Entre a Cruz e a Espada - Capítulo 23 (30/07/2025)

 

ENTRE A CRUZ E A ESPADA - CAPÍTULO 23




CENA 01 - (CARRO DE JOYCE/INT./NOITE):

Joyce entra no carro, e segue em direção totalmente oposto. A câmera vai se aproximando pelo carro, e no reflexo do retrovisor, é visto o carro de Otávio atrás. Sem ter a minima ideia de que Otávio está seguindo, ela chega frente a entrada do motel. 

JOYCE (saindo do carro): Não via a hora de te ver de novo.

ANDRÉ (sorrindo malicioso): Mas só foi um dia. 

JOYCE: Nem me fala. 

Um beijo quente, forte é o resultado desse encontro, mas... Otávio observa tudo de longe, dentro do carro.

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CENA 02 - (MANSÃO DOS VENTURINI. SALA/INT./NOITE):

A mansão está silenciosa, apenas os ecos do vento daquela noite fria. Simone desce na companhia de Felipe. 

SIMONE: Que noite fria, Felipe. Não seria melhor a gente pegar um casaco?

FELIPE: Simone, a gente vai pra uma boate, vamo logo antes que lote. 

A porta se abre num estrondo, Otávio entra, visualmente alterado.

SIMONE: Pai? O que houve?

OTÁVIO (respirando fundo, tentando disfarçar): Nada, eu só tô um pouco estressado, vocês dois vão sair?

SIMONE: Sim, vamos sair. Tem certeza que tá tudo bem, pai?

OTÁVIO: Eu já disse que sim. Vão lá, aproveitem.

Simone e Felipe trocam olhares confusos, mas não insistem, e saem pela porta, deixando Otávio sozinho na sala.

OTÁVIO (com a respiração ofegante): Ah meu Deus, eu preciso do meu remédio.

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Algumas horas passaram. Madrugada de quinta-feira. Joyce entra na mansão escura e sobe até o quarto. Ao entrar no quarto ela é surpreendida por Otávio ascendendo as luzes. 

JOYCE: Quer me matar de susto, Otávio? Achei que você tava dormindo. 

OTÁVIO (expressão séria): Aproveitou bem a noite, amor? 

JOYCE: Ai sim, fui bom o encontro. Você não imagina como é boa essa sensação, me senti jovem novamente.

OTÁVIO: É eu bem sei, o motel é um lugar bastante jovial mesmo. 

Joyce vira o rosto pra ele na mesma hora. 

JOYCE: Do que você tá falando? 

OTÁVIO: Você sabe do que eu tô falando. você e o André.

JOYCE (se fazendo de desentendida): Meu amor, da onde você tirou isso? Quem te disse esse absurdo? 

OTÁVIO: Larga de ser sínica! Sua VAGABUNDA MENTIROSA. Meu deus, como é que eu pude ser tão idiota... Todo esse tempo você e ele. Como é que você pode fazer isso comigo? Fazer isso com a sua filha? Você é um monstro, Joyce!

JOYCE: Você tá me ofendendo, Otávio! Não é nada disso que você tá pensando! Eu posso explicar, meu amor... Só não conta nada pra Simone agora, por favor. 

OTÁVIO (segurando Joyce): Escuta aqui, sua vadiazinha mentirosa: EU VOU CONTAR TODA A VERDADE PRA SIMONE!

JOYCE: Para com isso, Otávio? Você tá nervoso, não tá passando bem. Senta aqui, esquece essa história, meu amor.

OTÁVIO (alterado): EU VI JOYCE! EU VI VOCÊ ENTRANDO NO MOTEL COM O ANDRÉ! FEITO UMA CADELA NO CIO. 

JOYCE (fingindo cinismo): Isso foi um erro, uma bobagem sua, não foi nada disso que você tá pesando, querido!

OTÁVIO (ofegante): Bobagem? Pois se prepare, que as suas próximas "bobagens" serão no meio fio da calcada, rodando a bolsinha. Pelo visto você ainda sabe fazer isso muito bem, sua vagabunda ordinária! 

* Otávio abre a porta, em direção a escada. 

A câmera foca em Joyce, que num intervalo de segundos permanece imóvel, seu olhar de ódio, ira, transborda pela tela. Logo, toma uma atitude.

JOYCE (correndo): Você não vai falar nada pra ninguém!


* Joyce empurra Otávio da escada. 


O empresário sai rolando pelas escadas, aos gritos gemidos. Pela primeira vez, lidamos com um lado de Joyce, nunca visto antes. Um instrumental tenso toca ao fundo enquanto a megera desce as escadas normalmente, observando Otávio imóvel, gemendo de dor.

JOYCE (deboche doentio): Eu te disse, meu amor. Você não deveria ter se alterado tanto, acabou caindo da escada. 

OTÁVIO (caído no chão, sem forças pra se mexer e falar): você- você- sua desgraçada.

JOYCE (falando baixo enquanto alisa o cabelo dele): Calma, meu bem. Eu sei que você tá irritado comigo, mas logo isso vai acabar. Você nunca mais vai se estressar comigo e com ninguém. 

Mas, para a surpresa de Joyce, Isabelle estava em casa e sai do quarto.

ISABELLE: Mas que gritaria é essa? O que está acontecendo aqui?

JOYCE (fingindo desespero): Isabelle, me ajuda! Ele caiu da escada! Chama uma ambulância! 

ISABELLE (assustada): Oh Meu Deus, Joyce! Como isso aconteceu!

JOYCE: Não sei! Não sei! Agora Vai logo, ele tá infartando!


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CENA 03 - (BAR./INT./NOITE):

Giovanna abatida, pede uma dose de uísque.

GIOVANNA (pedindo): Q Me dá uma dose de uísque ali, na moral.

Giovanna se senta, e toma um gole longo. André entra, ele olha ao redor até avistar ela e caminha em direção dela e puxa uma cadeira.

ANDRÉ: Situação complicada a sua, hein?

GIOVANNA: Tá fazendo o que aqui?

ANDRÉ: Eu que te pergunto. Cadê o seu namoradinho? 

GIOVANNA: Vai pro inferno, André. Me deixa em paz.

ANDRÉ (sarcástico): Calma, eu não tenho culpa se o Felipe tá te dispensando aos poucos.

GIOVANNA (amarga): Ninguém tá me dispensando.

ANDRÉ: Ah não? Me diz aí onde ele tá agora? Qual foi a última vez que o Felipe teve próximo de você como era antes. 

GIOVANNA: Não te interessa. 

ANDRÉ: Eu sabia que isso ia acontecer, eu conheço o Felipe. 

GIOVANNA: Vem cá, como é que você soube que eu tava aqui?

ANDRÉ (debochado): Oh, se eu te contasse....

GIOVANNA: Me fala logo.

ANDRÉ:: Eu acabei de sair do motel aqui perto e vi você entrando. 

GIOVANNA: Motel? Ui... Tava com quem?

ANDRÉ (direto): Joyce Venturini.

GIOVANNA:  O QUE?

ANDRÉ: Isso mesmo. Eu tô pegando a véa.

GIOVANNA: Gente, eu tô em choque. O Felipe iria gostar de saber disso.

ANDRÉ: Mas eu sei que você não vai contar isso pra ele.

GIOVANNA: Porque eu não contaria? 

ANDRÉ: Porque isso só iria ajudar ele, e você não quer isso. Você tá com ódio do Felipe, assim como eu. 

GIOVANNA: Se eu fosse você, não diria isso. 

ANDRÉ: Ah é? Então vai lá correndo pro Felipe.

Giovanna fica sem reação. 

ANDRÉ: Eu sabia. 

GIOVANNA: Você é doido pra se vingar do Felipe, né?

ANDRÉ: Claro. Eu não vou descansar enquanto não ver esse cara no fundo do poço, de onde ele veio. Que inclusive, você ajudou ele a sair desse poço. 

GIOVANNA: E você veio aqui pra me comprar? .

ANDRÉ: Não, que isso? Eu vim aqui pra fazer um trato como você. Apesar de tudo, eu não tenho raiva de você. Você é tão vítima como eu. 

GIOVANNA: Escuta aqui, eu vou te ajudar, mas só porque ele merece. 

ANDRÉ: Tenha certeza que é a melhor atitude que você pode tomar. Você sabe qual são os próximos passos do Felipe?

GIOVANNA (demorando uma margem de tempo): Ele, ele... Ele tá pretendendo assumir metade das ações da Joyce em relação ao Tower Shopping, só que pra isso ele tá planejando engana-la. 

ANDRÉ (sorriso satisfatório): Meu Deus. Mas já começamos muito bem.

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CENA 04 - (HOSPITAL/INT./NOITE):

Joyce e Isabelle estão sentadas no banco, perto da recepção. Joyce no modo de sempre, frio e sem demostrar um pingo de preocupação.

ISABELLE: Ele tava infartando. 

JOYCE: Eu sei, Isabelle.

ISABELLE: Ele descobriu, não foi? 

JOYCE: Não sei do que você está falando. 

ISABELLE: Eu ouvi os gritos, ele flagrou você com o André no motel.

JOYCE: Mas você é uma fofoqueira. Estavamos discutindo sim, mas por outro assunto. E ele não infartou por isso, ele tava muito bem. Provavelmente começou a infartar quando caiu da escada. 

ISABELLE: Ai, Joyce. Eu espero, eu realmente espero que o Otávio fique bem, pro seu próprio bem. 

O ambiente quase vazio, vem uma enfermeira em direção delas.

ISABELLE: E então, enfermeira? Como ele está. 

ENFERMEIRA: Felizmente, eu tenho boas notícias. Conseguimos reverter o quadro do Dr. Otávio.

A câmera mostra o rosto de Joyce, que naquele instante fica abatida. 

JOYCE: E ele tá podendo falar? Tá totalmente recuperado?

ENFERMEIRA: Bom, o Dr. Otávio está sem forças, muito provavelmente devido a queda junto com a parada cardíaca. Ele deve ficar sem falar, sem forças por alguns dias. Não se preocupem, ele pode voltar pra casa, ainda hoje. 

ISABELLE (aliviada): Pelo menos não aconteceu o pior. 

JOYCE (disfarçando): É... Pelo menos não aconteceu o pior. 

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ABERTURA




CENA 05 - (MANSÃO DOS VENTURINI.ENTRADA/INT./MANHÃ):

Joyce e Isabelle entram com Otávio, o conduzindo numa cadeira de rodas. Simone na sala entra em choque. 


SIMONE (assustada): Meu Deus! Pai! 

JOYCE: Calma, minha filha. Ele vai ficar bem.

SIMONE: O que aconteceu, mãe? 

JOYCE: Ele sofreu mais um infarte, e caiu da escada. Mas a médica disse que ele vai ficar nos próximos dias. 

SIMONE: Meu Deus, pai.

* Simone abraça o pai, que parece estar vegetando. Na mesma hora, Felipe e Renato aparecem, vindo do outro lado da casa.

FELIPE: Dona Joyce, esse aqui é o Renato, o mordomo que eu te falei ontem a noite- (Felipe percebe a situação de Otávio) - Mas o que houve com ele? 

JOYCE: Ah meu querido, você nem imagina, foi um horror.

ISABELLE: Eu imagino esse horror.

JOYCE: É uma situação lamentável. Mas, o importante é que está tudo bem. Mas mudando de assunto: esse aí é o tal candidato a vaga de mordomo?

FELIPE: Sim, ele mesmo. 

RENATO (beijando as mãos de Joyce): Prazer, madame.

Joyce dá um leve sorriso de lado, se surpreendendo com a atitude do rapaz.

JOYCE: Hmm. Isabelle, pede pra Zélia te ajudar a levar o Otávio até o quarto, eu agora vou preciso acertar algumas coisinhas com esse rapaz, no meu escritório. Vem comigo, meu bem. 

Como se nada tivesse acontecido, Joyce conduz o rapaz até o escritório.

ISABELLE (pra Simone) A frieza da sua mãe, me assusta vez mais. 

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Joyce e Renato entram no escritório.

JOYCE: Então, meu rapaz. O Felipe me disse que você tem ótimas recomendações. 

RENATO: Sim, senhora. Eu posso te apresentar algumas cartas de recomendação.

JOYCE: Não, não é preciso, eu não tenho interesse pra isso, até porque ninguém mais liga pra isso nos dias de hoje. Mas conta mais sobre você. 

O som do ambiente abafa aos poucos, a cena transiciona. 

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CENA 06 - (APARTAMENTO DE GIOVANNA.CORREDOR/EXT./MANHÃ):

Felipe vai até o apartamento de Giovanna, dá varias batidas na porta. 

FELIPE (batendo na porta): Giovanna! Sou eu! Atende isso. 

VIZINHO: Bom dia, a dona Giovanna saiu mais cedo, ela tava na companhia de um rapaz. 

FELIPE: Rapaz? Mas que rapaz?

VIZINHO: Sim, eu vi um dois saindo cedinho. Eu vou entrando que eu tenho algumas pra resolver. 

O homem fecha a porta. Felipe se entender nada. 

FELIPE (desconfiado): Mas o que será que essa puta tá aprontando. 

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CENA 07 - (MANSÃO DOS VENTURINI.SALA/INT/NOITE):

Noite carregada na mansão. Todos já estão dormindo, apenas Renato e Joyce estão acordados.

JOYCE: Renato!

RENATO: Pois não, madame.

JOYCE: Já pode ir dormir, eu dispenso seus serviços. 

RENATO: A senhora não quer ajuda em relação ao Dr. Otávio.

JOYCE: Não, meu bem. Eu mesmo cuido do meu marido. 

RENATO: Certamente, madame. Boa noite.

Renato obedece a ordem de Joyce. Ela sobe até o quarto, vestida com um robe escuro caminho até ele, sorrindo leve, com um tom diabólico. Ela chega pertinho de Otávio e começa a alisar novamente os cabelos dele.

JOYCE: Mas você não morre mesmo hein?

Otávio começa a ofegar. 

JOYCE (debochada): O que foi meu amor, tá infartando de novo? Você quer um remedinho? Sabe... Eu até que te daria esse remédio... Mas não vai adiantar nada. Sabe porque? Porque na verdade, isso aqui é farinha! Agora deu pra entender porque o seu coração anda tão fraco? Porque eu troquei seu remedinho por balinha!

Lágrimas descem sobre o rosto do pobre homem. 

JOYCE: Oh, meu amor. Eu sei que eu não devia ter atirado você daquela escada, mas você me desafiou, e eu a perdi a cabeça. 

Corta para 

Renato entra no quarto e se dá conta que não tem lençol pra se cobrir, e sobe até o quarto de Joyce. 


JOYCE: Eu fiz de tudo, eu te enchi de doce, troquei remédio, te joguei da escada, tudo isso pra ficar com o Andre... E mesmo assim você não morria de jeito nenhum! Mas não se preocupa não... Eu vou resolver essa situação, não deixando nada em pendência, como você sempre prezou fazer em vida. 

Joyce, pela última vez beija o rosto de Otávio. Ela pega o travesseiro lentamente e se aproxima até ele, ele tenta se mexer, mas não consegue. E assim... ela pressiona o travesseiro sobre o rosto dele.

OTÁVIO (sufocado): Mhrrr.. hrrrr

A cama range enquanto ele tenta se debater, mas Joyce tomada pela furia, pressiona o travesseiro mais ainda sobre o rosto dele.

JOYCE (sussurrando tomada pelo ódio): Mas que insistência em viver. 

Depois de muita luta, o quarto fica em silêncio absoluto. Restando apenas a respiração agitada de Joyce. A mulher olha pra Otávio, de modo satisfeito, mesclado com sua psicopatia e instinto diabólico.

CONGELAMENTO EM JOYCE.

A novela encerra seu vigésimo terceiro capitulo ao som de "Que País é Este" - (tema de abertura).

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