro da cidade.

A câmera alterna entre plano geral da pensão — panelas, vozes de vizinhos, rádio tocando samba antigo — e plano fechado no rosto de Clara, captando cansaço, paciência e curiosidade.


CORTE. LAJE / SUBÚRBIO


Mel está deitada em uma espreguiçadeira improvisada, bronzeador refletindo o sol na pele. O biquíni pequeno, óculos escuros, o rádio tocando funk sensual.

Planos fechados no brilho do óleo na pele dela, alternados com planos gerais mostrando a cidade ao fundo: buzinas, crianças brincando, o vento carregando o som do Rio.

Ela ri sozinha, leve, solta, completamente entregue à sensação de liberdade, mesmo em meio ao caos cotidiano.


CORTE. PRAIA DE COPACABANA / FIM DE TARDE


Maggie caminha sozinha à beira do mar. As ondas quebram com força, a areia fria se mistura à água salgada nos pés dela.

Close no rosto dela: lágrimas, respiração profunda, olhar fixo no horizonte. A câmera se afasta lentamente, mostrando a extensão da praia vazia e o pôr do sol tingindo o céu de laranja e púrpura.

O vento bagunça os cabelos dela, as mãos tremem levemente, mas a postura permanece firme — dor, reflexão e renascimento em um só quadro.


INSERT. BANHEIRO DA PENSÃO DE CLARA


Camilla aparece de costas, inclinada sobre o vaso. Mãos firmes seguram a borda, respiração curta e tensa. Ela vomita, o reflexo no espelho embaçado mostra seus olhos marejados. O vapor quente sobe, misturando-se à luz fraca da lâmpada, criando sombras que dançam nas paredes.


INSERT FINAL. PLANOS GERAIS / NOITE.


A cidade iluminada, faróis refletindo nas ruas molhadas, o som da vida noturna misturado a sirenes distantes e buzinas. Telhados, prédios e pontes, uma orquestra urbana que pulsa junto aos corações de quem habita a cidade.



LETREIRO FINAL: “TRÊS SEMANAS DEPOIS.”


Corte para:


CENA 07. RUA DESERTA. CAMPO GRANDE. EXT. DIA.


Adriano anda apressado, mochila nas costas, boné abaixado. A rua está deserta, só o som distante de buzinas e o vento passando entre os prédios. Um carro preto se aproxima devagar, quase silencioso. Adriano percebe o movimento periférico, acelera o passo.


O carro freia bruscamente à sua frente. Ele tenta desviar, mas três homens saem do veículo, empurrando-o com força. Adriano luta, mas é cercado. Socos rápidos e precisos o atingem; ele cambaleia, cai no chão.


Um chute final derruba-o de vez. Sua visão fica turva, o mundo gira, e ele desmaia.


CONTÍNUO. CASA ABANDONADA. SALA. INT. NOITE.


Adriano desperta amarrado a uma cadeira, cabeça latejando. A luz fraca da lua entra pelas janelas quebradas, criando sombras que dançam pelo chão sujo e coberto de folhas secas.


Ele tenta se mover, mas os nós são firmes. Um nó bem apertado que impede qualquer tentativa de fuga.


ADRIANO — (desesperado, balbuciando) O que… o que tá acontecendo aqui?!


O som de passos firmes ecoa pelo corredor. Odila aparece da penumbra, imponente, com os seguranças em formação atrás dela. A arma na mão dela reflete a luz da lua. Cada passo dela é medido, cada movimento calculado.


Ela se aproxima de Adriano, ficando frente a frente. A arma apontada para a cabeça dele, a respiração pesada. A câmera recua, mostrando o corredor vazio, as sombras dos seguranças projetadas nas paredes.


Um disparo repentino ecoa, um flash de luz ilumina a sala inteira. Adriano treme, olhos arregalados, o coração disparado. O silêncio que segue é sufocante.


CORTE RÁPIDO - FIM DO CAPÍTULO 


A novela encerra seu sexto capítulo sem sonoplastia,apenas um silêncio cortante.









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