Amor Inventado - Capítulo 5 (26/08/2025)


AMOR INVENTADO - CAPÍTULO 05

ARGUMENTO DE TAÍS GRIMALDI
ESCRITA POR COLBY

CENA 1: APARTAMENTO DE REBECA/ SALA DE ESTAR/ INT/ NOITE

Rebeca - (impaciente) Será que vocês podem ir pro apartamento da Isabella?

André, molhando, patético, com o buquê na mão, entrega nas mãos de Isabella, que olha para ele com um misto de pena e constrangimento. Os dois ignoram Rebeca.

André - Me perdoa! Eu fiz tudo errado de novo. Volta pra casa, pra minha vida. 

Algo mudou em Isabella, ela viu André pequeno.


Isabella - Eu tô confusa. (devolve as flores) Eu não sei se eu devo aceitar isso. Aliás, eu não sei se eu devo aceitar o seu pedido de desculpas.

André fica estarrecido. Rebeca demonstra satisfação. 

André - (surpreso) Como?
Isabella - Eu não sei André (se afastando em fuga) 
André - (indignado) Por quê?
Isabella - Não dá! Eu não quero conversar sobre isso, eu não quero te magoar… (firme, mas trêmula)
André - (confuso) Mas eu não entendo… Você que veio atrás de mim… Parecia até um capricho seu me querer por perto. 
Isabella - É, mas agora eu mudei de ideia. 
André - (desespero) Isabella… Por quê? 


Silêncio. Rebeca com sorrisinho de canto. 

Rebeca - (intervindo com  certo sadismo) Cara, vai embora. Aceita. É melhor pra vocês dois. 
André - Foi você, né? Ficou enchendo a cabeça dela contra mim com essa conversinha de psicóloga que não vale o preço que você cobra… Algum paciente seu já teve alta?
Rebeca - (risadinha nervosa) Filho da puta, ainda fala isso na minha casa! Eu não queria te humilhar não, até porque você já fez isso sozinho e com plateia. Se fosse por mim, a Isabella não olhava nem na sua cara, quanto mais te dado bola um dia… Porque insegurança e um homem medíocre a gente enxerga de longe… Agora sim, ela percebeu a pouca coisa que você é. Antes tarde que morta! Agora cai fora, porque ninguém quer ficar perto de um perdedor! 
André - Isabella, cê vai deixar ela falar assim comigo??

Isabella não faz nada. André se decepciona, está quebrado, constrangido. 

Rebeca - Ela concorda comigo… Mas não tem coragem de falar, porque dar um fora num panaca dá pena.

Entra a música The Winner Takes It All 

O olhar de André cruza o de Isabella, que se omite. Quem cala consente. Ele abaixa a cabeça e vai embora. Rebeca fecha a porta e comemora. 

Isabella - (aliviada) Ai, ainda bem que ele foi embora… 
Rebeca - Como é que você pôde olhar pra esse cara e querer dar pra ele?
Isabella - Foto engana, né… 
Rebeca - Agora que você já se libertou, Isa, eu preciso trabalhar, eu to atrasada, ainda preciso tomar banho, e ainda tem engarrafamento pra chegar no consultório… Vai pra sua casa, por favor! E dorme… Porque dormir se tornou um ato elitista! 

CENA 2: ORLA/PRAIA/EXT/DIA

A música continua. 
Sol a pino. André caminha cabisbaixo, com o buquê pendurado, sem entender a mudança repentina de Isabella. 
Otto passa por ele correndo na orla, sem camisa, suado. André nem o percebe. Otto volta e toca no ombro dele, de surpresa. 

Otto - (sorridente, vigoroso) André? Você aqui? Que milagre é esse?
André - (enigmático) Milagre não, maldição! 
Otto - O médico que mandou? Eu te falei que o que te faltava era vitamina D e exercício físico, cara… (percebe o buquê na mão de André) Que isso?
André - (riso irônico e amargurado) Ram… Isso aqui é o meu coração, meus sentimentos… (joga na lata do lixo) É lá que eles foram parar. 

Corte rápido para André e Otto num quiosque. 

Otto - (pro atendente) Oh irmão… duas águas de coco. 
André - Que água de coco o que, me traz uma cerveja!
Otto - Não escuta ele não, isso é dor de corno! Porra, André! 8 da manhã… Decadência tem limite. 
André - Como que uma mulher muda assim? Em menos de 24 horas?
Otto - É meu amigo, ela cansou… 
André - Mas como que ela pode ter se cansado de mim? Mesmo depois de separados, ela sempre teve ali, do meu lado, cuidando de mim.
Otto - É aí que tá o problema, ela virou a sua cuidadora, e só se cuida de velho e de criança, ela parou de te ver como homem pra te ver como fraco. Mas uma criança, não abandonada, um homem fraco sim. 
André - Mas ela sempre gostou de mim do jeito que eu sou… Isso não é justo. 
Otto - A vida é injusta, não adianta chorar… Que papelão que você passou, por que não me ligou antes? Eu teria poupado o mínimo de dignidade que te restava. 
André - Eu gastei meu último centavo naquela porcaria, não tenho mais nada… 
Otto - Você precisa de um trabalho, cara. Você não é o futuro cultural da nação. Tá na hora de baixar essa bola. 
André - Me paga um cachorro quente?
Otto - Pago. Eu vou te dar o pão e você vai colocar a salsicha. 

André fica confuso. 

Otto - Você vai chegar em casa e pedir emprego pra todo mundo. É assim que você começa a recuperar a sua dignidade. Depois você vai pra uma academia e a gente vai correr no calçadão de manhã todos os dias. A Isabella com certeza encontrou conheceu algum galã de novela, e pra competir com o Rodrigo Santoro você precisa… Estar competitivo! 
André - Você acha mesmo que ela tá interessada em alguém? 
Otto - Se tá difícil pra você é porque tá fácil pra outro… 

CENA 3: APARTAMENTO DE PAOLA/SALA/INT/DIA

O apartamento é amplo, sofisticado, com uma foto enorme da Paola emoldurada na parede principal. César está deitado no sofá, com as mãos sobre a barriga, olhando para o teto. Paola está ao lado dele, com a cabeça repousada sobre o punho fechado. Murmúrios. 

César - Por que você parou de me amar?


Silêncio. 

César - Por que você parou de me amar?
Paola - É sério isso, César? 
César - Foi você que me deixou entrar. Você não suporta a própria solidão. 
Paola - Talvez você tenha razão. Você só está aqui pra preencher um espaço vazio, embora eu não te suporte. 
César - Em que momento você parou de me amar?
Paola - Você já me perguntou isso tantas vezes… 
César - É que eu preciso saber!
Paola - Isso importa?
César - Claro que importa!
Paola - Agora não mais importa! Que diferença isso faz agora?
César - Eu preciso entender!
Paola - Você precisa aceitar… e superar!
César - (cínico) Como você superou o Marcelo?
Paola - Eu já falei que não quero falar sobre isso!
César - É a indisponibilidade que te agarra até hoje?
Paola - Eu nunca gostei de você como eu gostei do Marcelo.
César - Eu tinha amor pra nós dois… Eu sonhei. Eu imaginei. Eu fui feliz. 
Paola - Não. Você foi inseguro. Você foi sufocante. Você foi desesperado. E eu só queria um ser humano normal do meu lado. Eu queria você e tive a farsa. Eu queria o mistério e te vi ansioso. Eu queria a leveza e você trouxe o peso. Você fez questão de parecer pequeno… 
César - (levanta) Tá vendo! Eu sei que você sempre achou pequeno… 
Paola - Você ainda não superou essa neurose com o tamanho?
César - Eu sempre tive medo que você pudesse encontrar maiores e melhores… 
Paola - Quem não tem segurança no próprio taco, vai querer que eu te dê? Foi você mesmo que me fez te essa imagem de você!
César - Eu nunca te dei prazer, foi isso?
Paola - Ai, vai começar… 
César - Me desculpa se eu tô te aborrecendo com isso, eu já perguntei tantas vezes, mas eu preciso saber. Eu me esforcei, eu era esforçado não era? …  Fala! Não era?
Paola - É validação que você quer? Mas do que eu te dei quando éramos casados?
César - Me desculpa!
Paola - Para de pedir desculpas! Você é muito tenso! Duro! Acha que tá devendo, se concentra em todos os detalhes, menos em mim! Você não se entrega de verdade e vive de pedir desculpas, porque acha que tá fazendo errado o tempo inteiro. E sobre sexo, esse é o menor dos problemas… É só você relaxar, se preocupa mais com você do que com os outros, ou o que os outros vão achar, as vezes só dar prazer é uma forma de prazer. Você pergunta tudo, quer racionalizar tudo, se preocupa com tudo. PARA DE SER CHATO!

Silêncio constrangedor. 

Paola - Eu já vi isso em algum filme… Desistiu do uber?


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